“Se é o maior do mundo, tem que ser maior em tudo. Principalmente nas comidas típicas. Eu acho que deveria trabalhar mais nessa parte, de colocar mais as comidas típicas. A turma vem aqui pra comer pamonha, milho verde e não tem. Essa é minha primeira vez e eu me decepcionei um pouco”, desabafa a visitante Iara Miranda.
Junho é mês de festa, quadrilha junina, muito forró e comidas típicas. Tudo isso caracteriza o São João. Basta faltar um desses itens, que a sensação de que algo está errado logo surge. É o que acontece quando se procura por comidas típicas juninas no Parque do Povo, o quartel general d’O Maior São João do Mundo em Campina Grande –PB.
Tendo pouco mais de 230 barracas além de outros locais de comercialização de comidas e bebidas, a busca por alimentos derivados do milho, característicos das festas juninas, parece mais uma busca pelo impossível. No Parque do Povo, o que era pra ser encontrado facilmente, está em falta. Pamonha, canjica, mungunzá, milho cozido, assado, bolo de milho, de mandioca, pé de moleque, arroz doce. Tudo isso e mais um pouco. E ainda falta. Falta o público sentir o sabor dessas delícias da culinária do mês junino.
Estranheza é um dos sentimentos que os forrozeiros sentem quando chegam ao local da festa e procuram algo típico para comer. A grande maioria das barracas, bares e restaurantes não oferecem comidas típicas juninas em seus cardápios. Logo o desapontamento surge e algumas críticas também.
A visitante Iara Miranda, 76, turista da cidade de Santos-SP, que veio, pela primeira vez, prestigiar o São João no Parque do Povo, demonstra um pouco de insatisfação ao comentar sobre a dificuldade de encontrar comida típica na festa: “Eu estava comentando isso e eu acho esquisito, porque eu não sei a tradição de vocês, pois nós somos paulistas, mas aqui não tem as comidas típicas de junho.” E argumenta isso não deveria ser problema já que a festa é considerada o ‘Maior São João do Mundo’: “Ué, se é o maior do mundo, tem que ser maior em tudo. Principalmente nas comidas típicas. Eu acho que deveria trabalhar mais nessa parte, de colocar mais as comidas típicas. A turma vem aqui pra comer pamonha, milho verde e não tem. Eu procurei um quentão até agora e ainda não encontrei. Essa é minha primeira vez e eu me decepcionei um pouco”.
Alguns moradores locais também sentem a falta das comidas típicas do São João. “Infelizmente está faltando aqui dentro, né. Especialmente a comida mais típica: pamonha, canjica, bolo de milho, de macaxeira, bolo de mandioca”, foi o que a senhora Salomé, 71, residente de Campina Grande-PB, destacou quando perguntada se já tinha saboreado alguma comida típica junina enquanto estava no Parque do Povo.
Apesar da pouca oferta dos alimentos a base de milho no Parque do Povo, alguns vendedores ambulantes ainda vendem algumas delícias juninas. Um exemplo disso é Marcos, 35, vendedor ambulante há mais de 20 anos no São João da Rainha da Borborema. Ele comenta sobre a procura pelas comidas típicas: “toda noite procuram aqui. Procuram muito. Procuram pamonha, milho, canjica. Já tentaram entrar com canjica, mas o segurança disse que não podia”, relata ele.
“Por enquanto só tô vendo eu e o outro colega ali vendendo pamonha. Era pra ter mais, né?! Já que é São João, era pra ter mais pamonha, mais canjica”, foi o comentário de Francinaldo Silva, 32, também vendedor ambulante no Parque do Povo.
Para alguns, o fato passa despercebido mas para os visitantes e os próprios vendedores ambulantes locais, o Maior São João do Mundo não pode deixar faltar o “sabor junino”.