Nascido num povoado pequeno chamado Praia do Sítio no Conde – BA, Antônio Dean (64) é escritor, advogado, cantor, compositor e tocador. Aproximou-se da cultura popular ainda criança, tendo sua mãe como a principal incentivadora. No lugarejo onde morava, eram realizados os festejos juninos em celebração aos santos do mês, que contavam com novenas feitas por homens católicos que possuíam os mesmos nomes dos santos. “O nome do meu pai é Antônio, e no dia de Santo Antônio era ele quem fazia a novena na nossa casa. Eu nasci em um caldeirão de folguedos populares, dentre muitos a marujada, que são danças realizadas através de uma dramatização da tragédia da nau Catarineta, com o domínio do canto sobre a dança”, relembra Antônio.
Desde menino foi criado nesse tipo de cultura, onde os folguedos eram a grande alegria do seu povoado. Segundo o cantor, as pessoas se reuniam em pequenas casas para tocar triângulo, pandeiro, violão e tamborim enquanto dançavam. “A festa era muito simples. Era uma novidade quando alguém aparecia tocando um acordeon”, diz.
De acordo com o compositor, havia diversos tipos de brincadeiras, as pessoas iam de casa em casa cantando, e as festividades ficavam por conta das cantigas como coco, ciranda de roda, e das quadrilhas que eram feitas de improviso e aconteciam num tom de brincadeira. “Pouco a pouco os festejos de São João migraram do espaço rural para o espaço urbano. Os clubes passaram a ser enfeitados, enquanto os folguedos continuaram existindo na periferia”, explicou.
Aos 16 anos e morando em Alagoinhas o compositor chegou a participar de um programa de show de calouros, mas não pensava em tocar profissionalmente. Nessa mesma época, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), participava de festivais universitários, onde geralmente era classificado entre as primeiras colocações, mas foi ao apresentar-se no Teatro Vila Velha que a vontade de seguir carreira surgiu.
Veio com toda família morar em Campina Grande quando o filho mais velho estava indo para João Pessoa cursar medicina. Chegando à cidade, Antônio Dean ficou maravilhado com a grandiosidade que é o Maior São João do Mundo e passou a ver a festa como objeto de estudo.
Registros fonográficos como “Coisas do Sertão”, “Sítio São João”, “Cantador Nunca Mentiu” e “A Festa dos Santos” nasceram de pesquisas minuciosas sobre as coisas da terra, especificamente Campina Grande. Em seu mais recente trabalho, chamado “Antônio Dean – Cantando Coco”, o artista explora o gênero musical divulgado e imortalizado pelo paraibano Jackson do Pandeiro, além de trazer um canto infantil e as músicas que foram inscritas por ele em algumas edições do Forró Fest, inclusive a música Bate Bate no Pandeiro, que ficou entre as doze finalistas do Forró Fest 2012.
Edição: Lourival Salviano