As Festas Juninas trazem a Campina Grande uma quantidade imensa de turistas vindos de diversas partes do Brasil. Como ocorre em grandes eventos como o São João de Campina, os visitantes que vêm à cidade aproveitam a estadia para conhecer mais dos costumes e da cultura do lugar, e é neste contexto em que os artesãos têm imensa importância e experiência: na difusão do folclore local para os visitantes.
Com predominância de cores pardas e uma presença massiva de materiais como algodão, madeira e argila, o artesanato nordestino é conhecido pela simplicidade das obras e como forma de expressão de uma região castigada por secas, mas, frequentemente, lembrada pela beleza de suas paisagens e por possuir uma cultura repleta de simbologias. Entre as obras mais vistas podemos destacar as tradicionais bonecas de pano e os conhecidos calçados de couro, que, além de fazerem parte do imaginário popular também são marcas da identidade cultural paraibana.
E, como em tantos outros lugares do mundo, o artesanato serve como fonte de renda para inúmeras famílias e se encontra desprendido dos conceitos clássicos do belo e do feio. Na Paraíba, um dos estados com maior representatividade cultural da região Nordeste, é conhecido como difusor da criatividade de sua população. Mas, ao contrário do que muitos pensam, só é considerado artesanato o produto criado manualmente em material regional que reproduz características culturais e originalidade étnica. Por exemplo, uma pessoa que cria obras com características nordestinas em um estado da região sul é dita como “possuidora de habilidades manuais”, e não artesã.
Lembrando que não podemos tratar esta forma de arte apenas em seu contexto cultural, pois o artesanato é também fonte de renda para alguns e objeto de desejo para muitos. “Além de ser uma forma de expressão popular significativa, não podemos esquecer a importância que essas peças têm no âmbito econômico de diversas famílias que trabalham na venda de tais obras”, destaca Fernanda Dias, estudante de Filosofia da UEPB. “Quando adquirimos um produto, estamos ao mesmo valorizando o trabalho de um artista e ajudando sua família”, finaliza.
Joseane Sousa de Melo, de 44 anos, trabalha na confecção e venda de bolsas e roupas há cerca de 20 anos. Com peças que variam entre 15 e 70 reais, afirma que além de prazeroso, o trabalho resulta em lucros. “Nunca me faltou nada. Meu marido e eu criamos nossas duas filhas sem dificuldades e muito bem”, diz.
Apesar de tudo, a comercialização do artesanato nem sempre atinge o sucesso, um exemplo próximo e conhecido dos paraibanos é a Vila do Artesão, situada em Campina Grande e vitrine para o trabalho de inúmeros artistas campinenses. O preço das mercadorias expostas nas lojas é relativamente menor que em outros lugares, já que as peças vendidas no local são produzidas pelos próprios vendedores, diferentemente de outros lugares, onde o artesanato é trazido de outros estados. “A visitação de cidadãos campinenses é praticamente nula. Podemos ainda contar com a presença de turistas interessados em artesanato quando excursões vêm até aqui, mas mesmo assim a maioria apenas olha e elogia o produto”, diz Irineide Silva, que trabalha na Vila desde a sua inauguração.
O local foi criado a partir do envio de um projeto para o Ministério da Cultura, que aprovou a ideia e construiu barracas para a venda do trabalho de cerca de 80 artesãos. “Precisamos de políticas que incentivem os cidadãos campinenses a, ao menos, visitarem este local”, finaliza a artesã Irineide.
Edição: Carmem Nascimento