Comércio fora das “muralhas” do Parque do Povo

Campina Grande, 14 de junho de 2018  ·  Escrito por Pâmela Vital  ·  Editado por Bruna Martins  ·  Fotos de Pâmela Vital

O São João é uma época de bonança. Todo ano, comerciantes enfrentam uma fila de cadastro enorme para tentar uma vaga dentro do Parque do Povo, contudo, com as modificações estruturais deste ano no layout, apenas cerca de cinquenta ambulantes foram sorteados para comercializar dentro do evento.

Ao contrário daqueles que optaram por aceitar as condições da empresa Aliança para estar na parte interna das “muralhas” que envolvem a festa, como comprar bebidas ao fornecedor próprio, quem quiser ganhar um dinheiro extra neste São João terá que aproveitar o público do lado que espera pagar por um preço mais acessível antes ou depois de entrar no Parque do Povo.

Nos arredores, o que mais se observa são barracas estruturadas tanto de um lado quanto do outro do Açude Novo. A variedade é gigantesca: vão de comidas regionais à maçã do amor, bombons e pipocas. De ganhos através de tiro ao alvo à, até mesmo, comida baiana. O forrozeiro tem a oportunidade de escolher dançar muito forró dentro do evento, no palco principal  da festa, mais acima perto do Hospital da Clipsi, nas palhoças de Seu Vavá e Zé Lagoa e no palco Ton Oliveira, na outra extremidade do parque, e seguir para fora do limite delineado pela empresa contratada para comer por um preço mais acessível.

Sheyla dos Santos, segunda geração de comerciantes da Bahia no Maior São joão do Mundo Foto: Pâmela Vital

Sheyla dos Santos, segunda geração de comerciantes da Bahia no Maior São João do Mundo Foto: Pâmela Vital

Segundo Sheyla dos Santos, vendedora de comida baiana, os comerciantes do lado externo da festa conseguem fazer um preço quase 50% mais barato. “Sou de Juazeiro da Bahia e venho há quatorze anos para o São João de Campina Grande. Esse ano, estou aqui fora e minha mãe, Fátima, tem uma barraca lá dentro, mas se você quiser comprar um acarajé, melhor vir a mim do que a ela. Enquanto aqui tá R$ 10,00, lá é R$ 15,00, isso porque é acarajé! Imagine os outros?!”, comentou.

Não é o primeiro ano que as barracas podem ser um caso à parte no Maior São João do Mundo. Para Francilene da Silva, dona de uma barraca de tiro ao alvo nas adjacências do Açude Novo, “desde que esse novo modelo adotado pela empresa começou, estamos aqui em cima, mas sou do tempo do Parque do Povo na lama. Todo São João eu venho pra cá. Saímos de dentro, fomos para as ruas por perto e agora Açude Novo”.

Francilene da Silva, ambulante de tiro ao alvo no Açude Novo

Francilene da Silva, ambulante de tiro ao alvo no Açude Novo Foto: Pâmela Vital

Segundo ela, os comerciantes das barracas foram registrados e participaram de uma reunião coordenada pela Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA) da Prefeitura Municipal de Campina Grande. Nela, ficou estabelecido todas as diretrizes que deveriam seguir e a quem deveriam pagar. “Nesse ano, não estão cobrando nada. Cada barraca tem seu tamanho e é feito um sorteio lá. Temos que passar também por uma vistoria dos Bombeiros, CREA e Energisa e pagar cada um deles para funcionar. A SESUMA nos dá apoio, como este homem aqui na frente, mas é isso. O resto é conosco”, ressaltou indicando um servidor vestido com o uniforme do órgão que nos observava durante a entrevista.

A SESUMA foi procurada para se manifestar quanto ao registro, sorteio e suporte para com os barraqueiros e ambulantes, mas não foi possível contato com o Secretário Geraldo Nobre até o momento de publicação da matéria.

Duas comerciantes. Duas mulheres tentando ganhar um dinheiro a mais no final do mês. Uma da Bahia, trazendo o autêntico acarajé para os campinenses e turistas, outra Campinense, providenciando uma das atrações mais antigas da festa. Ambas com uma única esperança: a de um São João mais proveitoso, diferente do primeiro final de semana, quando o movimento deixou a desejar.

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