O Maior Bolo de Milho do Mundo é de Campina Grande

Campina Grande, 14 de junho de 2025

Um feito gastronômico que reúne tradição, festa e recordes na capital do São João.

Reportagem: Jossandra Almeida

Fotografia: Joana Elen

Edição de texto: Diney de Melo


O sol ainda esquentava a tarde quando o forró tomou conta da Pirâmide do Parque do Povo. Por volta das 15h, o Trio Meteoro se apresentava com animação, enquanto centenas de pessoas começavam a se mover em direção a um dos momentos mais esperados do dia: a partilha do maior bolo de milho do mundo. Parte da movimentação vinha do término do maior quadrilhão junino. Muitos seguiram direto da dança para a fila, ainda vestidos com roupas de xadrez, chita e chapéus de palha. Foi nesse cenário, entre música, vozes e o cheiro do bolo recém-cortado, que Campina Grande confirmou mais uma vez seu título de capital dos grandes feitos juninos. Na tarde desta terça-feira, 10, a cidade bateu não um, mas dois recordes: o do maior quadrilhão junino do mundo, com 1.303 pares dançando ao mesmo tempo, e o do maior bolo de milho já registrado, com 49,41 metros de comprimento e 692,14 quilos.


Com 49,41 metros, o tradicional bolo de milho de Campina Grande bate novo recorde. Foto: Joana Elen/Repórter Junino

Do histórico de recordes à receita gigante

A tradição de quebrar recordes juninos não é nova. Campina Grande já ostenta o título do maior São João do mundo, e em 2025, além de bater novamente o recorde do maior quadrilhão junino, superou sua própria marca anterior. Em 2019, a cidade apresentou um bolo com 39,86 metros e 544 quilos, dando início a essa tradição que se fortalece a cada edição. Em 2023, o bolo alcançou 45 metros e 653 quilos; no ano seguinte, em 2024, passou para 47,07 metros e 655,9 quilos. Agora, em 2025, superou todas as marcas anteriores: o bolo chegou a 49,41 metros e 692,14 quilos, ganhando a forma de um balão junino.

A receita por trás desse feito impressiona tanto quanto o resultado: são 7 mil ovos, 600 litros de leite, 800 latas de leite condensado e 800 de creme de leite, 500 espigas de milho, 180 pacotes de mistura de milho, 120 quilos de manteiga e 25 quilos de coco ralado. Produzido pela tradicional Padaria São Francisco, o bolo leva entre três e quatro dias para ser finalizado e representa não só um desafio gastronômico, mas também um verdadeiro ritual coletivo.


Com desenhos feitos à base de canela, o bolo de milho ganhou ainda mais vida. Foto: Joana Elen/Repórter Junino

Entre um pedaço e outro

As filas eram longas, mas andavam a passos rápidos. Nelas, pouca conversa, o foco era garantir o seu pedaço de bolo. Depois de servidos, as pessoas se espalhavam pelo Parque do Povo, procurando um canto para se acomodar e saborear. Nas escadarias, um grupo de meninos, de 10 a 11 anos, chamava a atenção pelo entusiasmo. Vestiam roupas de quadrilha e carregavam pratinhos nas mãos. Entre eles, Vitor Kauan, aluno do 5º ano de uma escola no bairro de Bodocongó, assumiu o papel de porta-voz. Contou que a turma veio para o quadrilhão, mas não chegou a tempo. “A gente veio pra dançar, mas não dançou. Aí viemos pro bolo”, explicou. Sobre o sabor, respondeu sem titubear: “Eu acho que todo mundo gostou, né? Porque é de milho.” Poucos segundos depois, se despediu apressado para não perder o ônibus que o levaria de volta para casa.


Vitor Kauan e seus amigos da escola provando o tradicional doce. Foto: Joana Elen/Repórter Junino

Mais adiante, à sombra das barracas, outra cena se desenhava: quatro mulheres reunidas à mesa. As amigas Maria Nascimento e Zefinha dividiam o espaço com as filhas, Maria das Neves e Genilza. Entre risadas e garfadas, falavam sobre as edições passadas. Aos 72 anos, Maria já participou de outros anos do evento e mesmo assim se surpreende: “Todo ano eu acho o bolo grande”, comentou.


Entre garfadas de bolo, Dona Zefinha e suas filhas conversam com Maria, sentada à frente. Foto: Joana Elen/Repórter Junino

O sucesso da festa só acontece graças ao empenho de muitos, desde os confeiteiros que preparam o bolo até a organização da Prefeitura de Campina Grande em parceria com suas secretarias municipais. Mas, sobretudo, é a participação ativa da população que torna tudo possível, ao abraçar e valorizar a simbologia que a cidade carrega. Essa união mantém viva a tradição e faz Campina Grande renovar, a cada ano, seus grandiosos feitos juninos.

Comentários