Escrito por Mateus Araújo
Fotos: Arquivo pessoal
Edição: Steffanie Alencar
Celebrar, reunir gente querida e se divertir mundo afora sempre foram hábitos comuns, pertencentes, principalmente ao povo nordestino, que se anima ainda mais no período junino. Agora, quando a realidade nos pede urgentemente um distanciamento necessário, é normal ver que o ser humano gosta mesmo é disso: tornar o outro parte do cotidiano, socializar. Como as relações mudaram, ainda que talvez temporariamente, as formas de se festejar também se transformaram. Assim, as confraternizações, celebrações e até as festas saíram do campo físico para explorar cada vez mais o mundo virtual.
Para Maysa França, por exemplo, o isolamento social não foi desculpa para deixar de realizar a primeira edição do arraiá da sua família do Encontro de Jovens com Cristo – EJC do município de Caturité. A tão aguardada confraternização não pôde acontecer nos moldes tradicionais, mas com um bom jeitinho a partilha aconteceu.
“Durante as comemorações juninas, as pessoas costumam reunir a família para festejar. Seria a primeira confraternização junina da minha família de EJC. Como esse ano tudo está mudado, e os abraços calorosos foram substituídos por troca de mensagens e chamadas de vídeo, foi preciso nos adaptarmos à essa nova realidade. Como irmã mais velha, senti que tinha que fazer algo para que esse momento tão fraterno não passasse em branco”, revelou Maysa.
Ela decidiu então organizar um arraiá virtual, com direito à comidas típicas e a tradicional apresentação de forró. Tomando todas as medidas necessárias para evitar uma possível contaminação pelo novo coronavírus, marmitinhas com comidas típicas foram entregues nas casas de todos os integrantes do grupo. E em um horário combinado previamente, todo mundo pode conferir um show virtual organizado entre eles mesmos. O clima junino foi tão contagiante, que mesmo separados, os jovens se produziram a caráter, com direito a vestido de quadrilha e roupas com estampa xadrez.
Vitória Cabral, uma das participantes do grupo, apesar de achar a experiência inusitada, gostou muito da ideia: “O São João deste ano foi bem diferente, foi um arraiá virtual. Algo incomum para mim, que sempre comemorei com a minha família toda reunida na casa da minha avó. Para mim, junho sempre foi sinônimo de casa cheia, fogueira e fogos de artifício. Mas eu acho que devemos saber aproveitar, só tenho a agradecer por ter a oportunidade de ter um arraiá virtual, e poder comemorar a melhor época do ano, mesmo sendo de um jeito diferente”, disse.
Com o novo momento, cada um tem que celebrar direto da sua casa, fazendo uso das comodidades que a tecnologia nos oferece. A gente sabe que as telas não podem substituir o calor humano presente nos abraços, nem a quentura das fogueiras acesas em celebração aos santos juninos. Mas é assim, com força de vontade e muito improviso, que as tradições vão se mantendo como uma forma de lembrar dos bons motivos que todos nós ainda temos para agradecer, mesmo em tempos tão conturbados.