O Parque do Povo recebeu, no último dia 22, o multiartista pernambucano. O Maior São João do Mundo ficou pequeno para tantos fãs que fizeram um verdadeiro coral ao som de grandes sucessos como, “Tropicana” e “Flor De Tangerina”.
Repórter: Samya Amado
Fotógrafa: Gabryele Martins
Editora: Gabryele Martins
Pessoas de diversos lugares marcaram presença no espetáculo musical que celebra as raízes multicoloridas do povo nordestino, como foi o caso da turista maranhense Marta Silva (56): “Eu sou de São Luís do Maranhão e esse é o segundo ano que eu venho para Campina Grande só para assistir ao show de Alceu Valença.”, comentou.
O campinense Yago Costa (30), conta como foi a sua primeira vez vendo Alceu no palco: “Sempre fui fã das músicas dele, mas nunca tinha ido em um show. Em 2019, quando o palco era na parte de cima, eu fui pro show dele e foi sensacional. Eu nunca tinha visto uma animação tão grande, uma energia […]. As músicas são boas e a energia do Parque do Povo fica outra quando Alceu tá no palco. É por isso que nunca mais eu vou perder sequer um show dele.”, disse animado.
Altaline de Oliveira (24), que é de Santa Cruz do Capibaribe – PE, não ficou de fora dessa noite memorável: “Como pernambucana, pra mim é muito bom ver ele nos palcos, independente do lugar, porque sempre me leva de volta ao meu estado e isso pra mim é sempre motivo de muita alegria.”, comentou.
Ela pontuou ainda, sobre a importância da obra de Alceu Valença na construção cultural do nosso país: “Eu gosto muito dele porque ele representa a Cultura Pernambucana e ele é um artista de uma geração muito importante para a música brasileira, junto com ‘O Grande Encontro’, o Zé Ramalho, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Ele tem uma forma de cantar, de fazer música, muito única e por isso ele é tão importante pra a gente, não só pro Nordeste, mas como pro Brasil inteiro e também pra música mundial.”, finalizou.
O artista contou sobre a diferença entre os estilos que canta: “São duas coisas totalmente diferentes: o frevo, ele é litorâneo, ele tem metais e tem síncopes na música. O forró já é outra coisa. Quando é no carnaval, eu canto carnaval; quando é São João, eu canto São João. No meio do ano eu canto outras coisas. Isso aqui eu mostro a diversidade da nossa Cultura.”, disse ele. Alceu também falou do apoio que recebeu de Gonzaga: “Eu faço a minha música [e ela] tem relação com a tradição, apesar de eu ter remodelado ela, porque eu modernizo a música de São João: os arranjos, os timbres são diferentes, mas eu tenho o aval de Gonzaga, que falou que a banda que toca comigo é uma banda de pife elétrica.”, pontuou.
CORAÇÃO SÃO JOÃO
Antes de ser cidadão do mundo, Alceu é cidadão de São Bento do Una, Pernambuco. Lugar onde o sertão profundo trouxe a base para a sua arte, com o canto dos violeiros, aboios, xote, coco, xaxado e baião.
São mais de cinquenta anos de produção artística, que atravessa gerações e une o seu público com a harmonia de um maestro regendo uma grande orquestra. Alceu não é apenas cantor, poeta, ator, advogado ou cineasta, mas tem tantas facetas artísticas que não caberiam em uma só definição.
O nordestino já nasce com o São João correndo nas veias. A celebração toma conta das cidades, ruas e casas. É tempo de reunir amigos, familiares, sentir o calor da fogueira aquecer os corações e o cheiro do milho invadir todos os lugares. “Representa uma festa maravilhosa e representa muita saudade que eu tenho das quadrilhas de São Bento, que eu via o pessoal dançando quadrilha. Representa também, o que é uma coisa ímpar dentro do mundo.”, comentou o artista.
Aqui a ‘Festa Junina’ é São João; ‘Canjica’ é Munguzá e ‘Curau’ é Canjica. O Nordeste se une, uníssono, em uma grande celebração de Cultura Popular e torce para que a chama da Tradição nunca se apague. O São João nordestino ultrapassa o sentido de festa e é própria a História do seu povo sendo contada e escrita de geração em geração. Viva o São João!