O protagonismo dos profissionais durante os 33 dias d´O Maior São João do Mundo

Campina Grande, 30 de junho de 2024

Repórter: Victoria Freitas
Fotografia: Karla Nóbrega/ Adrian Miguel
Produção e edição: Carol Bezerra
Especial: UFCG-UEPB


Socorrista sempre de prontidão. foto: Adrian Miguel

A festa é reconhecida nacionalmente como uma das maiores manifestações populares e culturais do Brasil, O Maior São João do Mundo, a cada ano se consagra no calendário de eventos do país. O sucesso advém do trabalho que é realizado por uma grande diversidade de profissionais que são responsáveis pelos mais diversos detalhes da festa. São dezenas de profissionais que cuidam da segurança, saúde, limpeza, gastronomia e produção, e se tornam co-responsáveis pelo sucesso da grande festa junina.

A segurança é um dos principais serviços de garantia para que a festa transcorra dentro da normalidade e os cuidados, que incluem vários outros profissionais que atuam na grande área do Parque do Povo e, de forma especial, os barraqueiros. “Em relação a cada vendedor, cada pessoa que trabalha passa por uma instrução de nivelamento em relação à combate a incêndio. Por exemplo, inclui o uso de extintores, o básico, mas saber que não se usa um extintor de água em uma fiação elétrica, que tem um extintor de pó, que já usa para tal tipo de situação”, comenta Rodolfo Rodrigues, sargento bombeiro do 2º Batalhão de Bombeiro Militar de Campina Grande.

Preparação é a palavra-chave nos bastidores dessa grande festa. Para que os forrozeiros possam calçar suas botas e dançar um bom pé de serra ou apreciar outros gêneros musicais, muito trabalho é realizado previamente, incluindo o trabalho essencial dos profissionais de saúde. Alison Balbino, condutor socorrista e técnico de enfermagem da ambulância do Programa Saúde de Verdade, lançado pela prefeitura de Campina Grande, destaca: “A gente se prepara diariamente. Como a equipe é quase toda do SAMU, diariamente a gente convive com isso e temos treinamento para conviver com o público do Parque do Povo, d’O Maior São João do Mundo.”


Os ambulantes no Parque do Povo. Foto: Anthony

Os vendedores ambulantes

Além dos responsáveis por todo o trabalho de segurança, outro profissional sempre presente e que abrilhanta a festa são os vendedores ambulantes, figura presente desde o início da celebração junina, no Parque do Povo, há 41 anos. Espalhados pela imensa área do local mais visitado do grandioso evento, os pequenos comerciantes apresentam uma grande variedade de produtos que são vendidos diariamente aos forrozeiros que frequentam o QG do forró. Seja como fonte de renda extra, seja a principal fonte de sustento, a atividade movimenta um significativo fluxo econômico que ajuda as pessoas de baixa renda cadastradas que trabalharam durante os 33 dias no evento.

Sempre bem humorados e dispostos, os vendedores ambulantes fazem parte do cenário tradicional da festa que, para eles, representa um momento muito importante e aguardado o ano inteiro. Muitos trabalham durante o dia em outra função e à noite estão no Parque do Povo para faturar uma renda extra importante para a concretização de uma meta ou mesmo sonho.

Francinaldo de Andrade é um exemplo dessa realidade. Durante o dia, ele é pedreiro com carteira assinada, mas à noite vende brinquedos no Parque do Povo. “É uma renda extra. É algo que quando eu termino, compro uma geladeira, eu compro uma motinha. Cada ano eu vou evoluindo mais”, revelou Francinaldo, que também aproveita outras festas e eventos em cidades vizinhas para garantir um dinheiro a mais.

José Mizael também tem seu trabalho fixo durante o dia, e a noite vende balas e doces na festa. Está há 10 anos nessa jornada. Segundo ele, as vendas estão tão boas que nem precisa circular pela festa, ele permanece perto de único local, no caso, a pirâmide. Com um largo sorriso no rosto, satisfeito com as boas vendas, o vendedor declarou que “esse mês eu nem saí daqui. Aqui tá dando certo demais!”.

Para outros, o comércio ambulante representa a única fonte de renda. É o caso de Vladimir Silva, que vende copos para a organização d’O Maior São João do Mundo há mais de 30 anos. Durante os 33 dias de festa, ele trabalha como ambulante de copos e, quando o São João termina, continua vendendo por conta própria. Nas festas das cidades vizinhas, ele oferece copos com estampas de cantores. Como vendedor autônomo, essa é sua única renda. 

Tião da Castanha, de 77 anos, vendedor há 60 anos, circula pela festa com seu baldinho de castanhas. Embora seja aposentado, ele vê a venda ambulante como uma renda extra e prefere realizar essa atividade a ficar em casa. “Pra não tá em casa, entrava, então eu ando”, comenta o aposentado já bastante conhecido por muitos frequentadores da festa.

Seguindo o exemplo de Tião, Luan começou cedo. Com apenas 15 anos, ele ajuda sua mãe e seu padrasto na venda de chapéus no Parque do Povo. A família tem outro empreendimento para complementar a renda, vendendo redes, mas os chapéus são vendidos exclusivamente durante os 33 dias do São João de Campina.

Como se pode perceber, para muito além de pura diversão e tradição, O Maior São João do Mundo representa uma valiosa fonte de renda para muitos trabalhadores que aguardam o ano inteiro por esse período do ano. Uma festa cujo cada detalhe, envolve uma diversidade de profissionais engajados e fundamentais para abrilhantar ainda mais a maior festa junina do mundo.

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