O dia de São Pedro foi reservado para Alceu Valença, o santo só não imaginava que justamente em seu dia o pernambucano iria tomar para si o protagonismo da celebração.
As primeiras notas da sanfona já anunciavam a chegada do pernambucano, com o seu show intitulado “Forró Lunar”. Logo de cara, o clássico de 1946, parceria entre Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, “Baião” foi a escolhida para abrir a noite de apresentações no Parque do Povo. Para dar continuidade aos primeiros minutos de apresentação, Alceu tira mais um clássico do seu chapéu de cangaceiro; surge então “Vem Morena”, acompanhada de um coro uníssono do público, que festejava enfim a volta do músico ao Quartel General do Forró.
Com um repertório cheio de sucessos consagrados dos anos 60,70 e 80, e homenagens a Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, mais que cantar, o artista de 72 anos mostrou que ainda há muito para oferecer para a cultura nordestina. Músicas gonzaguianas não faltaram em seu repertório: “Sabiá”, da década de 50, que Alceu faz questão de incluir em seu repertório, foi a deixa para celebrar o Rei do Baião.
Em “Papagaio do Futuro”, Alceu mostrou para o público campinense uma das principais referências de seu híbrido repertório musical, ao trazer para o palco do Maior São João do Mundo a música que ele cantou com Jackson do Pandeiro. O aboio em “Juazeiro” foi um dos momentos mais marcantes de seu show, em que prevaleceu o seu amor pelo povo sertanejo. As homenagens não pararam por aí e Alceu resgatou o clássico do maranhense João Batista do Vale “Pisa na Fulô”, brincando com a luneta do tempo musical e levando o público para 1934, ano em que a música foi composta.
Para celebrar um álbum que mostrou Alceu para o cenário musical, a escolhida foi “Coração Bobo”, música que completa 40 anos de existência e marcou o boom da carreira do cantor natural da cidade de São Bento do Una.
Nem só de música ficou marcado o show do pernambucano, que fez questão de, entre uma canção e outra, conversar com o público, que o recepcionou com muitos aplausos e gritos eufóricos. Em um dos momentos, Alceu aproveitou para contar a vez que ele conversou com Luiz Gonzaga sobre a adição das guitarras elétricas em suas composições e também sobre oportunidades em que ele cantou ao lado do músico e preparou um show para homenagear não só a ele mas vários nomes da música nordestina: “Estou privilegiando as músicas de São João, do forró verdadeiro, tanto Luiz Gonzaga, tanto Jackson do Pandeiro, tanto Papagaio do Futuro, música que Jackson cantou comigo [..] Pois em época de São João eu sou São João”, explicou o músico.
Entre um clássico e outro, o pernambucano não esquecia aqueles que fizeram parte de sua história; homenageou Zé Ramalho ao cantar “Táxi Lunar”, e ainda sobrou tempo para cantar o clássico “La Belle de Jour” – durante sua execução aconteceu um dos coros mais bonitos da noite. A música “Anunciação” já anunciava que o show estava para acabar e, para finalizar a noite, Alceu Valença escolheu “Morena Tropicana”, com todo o público entoando seus versos, quando o artista deixou os vocais por conta do público.
Alceu Valença desfilou, em quase duas horas de show, clássicos de mais de 50 anos de carreira, deixando a multidão presente em êxtase.