Repórter e fotógrafa: Clara Santos
Editora: Sara Kely
Produção: Luiza Dotta
Especial: UFCG-UEPB
As festividades juninas realizadas em todo o Nordeste têm como padroeiros os Santo Antônio, São João e São Pedro. É em torno desses ícones da Igreja Católica que a maior festa religiosa e profana da região é realizada, chamando a atenção para a riqueza da cultura popular nordestina e suas várias facetas. Uma delas e que pouco é comentada diz respeito ao trabalho artístico desenvolvido pelos denominados santeiros.
É o nome dado aos homens e mulheres mestres na arte de esculpir as imagens de santos. Uma tradição passada de geração para geração e que continua a ser um símbolo da identidade cultural da região. As esculturas não são apenas representações religiosas, mas também expressões artísticas que refletem a devoção, a habilidade e a criatividade dos artesãos.
Para entender melhor o impacto dessa arte na vida dos artistas e na comunidade, conversamos com três santeiros que compartilham suas histórias, técnicas e inspirações. Através de suas narrativas, podemos apreciar não apenas a habilidade envolvida na criação das esculturas, mas também o profundo significado cultural e espiritual que essa prática carrega.
Igor da Silva iniciou sua jornada na arte dos santeiros aos 11 anos, inspirado e ensinado por seu pai. “O trabalho de esculpir é importante não só artisticamente, trazendo decoração para as casas, mas também para a fé. O público religioso busca nossas imagens para adorar”. Sua inspiração vem da devoção que o cerca e que ele alimenta de modo especial por uma das figuras sagradas. “Gosto de esculpir Santa Terezinha pelos detalhes. Ela carrega um ramo de rosas e uma cruz, é uma santa bem trabalhada”, declarou o artesão.
Outra pessoa dedicada à arte dos santeiros é Nené Cavalcanti. Ela diz que também começou a esculpir na infância, e que se inspira ao estar bem consigo mesma e no fluxo natural do processo criativo: “Eu começo a fazer uma imagem e, se não está como quero, vou ajustando até que tudo se harmonize. Incorporo o trabalho, esquecendo até do dia a dia”, diz Nené. Além disso, dedica parte de seu tempo a ensinar a arte para crianças e adultos, passando adiante sua expertise em oficinas e aulas.
Já o santeiro Chico Diniz começou criando brinquedos. Para ele, o artesanato é uma tradição familiar que remonta aos seus bisavôs: “Minha avó trouxe essa tradição para a região e, mesmo doente, ela continuou a produzir com ajuda de ferramentas doadas”, relembra.
A arte dos santeiros é um tesouro inestimável, uma expressão autêntica da fé e da cultura que merece ser preservada e valorizada. Afinal de contas, os santeiros não são apenas criadores de arte; são guardiões de uma herança cultural que enriquece a alma da região e de todos que têm o privilégio de conhecer suas obras.