Palhoças do Parque do Povo: O epicentro do forró pé de serra

Campina Grande, 31 de maio de 2024

Reportagem: Diney de Melo

Fotografia: Léia Ventura e Amanda Suêlha

Edição: Nathália Aguiar


O triângulo é um dos principais instrumentos do forró pé de serra. Foto: Léia Ventura/Repórter Junino

Nem só de palco principal vive o São João de Campina. O Parque do Povo tem muitos palcos e muitos ritmos. Em meio às grandes atrações e shows, o forró pé de serra se destaca nas palhoças de Seu Vavá, Zé Bezerra e Zé Lagoa, mantendo viva a tradição e autenticidade desse estilo musical.

Caracterizado pelo famoso trio de instrumentos: sanfona, triângulo e zabumba, as músicas do forró pé de serra são marcadas por letras que retratam a vida cotidiana, amores e desafios da região do sertão nordestino. Este estilo ganhou popularidade com artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Santanna, o cantador.

O termo “pé de serra” faz referência à zona rural e às raízes do estilo, que se originou nas áreas montanhosas do sertão. Luiz Gonzaga foi um dos maiores responsáveis por levar o ritmo aos grandes centros urbanos e as demais regiões do Brasil. Sua música celebrava a cultura nordestina, contando histórias do sertão, do vaqueiro e do cotidiano das pessoas simples. Além de Gonzaga, outros artistas importantes como Jackson do Pandeiro e Marinês, também ajudaram a popularizar o gênero.


O forró pé de serra une corações e fortalece laços durante as festividades juninas nas palhoças. Foto: Léia Ventura/Repórter Junino

Ao longo do tempo, o forró pé de serra firmou-se como uma expressão cultural robusta e variada, tornando-se um dos ícones da identidade nordestina, das festividades juninas e nos repertórios das apresentações dos Trios de Forró nas palhoças do Parque do Povo.

As palhoças de Seu Vavá, Zé Bezerra e Zé Lagoa se tornam o coração do pé de serra. Decoradas com bandeirolas coloridas e próximas de barracas de comidas típicas, remetendo às antigas quermesses, as palhoças têm a missão de manter a tradição do ‘arrasta pé’ viva, oferecendo um ambiente acolhedor onde turistas e campinenses podem dançar e se divertir ao som autêntico do forró, que começa no início da noite e se estende até a madrugada.


O ritmo do forró pé de serra ganha vida neste trio que embala a festa na palhoça. Foto: Amanda Suêlha/Repórter Junino

Além da responsabilidade de manter a tradição viva, esses locais são, também, ponto de encontro para os amantes do forró pé de serra e para os casais apaixonados, como Mateus e Márcia: “Com certeza é o melhor ritmo, porque nos deixa juntinhos, coladinhos. É romântico!”, afirmam. O casal Paulo e Carol confirmam que o forró pé de serra é o melhor ritmo do São João, pela tradição e memória: “ Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro representam nesse estilo musical a cultura e identidade de todo o povo nordestino. Com certeza é o melhor ritmo para se dançar”.


O romance floresce ao som do forró pé de serra, enquanto casais dançam coladinhos nas palhoças do Parque do Povo. Foto: Léia Ventura/Repórter Junino

Samy e Emanuela, mais um casal que encontramos nas palhoças do Parque do Povo, concordam que o pé de serra é o melhor ritmo do São João porque “faz dançar coladinho, arrastando o pé, no ritmo que alegra a nossa cultura”. Portanto, a dança de pares, com passos próximos e sincronizados, cria um ambiente propício para o romance, fortalecendo os laços entre os casais que se deixam levar pela música.

As palhoças são mais do que uma atração cultural; são uma celebração da tradição nordestina e do romance. Durante o São João, esses espaços se tornam um refúgio para aqueles que buscam a autenticidade e a alegria do forró pé de serra, mantendo viva uma das mais importantes manifestações culturais do Brasil.

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