O talento e o amor pela tradição nordestina estão presentes nesse grupo potiguar, formado por músicos de várias idades.
Gerações que respiram cultura e amor pelo forró. São eles, os jovens do grupo “Orquestra Sanfônica de Parnamirim – RN”, que desembarcou no quartel general do forró após uma apresentação na abertura do “São João do Carneirinho”, tradicional festa realizada em Campina Grande – PB.
O grupo é misto e formado por crianças e jovens que desejam desenvolver a musicalidade. São “pequenos grandes” artistas, que, apesar da pouca idade, mostram ter talento de sobra, quando o assunto é executar um bom forró e fazer quem está passando por perto apreciar e logo se animar para seguir no ritmo da sanfona e puxar um “dois pra lá, dois pra cá” com o pés.
“Eu estava passando aqui perto da pirâmide, vi esse grupo de adolescentes e crianças com sanfonas e zabumba e logo corri para apreciar esses artistas. Porque são sim, artistas. Isso aqui é cultura pura. E é lindo ver quando vêm e incentivando desde quando crianças a terem um acesso a isso”, falou João Morais, 32, sobre o grupo. E ainda completou: “Minha intenção era olhar e tirar algumas fotos, mas acabei dançando, embalado pela energia que esses jovens transmitem.”
Renato Barbalho, coordenador do “Orquestra Sanfônica”, conta que o projeto recebe total apoio da prefeitura da cidade e fala do prazer e alegria que é estar no Maior São João do Mundo, mesmo espontaneamente, já que não foram convidados: “já tocamos agora há pouco, na abertura do São João do Carneirinho, e viemos ao Parque do Povo pra dar essa oportunidade às crianças do projeto que ainda não conheciam o São João de Campina Grande. Esse projeto é uma iniciativa social, que visa manter essa nossa cultura nordestina de forró sempre viva, ainda mais num meio junino como esse, aqui em Campina, que tem tudo a ver.” Ele ainda fala do importante papel social que a música pode exercer na sociedade: “isso também é para mostrar à sociedade que o jovem, a criança e o adolescente têm outros caminhos, a não ser criminalidade. Então esse é o intuito do projeto, que já estamos desenvolvendo há mais de 4 anos, na cidade de Parnamirim-RN. E temos ainda a esperança de, no ano que vem, poder estar aqui em algum desses palcos, porque hoje estamos aqui no improviso.”
O talento nato de todos que participam do grupo é visível; em alguns casos, é um dom que já vem de família e passa de geração em geração. Um exemplo é o jovem Zé Hilton Filho, de 20 anos, que herdou o dom de tocar sanfona do seu pai, o conhecido compositor e sanfoneiro Zé Hilton do Acordeon, que já compôs grandes sucessos do forró como “Tentativas em vão”, sucesso na voz de Wesley Safadão, e a música “O que tem que ser será”, que foi uma das músicas de forró mais conhecidas do ano de 2004, com a banda Aviões do Forró. “O que me incentivou a tocar foi o pessoal em volta, o meu pai que também toca, então já vem de família, né? Eu comecei a pegar o instrumento desde quando tinha 5 anos de idade e até hoje eu estou por ai, tocando em vários lugares.” E o jovem faz questão de demonstrar toda a admiração que sente pelo pai: “Inclusive, meu pai ganhou, há dez anos atrás, aqui em Campina Grande, um concurso, e o prêmio foi uma sanfona Leticce, do Amazan” pontuou o jovem talento.
O gosto pela música nordestina, faz os pequenos despertarem a vontade de participar do projeto, o que é bem evidente na pequena Yasmin Brito, de apenas 11 anos de idade. Ela é uma das principais vocalistas do grupo e nos conta quanto o projeto ajuda na sua desenvoltura como artista: “Desde muito pequena, eu comecei a tomar gosto pela música, principalmente a nordestina.” E concluiu: “Essa desenvoltura minha é muito por causa do projeto e também porque eu sinto a música dentro de mim. Então isso me ajuda a ter segurança no palco.”
Já o pequeno Mateus da Silva, de 9 anos, que está aprendendo tocar sanfona no projeto, não foi de muitas palavras, mas no pouco que falou, deixou claro que o desejo pela música nordestina veio desde muito cedo, quando sua mãe o incentivou a entrar o grupo. “É… porque minha mãe escutava muita música, aí a gente se importou pela música do forró e entramos no projeto orquestra sanfônica”, concluiu.
E é assim que funciona: o forró segue vivo e encantando cada geração. Todos se sentem contagiados pelo ritmo da zabumba, do triângulo e da sanfona.