Uma das características que mais recebe destaque no período de junino são as comidas típicas. Contudo, além de comidas típicas do São João derivadas do milho, no Parque do Povo (PP) há uma diversidade cultural quando o assunto é culinária. Um exemplo disso é a inserção da cultura baiana no local, com destaque ao seu acarajé, que resgata e valoriza a influência africana na cultura nacional.
A vendedora Socorro Peixoto, de Juazeiro da Bahia, participa dos festejos juninos de Campina Grande há 14 anos, e, nesse longo período, trouxe aos forrozeiros um pouco de sua culinária e até mesmo história de vida, mostrando aos mesmos que São João não se resume ao milho e seus derivados, mas ao cruzamento de diferentes culturas nordestinas.
Além da vendedora, há a Senhora Maria de Lurdes, uma das mais velhas baianas no PP e também de Juazeiro. Ela trabalha há 30 anos na festa e desde criança cozinha e leva para as pessoas em todo o nordeste o melhor de sua cultura. “É muita tradição, em todas as festas culturais nós levamos a comida africana e chamamos muita atenção das pessoas de fora”, contou a Senhora Maria.
As duas senhoras são exemplos de baianas que fazem do acarajé sua fonte de renda desde a infância e, a partir da influência dos seus familiares e amigos, perpassam essa tradição por gerações. Elas levam a comida típica baiana para outras festas do Nordeste, mas sempre destacam o São João de Campina e garantem que numa boa festa não pode faltar o acarajé.
Essa culinária é aceita pelo público e faz sucesso entre os turistas que visitam o local. Caso da médica Ana Carla (40), que veio de Brasília pela primeira vez com sua família para conhecer o Maior São João do Mundo e aproveitou para se deliciar com o acarajé. “O acarajé é comida nordestina, não é só de baiano. Ela está presente em vários lugares do nordeste. Não é só ter comida junina a base do milho, o acarajé tem que ter mesmo, tanto é que eu vim aqui pra comer, pois estou com saudade’’, declarou Ana, afirmando haver pouco acarajé em Brasília.
Seja pelas baianas ou pelos parqueiros, fica clara a importância de trazer e levar as culturas nordestinas pelas festas culturais. São João agora não é só milho, é também o acarajé da Maria de Lurdes, da Socorro Peixoto e de tantas outras que enriquecem a festa com sua culinária africana de temperos fortes e marcantes.