Projeto realizado em Escolas Públicas busca incentivar, através da música, a valorização das raízes nordestinas para os jovens.
Repórter: Joana Elen
Fotografia: Joana Elen
Editor: Fernando Firmino
Forró e tradição, esses são alguns dos termos utilizados para classificar a época mais movimentada do Nordeste, em especial o município de Campina Grande, na Paraíba, palco do Maior São João do Mundo. Durante todo o mês de junho, a Rainha da Borborema recebe uma variedade de atrações no Parque do Povo, atraindo uma multidão de turistas e movimentando a economia da cidade.
A festa, que, em suas origens era caracterizada apenas pelo forró tradicional – aquele que comumente chamamos de pé de serra, agora divide espaço com uma diversidade de gêneros musicais. Essa expansão era inevitável, afinal, o evento cresce e atrai cada vez mais espectadores com o passar dos anos. Uma questão que surgiu foi como o São João, inicialmente caracterizado por ritmos populares como o forró, proveniente de instrumentos de corda, do fole e da percussão, ampliou seu alcance para incluir movimentos musicais contemporâneos como o sertanejo universitário e o trap.
Motivada a responder essa questão, a professora, cantora e ativista cultural, Sheila Borges, do município de Fagundes, na Paraíba, desenvolveu o projeto “Forró na Escola”, voltado em levar artistas locais para o ambiente escolar, apresentando o forró tradicional para os estudantes. Sheila, que também é coordenadora da Quadrilha Junina da Cidade de Fagundes desde 2018, conta que sentiu a necessidade de promover esse movimento nas escolas após o registro do forró como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2021. Com o projeto aprovado através da Lei Paulo Gustavo (LPG), promulgada em 2022, a professora viu a oportunidade de tirar sua ideia do papel.
O maior propósito de Sheila é resgatar o senso de pertencimento dos jovens através da música. “O forró autêntico mostra as nossas vivências enquanto nordestinos, como cidadãos de uma região rica em culturas, infelizmente pouco explorada pela mídia e pouco difundida, principalmente pelos jovens que não reconhecem como sendo seu, a sua cultura”, destaca.
Por isso, o projeto acontece em torno da apresentação de artistas locais dentro do ambiente escolar. Professores e alunos se preparam com uma dinâmica, a fim de entender a integração entre diferentes expressões musicais, o lirismo e a dança, referentes à musicalidade nordestina. No último dia 24, a Escola Monsenhor Sales, do distrito de Galante, foi a primeira a receber o projeto e homenageou o cantor e compositor Accioly Neto, autor de músicas como Espumas ao Vento e Lembranças de um Beijo.
O diretor do Colégio, Walber Bruno, conta que houve reação positiva dos estudantes frente a essa iniciativa: “Para a nossa surpresa, eles aderiram bem. Quando o projeto foi apresentado, imediatamente levamos para a sala de aula. Os alunos ficaram surpresos com a descoberta de talentos e algumas músicas que pensavam que era de algum artista e eram de outros. Eles ficaram curiosos, e os professores souberam trabalhar isso em sala, todo mundo fez sua parte”, finaliza.
O Forró na Escola é uma iniciativa que pretende, além de fomentar a valorização do cenário musical local, dando visibilidade e apoio aos artistas da região, se relacionar com outros aspectos da educação formal, como cidadania, inclusão e desenvolvimento pessoal dos alunos, através do resgate do forró enquanto gênero musical. O projeto também passará pelos municípios de Fagundes e Queimadas, nos dias 10 e 15 de maio, respectivamente.