A cultura nordestina traduzida em sons

Campina Grande, 21 de junho de 2018  ·  Escrito por João Cardoso e Pâmela Vital  ·  Editado por Maryanne Paulino  ·  Fotos de Pâmela Vital
Instrumentos do Trio Nordestino. Foto: Pâmela Vital

Instrumentos do Trio Campinense. Foto: Pâmela Vital

 

Quinta-feira. 21 de junho de 2018. Oito horas da noite. Palhoça do Zé Lagoa. Parque do Povo. Campina Grande. Palco montado, som checado, forrozeiros animados, o show está pronto para começar e você é o nosso convidado!

A tradição foi iniciada com uma sanfona, um triângulo e uma zabumba. Quando juntos, formam a harmonia perfeita para nos esquentar nas noites frias de inverno. Das ilhas de forró no Parque do Povo aos eventos privados espalhados pela cidade, não há o que se discutir: sem um trio de forró para animar os forrozeiros de plantão, o São João deixa de existir. E não é pra menos!

Considerado elemento de tradição cultural do nordeste brasileiro, o embalo das músicas juninas é o combustível que leva campinenses e turistas a aproveitarem os trinta dias de festa. Afinal, quem consegue resistir ao xote, xaxado, baião ou ao autêntico forró pé-de-serra na terra do Maior São João do Mundo!?

A cantora Rejane, do Trio Campinense, está toda sorridente, isso porque hoje será a primeira de três apresentações do grupo no Parque do Povo. “A gente está muito feliz. Nossa agenda está repleta de shows e ainda vamos para eventos por toda a região”, comemora.

Não é apenas em época de festas juninas que o grupo se encontra. “Somos, realmente, uma família. Deixamos de ser só um trio e formamos esse quarteto. Sou eu quem fica no agogô e canto, meu marido, Inaldo, na zabumba, Valdemar, no triângulo e voz, e José Carlos, na sanfona. Para nós, o São João é uma época que podemos nos juntar e continuar uma tradição que começou em 1947 ainda com meu pai, Paulo Sanfoneiro”.

Trio Campinense se apresentando na Palhoça do Zé Lagoa, no Parque do Povo. Foto: Pâmela Vital

Trio Campinense se apresentando na Palhoça do Zé Lagoa, no Parque do Povo. Foto: Pâmela Vital

A tradição dos trios não fica restrita apenas ao São João. “Às vezes pinta trabalhos em julho. Já tocamos em casamentos em agosto também, mas é muito centralizado em maio e junho. Nesse final de semana, por exemplo, vamos participar todos os dias do Trem do Forró, levando os forrozeiros até galante com muita animação”, comenta enquanto se prepara para iniciar as três horas show da noite.

O Parque do Povo, quartel do forró conhecido nacionalmente como palco da melhor festa junina da região, é o terreno mais disputado durante o mês de junho. Para Inaldo, a emoção de tocar para moradores e turistas sempre se renova. “Todos os anos temos a oportunidade de vir tocar aqui. Sempre encontramos amigos e forrozeiros conhecidos que comparecem sempre para aproveitar a boa música. Mas noto que o evento deste ano está muito organizado. A expectativa é estimular todos aqueles que passarem na Palhoça do Zé Lagoa para vir dançar um pouco do nosso ritmo tão particular, que é o forró”, contou com alegria.

Forrozeiros festejam o forró pé-de-serra nas palhoças do Parque do Povo. Foto: Pâmela Vital

Forrozeiros festejam o forró pé-de-serra nas palhoças do Parque do Povo. Foto: Pâmela Vital

Mixando tradição com atrações a nível nacional, os festejos juninos de Campina Grande trazem para o forrozeiro um leque de opções variadas. Para aqueles que preferem shows com forró estilizado, sertanejo ou axé, o palco principal é a escolha certa. Já para os que optam pelo genuíno forró pé-de-serra, o conselho é descentralizar da parte de “cima” do Parque do Povo e seguir caminho para o Palco Ton Oliveira ou para as duas palhoças espalhadas na parte de “baixo” do quartel general do forró. A semana de festas está apenas começando. Não deixem de aproveitar o que tem de melhor na cidade. Viva o São João!

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