Barulho de fogos atordoa cães no período junino

Campina Grande, 30 de junho de 2019  ·  Escrito por João Cardoso e Steffanie Alencar  ·  Editado por Edson Tavares  ·  Fotos de Arquivo Pessoal

Como os cães ouvem? 

Cão acuado com medo dos fogos de artifício.

A relação entre o homem e o cachorro vem de muito tempo, e naturalmente, você já deve ter ouvido falar que os cães têm a audição muito mais ampliada do que a de um ser humano. Não se trata de um mito. O animal tem mesmo uma audição quatro vezes mais apurada que a nossa, e, com a chegada dos festejos juninos, devido à forte incidência dos fogos de artifícios, eles acabam sendo os maiores prejudicados. São inúmeros os problemas provocados pelo barulho das bombas, que os deixam alvoroçados, nervosos e com medo dos sons dos explosivos.

Em baixas frequências, abaixo de 250 Hz, tanto o homem  quanto o cão compreende as ondas sonoras transmitidas por igual; já em alta assiduidade, os bichinhos de estimação acabam nos superando: enquanto escutamos 20.000 Hz, eles ouvem na faixa de 50.000 Hz, ou seja, 30.000 Hz a mais. Graças às orelhas flexíveis, eles conseguem detectar melhor as sonoridades; tanto faz se são levantadas ou caídas, isso não interfere em nada. Eles são mais sensíveis a certos ruídos.

Os fogos de artifícios são grandes inimigos dos cães. E é no período das festividades do mês de junho que os donos desses animais têm uma maior preocupação. Os explosivos vendidos em barracas específicas são dotados de um pavio para gerar a combustão inicial, que provoca a ascensão do foguete, explodindo no ar. Eles são usados em festas populares como Santo Antônio, São João e São Pedro.

Há diversos sons que até mesmo dentro da própria casa acabam prejudicando a audição canina, deixando-os muitas vezes inquietos: som de alta frequência, trovão, barulho de animais, sirenes, secador de cabelo, veículos barulhentos, aspirador de pó etc. Sabendo disso, você pode melhorar, e muito, a vida do seu amiguinho. Diversos veterinários aconselham que os tutores (termo que substitui “donos”, por sugerir proteção, amparo) procurem afastar seus bichos de  ambientes conturbados.

Veterinária Kalliup de Souza, em seu ambiente de trabalho

De acordo com a veterinária e Bióloga, Kalliup de Souza, coordenadora da Vigilância Ambiental de Pocinhos, os fogos são bastante prejudiciais para os animais: “Para nós, seres humanos, já é um barulho muitas vezes assustador. Nós vemos alguém soltar uma bomba e estamos sabendo que nesse período está tendo festa e nos assustamos, imagina para o animal, que não sabe o que está acontecendo.  O barulho, realmente, por eles terem essa audição mais aguçada do que a nossa, faz se manifestarem com reações, o que chamamos de sinais de medo. Não é fácil reconhecer quando o cão sofre com esses sons intensos, mas basta observarmos que eles mudam a atitude e o comportamento, chegam a ter tremores, ficam hiperativos, roem ou atacam objetos, escondem-se, afastam-se e se acuam, procurando um afago de seu dono”.

São muitos os problemas que chegam aos veterinários. “É nesse período dos fogos que ouvimos os principais relatos, como, por exemplo: o animal foge, fica perdido, nessa fuga por sua vez podem ser atropelados, brigam com outros animais, até mesmo com os que convivem; em casos mais sérios eles podem ter até contusões, casas que têm piscinas… recebo histórias de cachorros que morreram afogados, pois ficaram assustados. Alguns terminam, muitas das vezes, abocanhando um rojão ou alguma bomba, uma vez que, mesmo com medo, vão pra cima; alguns se enforcam na sua própria coleira, como uma forma de fuga, atravessam porta de vidro, batem a cabeça na parede chegando mesmo a óbito, assim como também o comprometimento da audição, ocorrendo dano físico e uma ruptura oriscelação”.  afirma Kalliup

 

Temos que cuidar do nosso amigo, mas como proceder?

Para a veterinária, que também é bióloga, devemos seguir as seguintes instruções ao pé da letra, assim amenizando os problemas  que podem causar nos animais: “Precisamos tornar tudo de forma mais natural; se sabemos que é uma noite de São João ou véspera, em que as crianças começam a soltar  fogos, então temos que recolher os cães ao quarto, com uma cama e comida apropriada, arrumar a areia do xixi, e sempre o proprietário tem que ficar por perto. Tudo isso para que ele  não se assuste tanto. E se tiver como ligar uma tv no quarto e ir aumentando o volume progressivamente, também ajuda muito, pois o animal não vai sentir tanto o abalo; é sempre bom deixar a luz da casa acesa, para que o bichinho de estimação não se assuste com a claridade, que, por sua vez, também passa a ser um empecilho”.

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