SÉRIE ESPECIAL | PERFIS DO SÃO JOÃO: Uma renda extra bem vinda

Campina Grande, 5 de julho de 2019  ·  Escrito por Pâmela Vital  ·  Editado por Steffanie Alencar  ·  Fotos de Anderson Luiz

Dejair Barroso, popularmente conhecido como DJ Lanches, um dos barraqueiros do Maior São João do Mundo.

Quem vai ao Parque do Povo, se depara com uma infinidade de opções gastronômicas nos seus mais de 40 metros quadrados. De acarajés a sushis, de caldinhos a sanduíches, dos crepes suíços e churros gigantes aos próprios pratos típicos feitos de milho das festas juninas, tudo está à disposição dos forrozeiros, moradores e turistas, que escolhem o mês de junho, em Campina Grande, para celebrar o São João.

Assim como muitos comerciantes, que trocam seus estabelecimentos habituais durante o ano pelos 31 dias de festa, Dejair Barroso (62), ou simplesmente DJ, deixa seus negócios, em frente à praça Coronel Antônio Pessoa, por uma barraca no Quartel General do forró, e garante: não há arrependimentos. “O que eu ganho aqui no Parque do Povo consegue pagar, muitas vezes, o aluguel do ano todo. Isso não acontece apenas comigo, mas com vários barraqueiros que estão aqui para ganhar uma renda extra e ajudar nas contas no final do mês”, comentou.

A barraca do DJ Lanches pode ser encontrada entre a Pirâmide e a Rua Sebastião Donato no Parque do Povo.

O sol estava se pondo na última segunda-feira (01) da festa, quando a equipe de reportagem se encontrou com DJ em sua barraca “DJ Lanches”, nas proximidades da Pirâmide do Parque do Povo. O relógio apontava às 17h, como havia sido combinado, mas, o mais intrigante foi notar que, diferente de DJ, a maioria das barracas ainda permanecia fechadas, mesmo sendo a semana final do evento.

“Ah, faço questão de ser um dos primeiros a chegar aqui. Umas três horas da tarde já vão me ver aqui, fazendo, principalmente, os cachorros quentes para quem quer conhecer cedo o Maior São João do Mundo”, afirmou, após terminar de atender  duas clientes que haviam chegado minutos antes.

Presente nas últimas 23 edições, o comerciante veio de Pernambuco há vários anos e, mesmo sendo floricultor por profissão, preferiu o ramo alimentício para melhorar de vida. “Pode pedir o que quiser com flores que eu sei fazer, mas, em Campina, vi que era melhor fazer lanches do que aquilo em que sou qualificado”, disse surpreendendo a equipe.

Todos os anos, a preparação para o São João começa cedo. Dono de um humor, segundo ele, particular, DJ comenta que emprega duas outras pessoas para ajudá-lo nos dias de festa e que, juntos, fazem cursos na área de atendimento ao público, para melhorar o serviço. “As pessoas dizem que sou grosso, mas tento melhorar, principalmente durante o evento, afinal, atendemos vários visitantes, sejam clientes fiés como os  que aparecem todos os anos, sejam alguns outros que temos que engolir”, falou com sinceridade.

Para o Maior São João do Mundo, o menu se diversifica e outros lanches feitos na chapa são disponibilizados para os forrozeiros. “Temos os cachorros quentes que são o carro chefe de todos os anos e são o que atraem as pessoas pela fama positiva, mas também temos sanduíches, mistos, hambúrgueres… Toda uma variedade a partir de R$3,00”, explicou.

Questionado sobre o preço popular, DJ confidenciou que a concorrência todos os anos aumenta e ele precisa se adequar. “Por isso que mantivemos os R$5,00 do nosso cachorro quente. Minha filha, a concorrência é grande aqui!”, apontou para as diversas outras barracas ao seu redor que, naquele momento, começavam a abrir suas portas.

Um a média de 200 cachorros quentes, carro chefe da barraca, são feitos em dias de grande movimento.

Mantendo uma média de 200 lanches vendidos nos dias de maior movimento, Dejair Barroso é um dos exemplos de sucesso no Maior São João do Mundo. Comerciantes que durante o ano todo se mantém à duras penas, transformam sua renda durante os 31 dias de forró e muitas dívidas acumuladas são pagas pelos rendimentos de junho.

Em uma troca justa entre serviço de qualidade e valor proporcional, tanto os barraqueiros quanto os visitantes do Quartel General do Forró ganham, mas, não apenas eles. Toda Campina é beneficiada pelos negócios feitos durante o maior espetáculo da cidade, trazendo reconhecimento internacional para a Rainha da Borborema.

Na terra apaixonada pelo forró, uma diversidade de estilos musicais e gastronômicos invade o metro quadrado mais junino da região, propiciando a todos a melhor das experiências: um São João sem fronteiras, onde tudo – ou pelo menos, quase tudo – é permitido. E que assim permaneça por muito tempo.

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