Repórter e fotógrafo: Matheus Farias
‘’No meu Cariri
Pode se ver de perto
Quanta boniteza
Pois a natureza
É um paraíso aberto’’
A Caatinga, tão bem cantada na voz da cantora Marinês, na música “No meu Cariri”, é um dos seis biomas do Brasil e o único genuinamente brasileiro. Rico em fauna e flora e adaptável ao clima semiárido, o bioma está presente em boa parte da Região Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Esse ecossistema vem sofrendo com o desmatamento, como aponta o levantamento mais recente do MapBiomas, ONG que se dedica à preservação do meio ambiente. De acordo com o estudo, houve um aumento de mais de 70% na destruição da Caatinga entre 2020 e 2021. O Dia Nacional da Caatinga comemorado no dia 28 de abril foi instituído em 2003 a partir de um decreto federal e busca firmar a importância de se preservar esse ecossistema. Foi com esse objetivo que a Creche Vovó Clotilde, localizada no Bairro Três Irmãs, em Campina Grande, promoveu ontem (28/04), o evento: “Minha Identidade Nordestina’’.
Segundo a organizadora do evento, Cecinha Bandeira, a ação vem sendo planejada desde o ano passado: “Começamos a pensar nessa ação desde o ano passado a partir do projeto Palmas, Palmas, Conto e Encantos da Caatinga, que fizemos em 2022. Ao conhecermos o livro Chapeuzinho de Chita levamos a proposta em reunião e todos abraçaram a ideia.’’
Cecinha comentou ainda que o projeto abrangeu todas as áreas pedagógicas da instituição: “trabalhamos musicalização, danças, desenho e pintura. As crianças estavam sempre no cantinho da Caatinga. Achavam bonito e diferente.” Esse cantinho ao qual Cecinha se refere é um espaço que tem casa de taipa e plantas típicas da Caatinga como xique-xique, coroa de frade e cactos. Levar as crianças para esse espaço é muito importante como afirma a professora Fabiana Costa: “É essencial que a criança conheça esse rico ambiente e Nós planejamos isso com muito carinho e fizemos atividades diferenciadas como xilogravura e pinturas em 3D para chegarmos hoje na culminância desse projeto”.
A diretora da Creche, Josefa Farias, afirmou que o desafio foi trazer a importância da preservação da Caatinga em uma linguagem acessível para as crianças: “Nas reuniões pedagógicas tivemos várias ideias muito boas e hoje vemos, inclusive, as crianças do berçário reconhecendo as plantas da Caatinga’’.
Durante o evento, as crianças fizeram diversas apresentações baseadas no livro “Chapeuzinho de Chita”, da escritora de Cabaceiras, Juliana Soares. Ela não pôde estar presente na Creche, mas mandou um vídeo comentando sobre a alegria de ser homenageada na instituição escolar: “Ter meu trabalho divulgado nas creches e escolas é muito bom. Parabéns pela iniciativa.’’
Além das apresentações, a equipe da Creche distribuiu vários alimentos típicos da nossa região como Tapioca, rapadura e comidas pouco conhecidas, mas que tem como ingrediente principal a flora da Caatinga como Picadinho de Palma e Doce de Mandacaru. Uma das mães presentes, Dejaine Silva, disse o que achou da culinária oferecida na ação: “Nunca tinha comido palma e hoje comi palma com carne moída e ficou muito bom. Agradeço a todas as professoras que tem muito amor para com nossos pequenos. Vocês mostraram para eles muitos temas interessantes e de uma maneira divertida.’’ Todos na creche concordaram que , parafraseando Marinês, o nosso viver é certo e feliz na Caatinga.
