Na noite deste sábado (27), no teatro Municipal Severino Cabral em Campina Grande, o grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, oriundo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), apresentou o espetáculo intitulado “Raízes do Brasil: Cores, Ritmos e Tradições”. O grupo trouxe para o palco elementos folclóricos do contexto nordestino, utilizando de diversos ritmos como o Bumba-meu-boi e o Frevo. “Raízes do Brasil” é um espetáculo que há 31 anos vem desenvolvendo e trazendo consigo fortes aspectos culturais. Caio César Gonçalves, coordenador Vocal do Grupo e que está na organização há 25 anos, afirma que o espetáculo recebe sempre uma roupagem nova, diversificando, assim, suas apresentações.
O grupo que possui direção de Agnaldo Barbosa e coreografia de Roberto Gomes de Almeida, é composto por mais de 40 participantes, entre eles, dançarinos e músicos, sendo em sua maioria professores e alunos do Centro Artístico Cultural da UEPB. Para o espetáculo deste sábado, o grupo Acauã trouxe um repertório diversificado, ressaltando elementos culturais do folclore nordestino, inseridos tanto na música como na dança. Roberto de Almeida, integrante do grupo há 18 anos e coreógrafo há 10, falou sobre como se dá a preparação para cada apresentação. “Quando terminamos um espetáculo já nos preparamos para outro. São, em média, 9 meses de preparação”. Sobre o espetáculo da última noite, Roberto comentou que este ano optaram por fazer em maio, já que é o mês de aniversário de 31 anos do grupo e dá para colocar outras danças que não estão atreladas aos festejos juninos, como a Invernada, dança típica do Belém do Pará e a Puxada de Rede.
A grande exibição da noite ficou por conta da professora de dança do ventre e de salão, Roberta Soares, que, durante a apresentação, representou Iemanjá ao som de música instrumental. Roberta comentou que a parceria dela com o grupo surgiu através de sua amizade com o coreógrafo Roberto Gomes. “Tudo isso se deu com o convite do Roberto para que eu fizesse um trânsito entre essa linguagem do que é representar Iemanjá e da dança dos véus, ocasionando, assim, um hibridismo cultural”. Roberta também comentou como se dá o trabalho por trás dos bastidores. “Todos os integrantes confeccionam seus próprios figurinos e constroem as histórias, juntos, através do estudo. A pesquisa da caracterização e representação dos personagens é uma forma de respeito às pessoas que vivenciam e entendem”, conclui a professora de dança.
Além de toda contribuição cultural que o grupo ofereceu, durante a apresentação, o mesmo também promoveu uma ação social por meio da arrecadação de brinquedos e alimentos entre o público que assistiu ao espetáculo. Os produtos arrecadados estão sob responsabilidade da maçonaria que irá distribuir para uma instituição que auxilia crianças carentes em Campina Grande. O diretor do grupo, Agnaldo Barbosa, afirmou que isso é uma atividade recorrente nas apresentações do Acauã da Serra.
O teatro estava lotado e a platéia vibrou com toda a sequência das apresentações. Ana Beatriz Pereira, estudante de psicologia e atriz, estava prestigiando o espetáculo. Ela já conhecia o grupo e diz que acompanha, também, o trabalho de vários outros grupos culturais da Paraíba. “Adoro que ressaltem essa cultura da gente, a nossa cultura regional, porque nós vemos isso muito pouco. Atualmente eu vejo que estamos nos espelhando em culturas de fora, estrangeiras e não é assim… a gente tem que valorizar o que é nosso e é preciso repassar isso para o Brasil e para o mundo, porque é uma cultura linda.”, afirmou a estudante.
Origem do nome Acauã da Serra
Com anos de estrada, o grupo Acauã da Serra teve inicio quando Agnaldo Barbosa, no dia 1 de maio de 1986, deu início ao seu projeto de extensão, vinculado e sustentado financeiramente pela UEPB. Segundo ele, o nome Acauã da Serra lhe veio a partir de uma experiência com uma das aves mais simbólicas do sertão nordestino. “Eu escutava o canto desse pássaro quando trabalhava como técnico de estrada e rodagens e achava bem melancólico. Então fui em busca de informação sobre ele. Me falaram que a ave anuncia a estiagem na nossa região (Nordeste), mas também anuncia quando a chuva está para chegar. Outra coisa é que ele é um pássaro muito guerreiro para sua sobrevivência. Eu presenciei uma certa vez, ele pegar uma cobra, matar e pendurar numa árvore chamada Jurema de Caboclo. E por que Acauã da Serra? Porque em Campina estamos no planalto da Borborema! E como eu sempre digo, o Acauã veio, fez um ninho aqui em Campina Grande, em cima da serra, e ficou.”
Turnê do Grupo Acauã da Serra
O grupo se prepara ainda, neste ano de 2017, para encarar uma turnê nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Entre algumas participações do grupo que estão programadas, se destacam: o Festival Internacional de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul e o 53° Festival do Folclore (FEFOL) da cidade de Olímpia em São Paulo. “Nossa expectativa é continuar e continuar,” concluiu o diretor do grupo Agnaldo Barbosa.
Para mais informações: Grupo Acauã da Serra <http://grupoacaua.blogspot.com.br/>
Festival do Folclore de Olímpia em São Paulo <http://www.folcloreolimpia.com.br/index.php>