Junho é de fato o mês das quadrilhas e das danças, conhecida para todos não importa a ideade, também é o período que usamos roupas xadrez, trancinhas e até bigodinho desenho de lápis, fora as comidas típicas que deliciam nossos dias. Mas será que tudo isso tem relação apenas com a festa junina de verdade?
A festa junina da Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae-CG) esse ano teve como projeto de desenvoltura social, preparar os alunos da instituição para desenvolver uma atividade diferente no período da festa junina na escola, a participação deles na criação de entrevistas e produção de textos para o casamento matuto no evento que aconteceu nesta quarta-feira (20), em comemoração ao São João dos “Apaexondos”, um evento que é feito todos os anos com os alunos, mães e professores da instituição.
Segundo a assistente social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campina Grande, Maria do Desterro, este momento é de tamanha alegria, porque podemos produzir e fazer com que as crianças com deficiência tenham o interesse e o desejo de participar de uma tradição que é conhecida como cultura. O envolvimento e a desenvoltura dos alunos são de extrema importância, tanto na vida de inclusão social como na estrutura física da pessoa com deficiência mental.
A festa teve apresentações de quadrilhas, danças com músicas nordestinas como as de Luiz Gonzaga, de início uma homenagem a Marinês, contando um pouco de sua contribuição para a cultura nordestina. Logo, Mas, a apresentação do grande momento, “O Casamento Matuto” era de fato algo tão esperado pelo público ali presente, quanto para os próprios alunos. No decorrer da festa a instituição recebeu a presença de Dr. Margarida da Motta Rocha, a primeira Presidente e fundadora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campina Grande.
Para a professora Rosilene da Apae-CG, a festa junina pode ser importante nas escolas para fazer o aluno ter momentos de solidariedade e uma desenvoltura coletiva entre os demais. Ela ressalta que “a cultura traz consigo mesmo o afeto e alegria dentro de suas próprias danças, a brincadeira se torna espontânea entre seus colegas e os demais envolvidos nesse momento único”.
Em uma conversa com a equipe do Repórter Junino Rosilene falou que “A festa é para comemorar a colheita e o trabalho que vem sendo dedicado a algum tempo atrás, o trabalho artístico das crianças e a desenvoltura da cultura no meio social é de fato algo que mexe com os alunos, não só com eles, mas com todo o núcleo envolvido na preparação da ação”.
A presidente da Apae-CG, Maria da Conceição Costa do Rêgo, falou sobre o envolvimento de todos os professores, dizendo que “é essencial na festa coletiva, como é nos sertões nordestinos, onde famílias abrem as portas para os festeiros e os recebem com banquetes e uma recepção calorosa”. Também ressalta que “no meio dessa festa todos nós podemos resgatar os valores que foram esquecidos como: acolher a família e reconhecer os valores do próximo. Partindo já da história de vida da própria instituição que sempre busca o companheirismo para além de qualquer coisa, o desenvolvimento da cultura na prática ajuda a inclusão deles na vida social igual os demais, aproximando sempre os alunos excepcionais das práticas culturais”.
No campo ou até mesmo em cidades pequenas a figura dos compadres e comadres de fogueira é essencial, mas o teatro de casamento é algo que na festa junina não pode faltar. O casamento fictício é algo que anima e diverte a festa, esse momento é para mostrar como se faziam os casamentos nas zonas rurais e também trazer as tradições de uma festa engraçada e a celebração de uma construção familiar. Esse teatro do casamento foi representado pelos próprios alunos que produziram o texto para o casamento matuto. Toda produção foi feita por eles, onde cada um teve a representatividade em cada fala e personagem ali na hora do casamento.
Os alunos com deficiência intelectual da Apae-CG possuem diversos fatores que podiam os impedir de praticar ou de participar da festa, mas com ajuda e empenho dos voluntários, os alunos não só participaram, das quadrilhas, como também desenvolveram um trabalho de reportagem e coletaram informações sobre o que foi feito, para que tudo fosse registrado e guardado, onde a cada ano eles possam rever tudo e melhorar nas próximas comemorações.
Um São João, para lá de especial, cheio de atrações e uma culinária de dar água na boca, com decoração completamente tradicional para o “Arraial dos Apaexonados”. Para os pais é uma alegria poder festejar com os filhos. E essa festa faz parte do tratamento das crianças com deficiência.