Vila do Artesão encanta turistas e visitantes em Campina Grande

Campina Grande, 23 de abril de 2023

A Vila tem shows com artistas locais e preserva trabalho de artesãos, além de ser bastante procurada por turistas, sobretudo no São João


Repórter: Matheus Farias e Louyz Lourrana
Fotografia: Bianca Menezes

 É possível encontrar, na Vila, desde chaveiros até capas para sofá (Foto: Bianca Menezes).

         

Em meio ao vai e vem de pessoas, existe um espaço que exala cultura e encanta com arte em plena área central de Campina Grande. Estamos falando da Vila do Artesão, espaço que foi criado em dezembro de 2010 pela Prefeitura Municipal para reunir artesãos e valorizar a cultura local.

Ao entrar na Vila, o visitante se depara com um lugar que faz referência a elementos de cidades do interior onde as casas são bem próximas umas das outras e a cultura popular é encontrada amplamente pelas ruas. Ruas, aliás, que recebem nomes de santos juninos e que abrigam cerca de 77 lojas no local.

Com praça de alimentação, réplica de uma casa de taipa e auditório com capacidade para 100 pessoas, o local funciona durante o ano todo de segunda a sábado das 10h às 18h. No período de São João, o horário é estendido, funcionando de domingo a domingo, das 9h às 19h, mas quem quiser dançar forró por lá não precisa esperar pelos 30 dias do Maior São João do Mundo de Campina Grande.

Todo sábado, a partir das 14h, tem festa na Vila com trios de forró. A ação movimenta os restaurantes do lugar e dá destaque a artistas locais, muitas vezes ainda iniciantes, mas que já projetam talento para o público presente. É o caso de Júnior Lima, integrante da Banda Forró no Fluxo, que se apresentou no sábado (22/04) e  que conta a alegria que foi de cantar e tocar na Vila: ‘‘É a primeira vez que toco aqui. Estou voltando aos palcos depois dessa pandemia mas espero voltar muitas e muitas vezes aqui na Vila do Artesão com fé em Deus’’.

O forró da Vila é tradição em Campina Grande e reúne muitos forrozeiros (Foto: Bianca Menezes).

   Os comerciantes também gostam dessa movimentação todo sabado, dia em que há maior circulação de clientes no espaço no período da tarde, como conta Socorro Oliveira, que tem um dos restaurantes mais movimentados na praça de alimentação:  ‘‘Eu gosto muito desse forró aqui na Vila pois traz um bom incentivo para o nosso trabalho,’’ afirmou ela entusiasmada. Quem gosta também dessa prévia do São João com forró é o público, como reforça Dona Socorro, assídua frequentadora do forró na Vila: “Estou aqui todo final de semana e acho que esse forró foi a melhor  coisa que já fizeram aqui. É maravilhoso,” afirmou à reportagem. 


   VILA DO ARTESÃO REAFIRMA ARTESANATO LOCAL

 Em um passeio pela Vila podemos encontrar muitos artesãos orgulhosos de participar desses 13 anos de história da Vila do Artesão. Carmem Sheila é uma das artesãs que batalha todos os dias pela valorização da cultura regional. Conhecida por seu trabalho como artista plástica, ela também faz outros tipos de arte, além de ministrar cursos de pintura para iniciantes. Sheila conta que chegou na Vila após muita luta: ‘‘Nós fazíamos exposições nas praças da cidade, principalmente na Praça da Bandeira, e não foi fácil conseguir esse espaço. Com muita luta e união nós conseguimos. Não deu para todo mundo, claro, mas a grande bênção é que a gente não tem um custo muito alto para ficar aqui e também temos toda uma estrutura de funcionários a nossa disposição’’. 

Sheila conta ainda que a Vila do Artesão tem alguns desafios a serem superados: ‘‘É necessária uma divulgação que aumente a visitação de pessoas da cidade e de turistas porque no Maior São João do Mundo a Vila fica bastante visitada e passando esse período diminui, não totalmente, mas eu acredito que uns 80%.  Nós temos despesas o ano inteiro, obviamente,’’ reclama ela.

Outra artesã, Joseane de Melo, reforça esse apelo por mais divulgação e acrescenta: ‘‘Eu acho que a visitação aumentaria 90% se tivesse fluxo de ônibus urbano e também tem a questão da Guarda Municipal que usa galpões da Vila e isso nos prejudica totalmente porque a gente precisa ter galpões para produzir e ter cursos. Tem muitos artesãos que estão em casa porque não tem como ficar aqui’’, reforça. Joseane de Melo confecciona bonecas há 11 anos no local. Mesmo diante de algumas dificuldades, ela diz como se sente em trabalhar no local: ‘‘Privilegiada, pois eu acho que se a gente não lutar pela Vila ela acaba como muita gente, inclusive, quer. Enquanto houver um artesão disposto a trabalhar, estamos aqui.’’

Dona Carmen Sheila mostra com orgulho a arte que faz em canecas. (Foto: Bianca Menezes).

De acordo com o administrador da Vila, Erasmo Rafael, ações de marketing para divulgar o trabalho dos artesãos vêm sendo desenvolvidas: ‘‘A gente recebe um bom fluxo de pessoas em eventos como o Natal iluminado, o Maior São João do Mundo e o Encontro para Nova Consciência, mas a gente pretende, juntamente com o setor de comunicação da Prefeitura, um estudo de marketing de mídia em rádio, TV e redes sociais. Infelizmente as coisas demoram, mas a administração está empenhada para atrair mais público para cá.’’

Ele afirma, ainda, que vem buscando, junto à Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP), colocar linhas de ônibus que passem pelo local e que durante o São João a Vila terá uma programação especial criada pela empresa que venceu a licitação para gerir o Maior São João do Mundo, em Campina Grande, a Arte Produções de Eventos Artísticos e Locações Ltda. A Vila é vinculada à Agência Municipal de Desenvolvimento (AMDE) que, em contato com a reportagem, informou que a Guarda Municipal está na Vila para trazer segurança aos artesãos e visitantes não havendo intenção de atrapalhar o funcionamento do espaço e que está havendo a divulgação da Vila por meio de várias ações de marketing e que vai colocar em breve rampas para melhorar a acessibilidade do espaço.

O fato é que, mesmo com os desafios, a Vila do Artesão deveria ser ainda mais visitada, sobretudo pelos moradores da Rainha da Borborema. Em cada arte produzida ali, podemos encontrar a história de uma pessoa, de uma família e de uma região e da cultura da região. Há histórias de artistas que estão ali porque aprenderam o ofício do artesanato com seus antepassados e essa tradição familiar vai passando de geração para geração. O Nordeste, com todas as suas riquezas e potencialidades, está bem representado nas peças da Vila.                           

 O visitante pode encontrar muitas peças para decorar a casa ou presentear alguém. (Foto: Bianca Menezes)

      

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