Na noite de ontem, 14, no Quartel General do Forró, a dupla José Robério, com nome artístico de Condor, e Will Jefferson, conhecidos por cantar a embolada de coco, ritmo da música nordestina composto com trechos satirizados e produzidos através de rimas e improvisos, preparavam-se para mais uma apresentação.
A embolada de coco, estilo interpretado por Condor e Will, é um ritmo antigo e já foi tocado por diversos nomes conhecidos, como o artista Jackson do Pandeiro, um dos homenageados d’O Maior São do Mundo este ano, o músico costumava acompanhar sua mãe nas emboladas desde pequeno tocando uma zabumba.
Dentre os exemplos de inspiração de Robério, estão o pai e o avô dele, que, segundo o artista, escutavam a canção e faziam com que ele despertasse o interesse pelo canto. “Desde criança eu escutava as fitas com as emboladas e nas viagens eu escutava e cantava com meu pai e fui aprendendo. Cresci lendo literaturas de cordel” , afirmou.
Em Campina Grande, os artistas se destacam por apresentações irreverentes nos ônibus coletivos. De acordo com Will a ideia de se apresentar nos ônibus começou com Condor e foi iniciada em parceria com um poeta chamado Lua Nova. “De vez em quando ele bebia. O famoso cantador gostava de tomar uma e de vez em quando chamava meu amigo pra tomar uma e irmos juntos para o coletivo se apresentar”, relatou.
Diante disso, a valorização da cultura é destacada pelos compositores, principalmente no São João, onde os turistas aproveitam para apreciar as peculiaridades da região. Há exatamente quatros anos, o poeta Will iniciou no Parque do Povo tocando pandeiro e transformando um simples espetáculo em um show tradicionalmente nordestino.
“Começou com uma apresentação minha tocando o pandeiro, convidei meu amigo e resolvemos vir para o Parque do Povo. Sempre na época do São João, quando os turistas movimentam a cidade e nossa apresentação foi aceita pelo público”, afirmou Will.
Assim como o forró, a embolada de coco é uma marca cultural do São João. Os estilos musicais representam a historicidade e resistência do povo nordestino e não seria diferente para Condor. “Temos trabalhos para mostrar para as pessoas, escrevemos mas nunca paramos para publicar. É muito raro o trabalho do embolador de Coco, na cidade de Campina Grande, praticamente só somos nós que vivemos realmente da profissão”, finalizou o poeta.