Artesãos da Vila do Artesão vivem expectativa e desafios no São João de Campina Grande
Repórter: Glória Borges
Fotografia: Glória Borges
Editor: Diney de Melo

Entre fitas, tecidos, madeiras e mãos talentosas e cheia de afeto, a Vila do Artesão, em Campina Grande, vai se moldando para mais um São João. O que para muitos é tempo de festa, para os artesãos é tempo de trabalho intenso e a oportunidade de que suas artes tenham maior visibilidade. A festa junina ganha novos sentidos e vai muito além do palco principal.
No coração da Vila, entre peças e chaveiros que contam histórias, Maria Fernandes, 61, cuida do chalé que carrega a memória viva de sua irmã, Carleuza Rodrigues de Souza.
Maria chegou a Campina ainda adolescente, aos 14 anos, vinda do interior. Mas foi Carleuza quem trilhou um caminho marcante no artesanato local: mulher com mãos habilidosas, era presença constante nas associações da vila, sempre envolvida nas decisões coletivas e na valorização do trabalho artesanal.

Há cerca de três meses, a Vila perdeu uma de suas vozes mais queridas: Carleuza faleceu em decorrência de problemas cardíacos. Desde então, Maria assumiu o ponto: “Tô aqui mais pra manter o que ela deixou”, conta Maria. Com carinho, ela organiza e vende as peças feitas pela irmã.
Ela diz que o movimento ainda não está intenso, mas a expectativa é que o fluxo de visitantes aumente no dia 2 de junho, quando começa a chegada dos turistas na cidade. Até lá, Maria segue firme, ocupando aquele espaço com respeito e saudade.
A artesã Lourdes Cantalice, 64, descreve: “As expectativas são grandes, não sabemos como irá ser, mas passamos o ano inteiro criando expectativas para o mês de junho! Esse ano está bem organizado”. Em seu chalé existe variedade em peças de madeiras que são revenda e produção própria.
Aelson Domingos, 45 anos, é campinense nato. Ele e a mãe são artesãos, e foi após a pandemia que ele passou a ajudá-la no chalé, acabou se apaixonando pelo ofício e hoje é artesão de carteirinha. Chega ao São João cheio de expectativa: “É um mês de festa grande, que atrai turistas de todos os cantos. Estamos de braços abertos e preparadíssimos pra vender. Que as vendas sejam ainda melhores que no ano passado!” Ele elogia a organização do evento: “Ornamentação, segurança e estrutura estão de parabéns.” E reforça: “O artesanato não é só no São João, é o ano inteiro.”
Juliana Medeiros, 36, ajuda a dona do Atitude Artesanato e descreve as suas perspectivas: “A expectativa para o artesanato é a melhor possível, pela cultura, por ser feito a mão, por ser produtos exclusivos…”. Segundo Juliana, desde o sábado (28) que ocorreu a abertura da Vila, as vendas aumentaram. No chalé existe variedade em tapetes, necessaires, bolsas, máscaras de olho, almofada, capa de bíblia, que são todas as peças de produção própria.

São João: tempo de luz, mas com muitas sombras
Para quem vive da arte manual, o São João representa a chance de mostrar seu trabalho ao grande público. Mas, por trás da alegria, há desafios reais, pois a valorização ainda é desigual. O movimento durante os outros meses do ano é baixo, já que as programações são quase inexistentes e os turistas visitam a cidade em períodos específicos. Aelson reforça a grande estrutura que a Vila possui e a possibilidade de ocorrer atratividades durante todo ano, para que o comércio esteja sempre aquecido.

Programação:
O São João 2025 da Vila do Artesão é gratuito e acontece aos sábados, até 28 de junho, durante a programação do Maior São João do Mundo, em Campina Grande. Os shows ocorrem à tarde, das 12h às 18h.
7 de junho: Banda Aveloz e Banda Palov;
14 de junho: Fogo na Roupa e Fabiano Guimarães;
21 de junho: Cachorrão do Brega e Banda Karkará;
28 de junho: Gegê Bismarck e Capilé.