Quem vai ao Parque do Povo, se depara com uma infinidade de opções gastronômicas nos seus mais de 40 metros quadrados. De acarajés a sushis, de caldinhos a sanduíches, dos crepes suíços e churros gigantes aos próprios pratos típicos feitos de milho das festas juninas, tudo está à disposição dos forrozeiros, moradores e turistas, que escolhem o mês de junho, em Campina Grande, para celebrar o São João.
Assim como muitos comerciantes, que trocam seus estabelecimentos habituais durante o ano pelos 31 dias de festa, Dejair Barroso (62), ou simplesmente DJ, deixa seus negócios, em frente à praça Coronel Antônio Pessoa, por uma barraca no Quartel General do forró, e garante: não há arrependimentos. “O que eu ganho aqui no Parque do Povo consegue pagar, muitas vezes, o aluguel do ano todo. Isso não acontece apenas comigo, mas com vários barraqueiros que estão aqui para ganhar uma renda extra e ajudar nas contas no final do mês”, comentou.
O sol estava se pondo na última segunda-feira (01) da festa, quando a equipe de reportagem se encontrou com DJ em sua barraca “DJ Lanches”, nas proximidades da Pirâmide do Parque do Povo. O relógio apontava às 17h, como havia sido combinado, mas, o mais intrigante foi notar que, diferente de DJ, a maioria das barracas ainda permanecia fechadas, mesmo sendo a semana final do evento.
“Ah, faço questão de ser um dos primeiros a chegar aqui. Umas três horas da tarde já vão me ver aqui, fazendo, principalmente, os cachorros quentes para quem quer conhecer cedo o Maior São João do Mundo”, afirmou, após terminar de atender duas clientes que haviam chegado minutos antes.
Presente nas últimas 23 edições, o comerciante veio de Pernambuco há vários anos e, mesmo sendo floricultor por profissão, preferiu o ramo alimentício para melhorar de vida. “Pode pedir o que quiser com flores que eu sei fazer, mas, em Campina, vi que era melhor fazer lanches do que aquilo em que sou qualificado”, disse surpreendendo a equipe.
Todos os anos, a preparação para o São João começa cedo. Dono de um humor, segundo ele, particular, DJ comenta que emprega duas outras pessoas para ajudá-lo nos dias de festa e que, juntos, fazem cursos na área de atendimento ao público, para melhorar o serviço. “As pessoas dizem que sou grosso, mas tento melhorar, principalmente durante o evento, afinal, atendemos vários visitantes, sejam clientes fiés como os que aparecem todos os anos, sejam alguns outros que temos que engolir”, falou com sinceridade.
Para o Maior São João do Mundo, o menu se diversifica e outros lanches feitos na chapa são disponibilizados para os forrozeiros. “Temos os cachorros quentes que são o carro chefe de todos os anos e são o que atraem as pessoas pela fama positiva, mas também temos sanduíches, mistos, hambúrgueres… Toda uma variedade a partir de R$3,00”, explicou.
Questionado sobre o preço popular, DJ confidenciou que a concorrência todos os anos aumenta e ele precisa se adequar. “Por isso que mantivemos os R$5,00 do nosso cachorro quente. Minha filha, a concorrência é grande aqui!”, apontou para as diversas outras barracas ao seu redor que, naquele momento, começavam a abrir suas portas.
Mantendo uma média de 200 lanches vendidos nos dias de maior movimento, Dejair Barroso é um dos exemplos de sucesso no Maior São João do Mundo. Comerciantes que durante o ano todo se mantém à duras penas, transformam sua renda durante os 31 dias de forró e muitas dívidas acumuladas são pagas pelos rendimentos de junho.
Em uma troca justa entre serviço de qualidade e valor proporcional, tanto os barraqueiros quanto os visitantes do Quartel General do Forró ganham, mas, não apenas eles. Toda Campina é beneficiada pelos negócios feitos durante o maior espetáculo da cidade, trazendo reconhecimento internacional para a Rainha da Borborema.
Na terra apaixonada pelo forró, uma diversidade de estilos musicais e gastronômicos invade o metro quadrado mais junino da região, propiciando a todos a melhor das experiências: um São João sem fronteiras, onde tudo – ou pelo menos, quase tudo – é permitido. E que assim permaneça por muito tempo.