Repórter: Isabella Silva
Fotógrafa: Marília Duarte
Editor: Fernando Firmino
Na noite desta quinta-feira, 18/05, ocorreu mais uma apresentação do evento Zabumba Lá, no Teatro Municipal Severino Cabral, que abriu também a programação da 18ª edição do Seminário Folkcomunicação da UEPB, homenageando o patrimônio musical da família Calixto. O tributo foi direcionado para o Clã Calixto, em memória de Zé e Bastinho Calixto, representados pelos familiares João e Luizinho Calixto que agitaram a plateia durante todo o programa.
A cerimônia teve a participação da quadrilha Expressão Junina e o grupo de cultura popular Ariús, que foram responsáveis pela abertura do evento com exibição de danças tradicionais e figurinos regionais, os quais fazem parte da história cultural de Campina Grande. A abertura também foi realizada com a participação de grandes nomes radiofônicos da Rainha da Borborema que já foram locutores de palco do Maior São João do Mundo, as vozes marcantes de Abílio José e Evilásio Junqueira, que promoveram uma volta ao tempo para o público com frases como:
“Grande festa nordestina, forró a cada segundo, nós fazemos em Campina, O Maior São João Do Mundo!”
O evento prosseguiu dando início a história de vida da família Calixto, sua paixão e legado com o fole de oito baixos. O grupo de quatro sanfoneiros despertam em Biliu de Campina um entusiasmo enaltecedor do trabalho familiar “o Clã Calixto arrebenta a boca do balão”, comenta o cantor. As homenagens direcionadas à memória de Zé e Bastinho Calixto foram realizadas de forma audiovisual com cortes de entrevistas feitas com familiares que, em meio a expansão de gêneros musicais, afirmam que irão sustentar o uso raiz do fole de oito baixos.
Já os irmãos, João e Luizinho Calixto, tiveram suas venerações tanto de forma presencial, com presença de familiares, como também vídeos de colegas sanfoneiros: Beto Hortis, Nonato Lima e Mestre Gennaro. João, que levou a plateia às palmas durante o solo de fole, foi aos prantos ao relembrar a vida de seus irmãos falecidos e receber o carinho do público: “Estou emocionado no dia de hoje”, exprssa o artista.
A apresentação seguiu, e com ela novas histórias foram sendo relatadas. Luizinho Calixto, o homem que recebeu uma sanfona do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, começou a cantar e seguir o pai com cerca de 10 anos de idade e tinha sua mãe como maior incentivadora. O sanfoneiro recebia diversos incentivos de grandes nomes da música nordestina, como Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. Sua importância e relevância estão em níveis internacionais, como relata o pró-reitor de Cultura da UEPB, Cristóvão de Andrade: “O Luizinho situou a UEPB no mundo, com seu curso e método próprio de oito baixos”, cursos os quais trouxeram na noite de quinta-feira, 18, os alunos Cícero José e Bruno Calixto, que encaminharam o encerramento do grande evento cultural.
Ainda durante os festejos, estiveram presentes artistas regionais que também continuam contribuindo para uma valorização regional, nomes como Kaká do Forró, Rangel Junior e Roninho do Acordeon fizeram companhia aos irmãos Calixto. Já o artista Biliu de Campina não pôde estar presente por motivos de saúde, porém houve a presença da família do cantor.
Os homenageados do evento afirmaram que nunca sentiram nada igual, comparado ao Zabumba Lá: “Já fui homenageado na Europa, na África, mas na minha cidade, no estado em que fui gerado, não existe nada igual a essa emoção”. Ainda assim, quando questionados sobre o que esperar do São João de Campina Grande em 2023, relatam seus debates: “Gostaria que o São João de Campina ainda tivesse guardado para mostrar suas tradições”, comenta Luizinho.
A importância e grandiosidade do Clã Calixto também pode ser notada por meio da repercussão do trabalho, como a vinda da equipe da Rede Globo, formada pela repórter Beatriz Castro, para gravação de uma reportagem especial da Rede Globo, em que há o debate da queda livre pela procura e compra da sanfona de oito baixos no país. A jornalista opina sobre a valorização de artistas como João e Luizinho, como também sobre o instrumento que é o fole de oito baixos: “Estamos buscando as raízes do forró, e tudo começa pela sanfona de oito baixos. O reconhecimento ainda é muito pequeno para a importância que tem esses artistas e essa sanfona”.
O tributo a uma das maiores referências em musicalidade regional e patrimônio musical, o Clã Calixto , encerrou-se ao som da canção ‘Olha pro Céu”, do Luiz Gonzaga, na voz e sanfona de Luizinho.
A programação do Zabumba Lá continua nas duas próximas quintas. Dia 25 de maio, irá prestigiar e homenagear o cantor Amazan, que também estará acompanhado de Tom Oliveira, Fabiano Guimarães, Josélio Camelo e Os Três do Nordeste. Além da presença do grupo Tropeiros da Borborema e a Quadrilha Escorrega Mas Não Cai. Já no último dia do evento, 31 de maio, a grande homenageada será a rainha Elba Ramalho, que terá sua história narrada nessa noite. Nomes como Heloísa Olinto, Anna Barros, Jainne Lima, Edra Véras e Augusto Arruda, e a quadrilha Mistura Gostosa se farão presentes na festividade. O Repórter Junino estará presente cobrindo a cultura popular em suas plataformas digitais.