No dia quatro de junho de 1983 em uma barraca simples, com um potencial cultural que não tinha tamanho, foi criada a estrutura daquela que mais tarde se tornaria o espaço do Maior São João do Mundo. Vinte e um anos após a inauguração da primeira estrutura que sedia a festa, nasceu o Memorial do Maior São do Mundo vindo de um pequeno stand composto por um tímido acervo de fotos e folders. Foi em 2004, sem pretensão alguma, que Cléa Cordeiro teve a idéia de construir o local que contaria a história da festa. Ela não sabia, mas ali começaria uma relação de amor e preservação da história de um dos maiores festejos juninos do mundo.
Hoje o espaço cresceu e está localizado na Rua Tiradentes, próximo de onde acontecem os shows do Quartel General do Forró. Antes de chegar a ter um lugar fixo o memorial passou por algumas etapas e aprovações. A curiosidade dos visitantes que por ali passavam fez com que Cléa enxergasse o desejo que as pessoas sentiam em conhecer mais sobre como tudo começou. Com acervos doados por moradores da cidade e recortes de jornais ela deu início ao projeto de preservação de um dos maiores bens culturais que a cidade de Campina Grande possui.
Cléa Cordeiro que é professora e foi a responsável pela criação do memorial conta um pouco da história. “O memorial do Maior São João do Mundo surgiu quase que por acaso, estava eu, em 2004, colocando um stand no Parque do Povo e coloquei umas fotos da festa junto com alguns cartazes. As pessoas começaram a entrar no espaço e dizer que tinha mais coisas e me entregavam. Foi aí que eu vi que realmente as pessoas queriam conhecer mais sobre a festa”, conclui.
Após alguns anos fazendo parte do salão de artesanato da cidade e percebendo o crescimento do acervo – que era composto por quadros, trajes juninos, folders, cartazes e recortes de jornais, o memorial ganhou um novo espaço e passou a operar na Rua Tiradentes. Agora com um local físico, a responsabilidade cresceu e Cléa ficou responsável por todo o processo de manutenção e divulgação do espaço. “O memorial é mantido por mim, eu pago o aluguel, água, luz e material necessário, tudo. Todo mantido por mim e isso me dá uma certa liberdade de atuar como deve ser”, conta.
Para manter o espaço Cléa conta com a ajuda de Jerusa, 45. Ela conta que boa parte do público que visita o espaço passa horas e horas lendo os recortes de jornais e até mesmo alguns se vêem em fotos e matérias antigas da festa. Como é o caso de um dos engenheiros responsável pela construção da pirâmide do Parque do Povo, que esteve no memorial uma semana antes da nossa visita.“Tem gente que tem aquele maior interesse em ler as reportagens se interessam muito em saber mais sobre a festa. Tem pessoa que vem aqui todo ano, só para relembrar os velhos tempos e ver a diferença que esta”, explica Jerusa.
Há seis anos no local, Cléa fala sobre a liberdade que se ganha em poder trabalhar com sua equipe, que é composta por mais duas pessoas, porém não descarta a necessidade de um apoio vindo de partições públicas ou privadas. “Seria muito bem-vindo se tivesse realmente um apoio, ou de empresas privadas ou da própria prefeitura”, enfatiza.
Quando questionada sobre a evolução da festa, Cordeiro se preocupa com as mudanças na grade de programação e também com o lado cultural da festa, que segundo ela, aos poucos vai se perdendo. “Preocupa-me muito quando eu vejo algumas mudanças. Isso depois vai se refletir também no memorial e o memorial também reflete o que está acontecendo. Existe digamos que uma união entre o Maior São João do Mundo e o próprio memorial que conta a sua história”.
Compartilhando da mesma opinião, da professora, Jerusa também enfatiza que a festa mudou muito e isso se deve ao crescimento estrutural e cultural da festa. “Realmente já mudou muita coisa. Ele cresceu demais, cresceu tanto que já está tirando a tradição. As características estão saindo”, diz.
Cléa Cordeiro ainda fala sobre os cuidados que se deve ter em relação ao lado cultural pelas proporções que a festa ganhou e pela quantidade de questionamentos que recebe das pessoas que visita o local e crítica, em tom de nostalgia, sobre épocas passadas em que em paralelo a outro grande evento, os carnavais fora de época como a Micarande, da cidade podem acabar.
“Precisa-se ter muito cuidado com a questão da preservação da nossa cultura e da nossa tradição. Quem brincou o carnaval aqui sabe que Campina Grande tinha um grande carnaval e isso o tempo foi acabando e finalmente ficamos sem carnaval. E ninguém nunca imaginava que isso poderia ocorrer. Então a gente fica olhando o São João com essa preocupação de preservação da cultura, da história e da tradição”, finaliza.
O Memorial do Maior São João do Mundo
O memorial tem como objetivo mostrar a origem e a evolução da festa histórica do Maior São João do Mundo. No local é possível ver de perto todo o seu acervo que é composto de imagens da construção e inauguração do parque do povo, cartazes de divulgação do evento, folders, imagens de artistas da terra e de quadrilhas juninas e registros do evento através de jornais e revistas.
Além da exposição do acervo, o memorial conta com um espaço destinado ao santos juninos onde se encontram expostos imagens dos santos e banners contendo aspectos relevante da vida de São João, o santo que dá nome a festa, é possível também se caracterizar com as roupas e adereços típicos possibilitando aos visitantes a oportunidade de viver a emoção de uma autêntica festa junina.
O memorial estará aberto durante todo mês de Junho das 18h às 22h, de segunda a domingo, porém se não for possível visitar durante o mês de junho, podem-se agendar visitas direto na página do Facebook ou do telefone.
SERVIÇO
Memorial do Maior São João do Mundo
Rua Tiradentes, 165, Centro da cidade, caminho do Parque do Povo.
Aberto de Segunda a Sexta de 16h às 22h.
Sábado e Domingo visita agendada.
Contato: (83) 3321-0828 e (83) 99447070
http://www.facebook.com/memorialdomaiorsaojoaodomundo