São João: A festa das lembranças

Campina Grande, 4 de junho de 2013

É comum ouvir de nossos avós, nossos pais ou até lembrar a nossa infância e perceber que os festejos juninos sofreram algumas mudanças. A festa que antes era comemorada em família, ou em comunidades rurais, ao som do autêntico forró, fogueiras e comidas típicas da época, foi ganhando outros moldes e, no caso de Campina Grande, ficando mais centralizada.

A senhora Hilda Maria, de 93 anos, nos contou que no sítio onde morava durante sua infância,havia cerca de 10 famílias que se reuniam nos dias de São João e São Pedro para celebrar os dias dos santos, louvar à Deus e festejar. A idosa, que morou na zona rural de Alagoa Nova até os 20 anos, relembra o São João não apenas como uma festividade, mas também como uma demonstração de fé. “No dia de Santo Antônio só saía para dançar na fogueira quem era solteiro. Só parei de celebrar no sítio quando fui morar no Rio de Janeiro, aos 20 anos.”, afirma.

As simpatias, as brincadeiras e as quadrilhas formavam o cenário familiar, onde as tradições eram o centro de todo o festejo. É o que conta Maria Célia dos Santos, de 57 anos, que viveu grande parte de sua juventude na zona rural de Queimadas junto com mais sete irmãos. Desde muito cedo, aprendeu com a mãe o respeito pela religião e as tradições cristãs. Costumava participar das celebrações dedicadas a todos os santos. A mãe fazia vista grossa para que toda a família se dedicasse e respeitasse o simbolismo e a importância daquelas datas. Segundo Maria, isso foi muito importante para sua formação religiosa. Emocionada, nos fala que, apesar da sua educação rígida, sempre teve espaço para brincar e se divertir. Nas festas de São João, sempre soltava bombas e fogos de artifício com os irmãos, brincava de pular a fogueira, de quadrilha e ciranda com as amigas, ouviam o forró e dançavam. “Eu fazia as orações e as simpatias, junto com minhas primas, por que minhas tias insistiam. Mas confesso que não acreditava muito”, diz Maria Célia.

Assim como Hilda Maria, Maria Célia perdeu um pouco do entusiasmo pelo São João, mas acredita que a essência dos Festejos Juninos nunca será esquecida, ao menos pelas pessoas mais velhas.


Edição: Carmem Nascimento


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