O cangaço não morreu: artistas relembram cultura nordestina no Parque do Povo

Campina Grande, 8 de junho de 2023

Caracterizados como “Lampião” intérpretes se apresentam com muita alegria e criatividade n’o Maior São João do Mundo

Repórter: Raquel Nuto

Fotografia: João Cardoso e Raquel Nuto

Editora: Lara Melo

“Lampião da Paraíba” marcando presença no Parque do Povo. Foto: João Cardoso

O cangaço foi um movimento social que ocorreu entre meados do século XIX e XX, onde homens armados transitavam em bandos pelo Nordeste brasileiro, dominando a região e cometendo diversos crimes. Para estudiosos, o movimento surgiu devido aos diversos problemas que o sertanejo enfrentava na época, como  seca,  desigualdade,  a concentração de poder nas mãos da oligarquia.

Em meio a vários bandos do cangaço, o líder de um deles se destacou, Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como “Lampião”. Essa figura emblemática é considerada, por alguns, como bandido e por outros, herói. Independente das opiniões opostas, Lampião se tornou símbolo da cultura nordestina e sua história é relembrada até hoje por diversos aspectos. 

Andando pelo Parque do Povo, local onde é realizada a principal festa do São João de Campina Grande, é possível encontrar diversos artistas que homenageiam a cultura. Na edição de 40 anos do Maior São João do Mundo, algumas figuras que remetem ao cangaceiro e seu bando têm se destacado na multidão. 

Na arena cidade, um homem com uma espingarda e vestes de cangaceiro, chama a atenção dos visitantes. Francisco de Assis Farias, é natural de Campina Grande e desde 2012 se caracteriza dessa maneira. A prática começou com uma brincadeira em uma quadrilha e virou trabalho. Inicialmente, utilizava roupas alugadas, mas com o tamanho sucesso, optou por criar o próprio figurino. 

O “Lampião da Paraíba”, como é conhecido, continuou com o personagem ao longo dos anos, mesmo após o fim da apresentação na quadrilha, pois acredita que Lampião foi um símbolo de bravura para o Nordeste. Além disso, o seu trabalho proporciona incentivo à cultura nordestina, entre outros fatores: “Gosto de brincar, de fazer amizade e de dançar forró. Meu trabalho me proporciona isso!”

Ele ainda relatou que pretende trabalhar todos os dias de festa do São João de Campina Grande: “Se Deus quiser irei! Quero estar com saúde, para trabalhar dia e noite, pois faço programação também em Galante e em diversos restaurantes por aí”. 

Ainda na parte de baixo do PP, Carlos Eduardo, conhecido como “Edu boneco” dança e dá rodopios ao meio de duas bonecas que o mesmo comanda com o corpo. 

Há 8 anos surgiu o primeiro boneco, criação dele com a ajuda da esposa. Posteriormente, foi aumentando a produção com muita criatividade. As bonecas são feitas com fibra, alumínio, couro e outros materiais. 

Edu Boneco e suas companheiras bonecas no Parque do Povo. Foto: Raquel Nuto

Natural do Rio Grande do Norte, o artista que foi morador de rua por 15 anos, hoje viaja por todo o Brasil com sua arte, passando por eventos, praias, praças, semáforos e até programas em emissoras de TV, como SBT e Band. Para Edu, a cultura nordestina é diferenciada e por mais que sejam brinquedos sem vida, levam alegria: “São bonecos que não tem vida, mas trazem vida para as pessoas. Nossa cultura tem uma força muito grande, temos o carisma, onde o nordestino chega arranca sorrisos das pessoas” – destacou.

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