Evento reuniu dez trios de forró finalistas e premiou os cinco melhores grupos com incentivo financeiro e reconhecimento cultural; final consagrou o Trio Baraúna como campeão


Repórter: Diney de Melo
Fotógrafa: Marcele Saraiva
Editor: Fernando Firmino
A cidade de Queimadas, no agreste paraibano, viveu um sábado de celebração à tradição, à música e à cultura popular nordestina com a grande final do 3º Festival de Trios de Forró, realizada neste dia 24 de maio, pela prefeitura municipal de Queimadas, através da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude. O evento faz parte da programação oficial do São João Aceso e reuniu os dez trios finalistas que subiram ao palco instalado na Praça de Alimentação do novo Mercado Público para disputar o título de campeão. Após uma disputa acirrada e o julgamento dos jurados, o Trio Baraúna, da cidade de João Pessoa, foi o grande vencedor da noite.
Coordenado pelo músico e sanfoneiro Edgley Miguel, o festival teve início no começo do mês com mais de 40 trios inscritos e passou por duas etapas eliminatórias até chegar à seleção dos dez finalistas. Para Edgley, o evento é mais do que um concurso: é uma afirmação cultural: “O forró é cultura, é educação. É esse o legado que Queimadas deixa para a população, que hoje pode bater no peito e dizer: ‘Nós temos o maior festival de trios de forró do Nordeste’. E no próximo ano, as inscrições estarão abertas para trios de todo o Brasil”, afirmou.

Entre os finalistas estava o Trio de Geovane do Acordeon, representante da cidade-sede Queimadas. Esta foi a segunda participação consecutiva do grupo no festival, que mesmo não sendo os campeões da edição declararam a importância de participar do evento: “É uma alegria enorme representar nossa cidade num evento tão grandioso. A gente começou em 2019, entre amigos, com influência da família e muita paixão pelo forró. Desde então, temos batalhado juntos, e hoje, mais uma vez, mostramos o nosso trabalho com alegria e responsabilidade. Só temos a agradecer por essa oportunidade”, declarou Geovane Lima, líder do trio. Apesar do nervosismo antes da apresentação, o grupo se mostrou confiante e entusiasmado: “O mais importante é levar alegria ao povo. A gente ama o que faz e encara o palco com seriedade, mas também com o coração leve.”
Outro destaque do festival foi o jovem Raí Bezerra, de apenas 16 anos, que integra o trio homônimo ao lado do pai, Richard Bezerra. O grupo participou desde a primeira edição do festival e, nesta edição, novamente chegou à final após conquistar boa colocação nas etapas eliminatórias. Richard, entusiasmado, destacou a importância do espaço para jovens talentos: “Um festival dessa grandeza é essencial para a nossa cultura. Ele abre espaço tanto para os mais experientes quanto para os jovens. Ver Raí, meu filho, com apenas 16 anos, defendendo o forró autêntico e vestindo a bandeira das nossas raízes, é um orgulho imenso. Ele toca com seriedade, respeita a tradição, mas também curte o som da sua geração — e isso é saudável e necessário.” Pai e filho também atuam em grupos culturais e já tem agenda marcada para representar a cultura nordestina em festivais no Sul e Sudeste do país.

O momento mais aguardado da noite foi o anúncio do trio vencedor. O Trio Baraúna, formado por músicos experientes, recebeu o troféu de campeão com grande emoção. Em entrevista, Betinho Lucena, integrante do grupo, falou sobre a importância do reconhecimento: “Foi um festival belíssimo e muito disputado. Estamos felizes demais com o resultado, fruto de muito trabalho, pesquisa de repertório e dedicação ao forró. Fizemos amizades, superamos desafios pessoais e recebemos esse prêmio com gratidão. O dinheiro é importante, mas dividir esse momento com o público e os outros trios vale mais do que qualquer valor.”
Confira a premiação dos cinco primeiros colocados:
- Trio Baraúna (João Pessoa)
- Trio 3 de Campina (Campina Grande)
- Trio Gaviões da Paraíba (Parari)
- Trio Forró Borborema (Campina Grande)
- Trio Raí Bezerra (Campina Grande)
Após as premiações, a noite seguiu em clima de celebração com apresentações de Nito Tecla, Vânia Vieira e Capilé, encerrando a programação com muito forró, animação e a certeza de que o festival se consolida como um dos principais palcos da música regional nordestina e do calendário junino.
A secretária de Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude, Angélica Figueiredo, também destacou a força simbólica do evento: “Depois desse festival, meu coração não vai mais bater, ele vai zabumbar. Reunimos pessoas éticas e comprometidas com o forró autêntico e a tradição para a realização desse evento. Todos que se inscreveram e participaram são vencedores, e o que vivenciamos hoje é o coroamento do festival.”