Tradição que se mantém: roupas juninas

Campina Grande, 4 de junho de 2013

O mês de junho chega e com ele o São João, festa mais esperada pelos nordestinos. Reverenciado pela sua disseminação cultural, é uma festividade rica em tradições. Para acompanhar nada melhor que um traje adequado para cair no arrasta-pé. É nesse período que as costureiras são solicitadas pelo corte e costura dos trajes juninos. As mães são as maiores freguesas, pois encomendam roupas estilizadas para seus filhos devido às festas juninas realizadas nas escolas, mantendo a tradição das quadrilhas com sua explosão de cores. 

Hoje, porém, diminuiu a procura pelas roupas customizadas, sendo encontradas em eventos especiais, como nas festas típicas por exemplo. Em outros tempos, os rapazes preferiam camisas quadriculadas, calças cheias de remendos coloridos, chapéus de palha e chinelos de couro. Já as mocinhas, buscavam um “look” clássico, com trancinhas ou marias-chiquinhas no cabelo e as saias rodadas com várias camadas e babados, que nunca deixarão de ser tradicionais em quaisquer arraiais.

“É uma pena o que as pessoas estão fazendo com a memória da festa junina, os trajes são uma tradição que não deveria ser esquecida. É como se não houvesse chocolate na Páscoa ou presentes no Natal”, segundo a costureira Eliane Barbosa que realiza seu trabalho de corte e costura a mais de 10 anos. Ela ainda afirma que não há tanta procura pela confecção de vestidos juninos como antigamente. Como as escolas estão deixando de organizar as quadrilhas, aos poucos, a procura pelo visual da tradição tem diminuído bastante.

Antigamente havia o “Arraiá do Bairro”, onde a comunidade se reunia e confraternizava com a toda a vizinhança, todos vestidos de acordo com o evento e também uma festa muito forte no interior.  Hoje, o São João está ligado aos grandes centros, os majestosos palcos que trazem grandes atrações. “São lindas as festas que acontecem nas cidades, todo o pessoal se mobiliza para marcar presença nessas grandes noites, mas ainda sinto saudade da minha velha fogueirinha na frente de casa com o grupo de moças e rapazes dançando com aquelas roupas exuberantes”, afirma o senhor Emanuel Luna, 68 anos, relembrando as calças de remendo e as florzinhas de chita nos vestidos que sua mãe costurava nessa época do ano.

Além de enriquecer a cultura do nordeste, carregando cor e alegria, as roupas típicas utilizadas na tradição das quadrilhas geram uma fonte renda para aqueles que abastecem a memória do São João.

Edição: Ronaldo Júnior


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