Desde pequenos as pessoas são acostumadas a escutar os repentistas nos rádios no Nordeste, ver os grafites nas rua ou os cordéis na feira, apesar de fazerem parte principalmente do cotidiano dos marginalizados esse tipo de arte é também comunicação. Na América Latina há diversos pesquisadores que têm como principal objeto de estudo estes aspectos, esse campo de pesquisa que é chamado de folkcomunicação.
Na Universidade Estadual da Paraíba todos os anos acontece o Seminário “Os Festejos Juninos no Contexto da Folkcomunicação e Cultura Popular”, que tem o objetivo de discutir e aprofundar conhecimentos sobre a cultura popular e a comunicação dos marginalizados, quebrando padrões de eventos acadêmicos, trazendo os próprios agentes da comunicação, ou seja abrindo para comunidade também demonstrar o que sabe, já que são os protagonistas dos estudos.
O evento foi idealizado pelo professor Luiz Custódio no ano de 2003, quando se aposentou da UFPB e foi aprovado em concurso público na UEPB. Nesse mesmo ano o pesquisador da comunicação José Marques de Melo recebeu o título Honoris Causa, da Universidade Federal da Paraíba. Custódio aproveitou para chamá-lo para uma conferência com alguns pesquisadores da folkcomunicação, que desde então acontece todos os anos. “O evento surgiu a partir dessa conferência com algumas mesas rodeadas por pesquisadores da área”, afirma o professor.
O professor do Departamento de Comunicação Social, Antonio Roberto Faustino, um dos organizadores, quando questionado sobre os benefícios afirma que “partimos de um evento muito mais social, comunitário, que se identifique com mais interesses da sociedade do que acadêmico. Nossa preocupação é de que na verdade estejamos dando oportunidade à sociedade para que possam expor seus interesses e problemas, provocando um debate entre todos”.
Segundo o aluno pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba, Luiz Felipe Bolis, “A cultura precisa ser valorizada, a conhecida e, principalmente, a (des)conhecida”, a partir desta frase eu compreendo o quanto a folkcomunicação se faz importante para a sociedade. Ela é uma guardiã das tradições e costumes dos grupos sociais, desde os seus primórdios que resguardam o início desta corrente de estudos, lá em meados da década de 1960 do século XX pelo professor Luiz Beltrão.” Além dele, o pesquisador José Primitivo Leal, do curso de Jornalismo da UEPB, compreende que “É através dos estudos da folkcomunicação que é possível entender como os grupos marginalizados se comunicavam”, ressalta.
Neste ano, o seminário acontecerá nos dias 12,13 e 14 de novembro, e terá como tema: O Protagonismo Juvenil nas Manifestações da Folkcomunicação e da Cultura Popular, celebrando os 15 anos do evento. A programação é composta por mesas redondas, palestras e oficinas. A novidade desta edição são os parceiros como o Festival Audiovisual Comunicurtas, através de oficinas, e o Projeto de Extensão Gente Nossa que estará na solenidade de abertura homenageando “As Ceguinhas de Campina Grande”.