O casamento coletivo é um dos eventos que fazem parte da programação do Maior São João do Mundo, e neste domingo (09) os casais participaram do último ensaio antes de dizerem o tão esperado “sim”, definitivamente. A cerimônia acontecerá no dia 12 de junho, dia dos namorados, na pirâmide do Parque do Povo, como acontece todos os anos.
O evento que existe desde 1989, está em seu 30º ano, e durante todo esse tempo já realizou o casamento de mais de cinco mil casais com diferentes e divertidas histórias de amor. A cerimônia e tudo que a envolve, é custeada pela Prefeitura de Campina Grande, desde as despesas com cartório, das vestimentas dos casais, bolos e buquês. E Desde que passou a ser realizado pela Juíza, Dra. Ivna Monza, o casamento ganhou um toque regional ao ser conduzido em literatura de cordel, verso e prosa.
A cerimônia é tão importante que já está enraizada na cultura e tradição de Campina Grande e já virou até tema de TCC (trabalho de conclusão de curso). Antônio Carlos Lucena, 38, está em sua segunda graduação, cursando jornalismo na UEPB e optou por abordar os impactos do casamento coletivo no maior São João do Mundo, em sua monografia, por estar engajado na organização do evento, na Secretaria de Cultura de Campina Grande e ver de perto as histórias que unem esses casais e o quão importante é essa oportunidade para os noivos. Segundo Antônio Carlos, a realização do casamento é também parte de uma questão social, uma vez que a maioria dos casais que participam não têm condições financeiras para realizar a cerimônia da maneira convencional. Para o graduando em jornalismo, uma das coisas que mais chamou sua atenção, são os casais que se divorciaram e casaram-se novamente no casamento coletivo. Essa é só uma das muitas histórias que se encontram nesse período.
Abdias Alves de Souza, músico conhecido como Abdias do Acordeom e Maria Lucia Ferreira é um dos casais que optaram por se casar este ano para comemorar os 20 anos de união. Além deles, o casal Nilson Alves (46) e Regina Celi (35) que estão juntos há 11 anos, também irá oficializar a união este ano. O casamento é um presente de aniversário do noivo para a sua companheira, que tinha o sonho de oficializar a união.
Para conseguir juntar todos os amigos em um só lugar e superar as diferenças de todos eles, o casal Rayane Andrade e Yarlei de Brito decidiu por se casar no Parque do Povo. O casal está junto há sete anos e há três moram juntos, mas só conseguiram participar este ano. Rayane conta que no primeiro ano em que decidiram se casar perderam o prazo das inscrições, no segundo estariam trabalhando, e no ano passado, por conta de um grave acidente que sofreu, a assistente social ficou impossibilitada de participar. Depois de tantos imprevistos, este ano o casal conseguiu e vai estar presente no casamento, no dia 12 de junho.
É no casamento coletivo que muitos casais veem a oportunidade de quebrar as barreiras do preconceito, celebrar o amor e a homo afetividade. A organização já inseriu a união de casais homo afetivos e este ano de 2019, dois casais irão participam. José Souza Lima (27) e Anderson Santos (23) estão juntos há sete anos e já têm um filho de um ano e sete meses. “Para mostrar que é possível vencer o preconceito e que vale a pena acreditar no amor”, foi desta forma que Anderson justificou a opção do casal em se casar no Parque do Povo, entre tantas pessoas. Raila Barbosa (24), estudante do curso técnico de enfermagem e Camila Maciel (20) professora da educação infantil, estão juntas há um ano e seis meses e também estão entre os 164 casais que vão se casar este ano. O casal optou por se casar na tradicional festa por conta da cultura paraibana, do forró e do Maior São João do Mundo.
“Nós decidimos vencer o preconceito e mostrar para os outros casais que querem se casar, mas ainda estão presos a questões financeiras, por vergonha e por medo de enfrentar a sociedade. A gente veio pra isso, pra quebrar esse tabu e pra mostrar as pessoas que elas também podem!” relata Raila.
Apesar de ainda sofrerem preconceito, principalmente por parte da família, as duas meninas sempre sonharam em se casar, mas sabiam que sozinhas seria muito difícil conseguir realizar esse desejo, foi então que viram no casamento coletivo a oportunidade de realizar esse sonho e celebrar o amor como tantos outros casais.