Repórter: Samya Amado
Fotógrafa: Ana Lima, Arthu Alexandre e Isabella Silva
Editora: Gabryele Martins
Que o Parque do Povo é palco para grandes histórias de amor, todo mundo sabe. Mas você imagina como foi feito o casamento coletivo deste ano? Os preparativos começaram desde março e o casamento foi tomando forma. No sábado (09) aconteceu o último ensaio para o cortejo e na última segunda-feira (12) foi realizada a tão sonhada cerimônia.
As noivas chegaram no início da tarde para receber os cuidados do famoso “dia de noiva” que incluíam massagem, quiropraxia, maquiagem e penteado, além de um lanche reforçado antes da celebração. Todos os detalhes da festa são feitos pela Prefeitura Municipal de Campina Grande e o casamento coletivo já beneficiou mais de 2.500 casais. Além da roupa, os noivos ainda ganham a cerimônia, a união civil, custos do cartório e toda uma produção cheia de detalhes.
Tradição na cidade, o dia dos namorados é sempre marcado pela celebração coletiva de casais que desejam dizer o “sim” mais esperado da vida deles em meio aos festejos juninos, perante os olhares atentos de centenas de pessoas.
Por falar em tradição, Ana Caroline (22) conta que escolheu o casamento coletivo não só pelos benefícios ofertados pela Secretaria de Cultura, mas pela sua própria história: “Estou seguindo a tradição familiar. Minha mãe casou no Parque do Povo, minha sogra casou no Parque do Povo e a gente tá seguindo a tradição (…)”.
O casal se conheceu através de amigos e não se desgrudou mais: “Desde a primeira vez que a gente ficou, se grudou e não separou mais”, disse ela.
Ana conta ainda que há dez anos a sua mãe e sogra participaram da mesma edição do casamento coletivo, o que deixa a história do casal ainda mais surpreendente e ligada ao São João. Se isso não for o destino, Ana nem sabe o que é.
Algumas pessoas dizem que o amor chega para os distraídos, outras provam que é preciso estar atento e forte, como Manuel Dantas (76), que conquistou o coração de Marileide Silva (50) depois de algumas rotas a trabalho na rua de casa. Juntos há sete anos, o casal lembra até o horário do primeiro encontro e do primeiro beijo. “Eu era vendedor de produtos, passei na frente da casa dela, ela deu com a mão para comprar e começamos assim, dia primeiro de junho às três e meia da tarde (…) ela se encantou pelo meu boa tarde” disse ele.
A emoção e ansiedade para o casamento fez Marileide perder cinco quilos antes do tão sonhado dia. Ela conta, com lágrimas nos olhos, que sua mãe se emocionou muito com o pedido de casamento que Manuel fez, mas que não poderia estar presente na celebração: “Minha mãe morreu há dois anos, mas ela amava demais o genro dela, tratava ele como filho e eu sei que ela gostaria de estar aqui”.
Qualquer maneira de amor vale amar
O amor pode te esbarrar em um corredor, pode fazer uma rota de trabalho na sua rua ou pode te encontrar virtualmente. Não há barreiras intransponíveis quando se trata de amar. É o que conta o casal Jonathan Oliveira (28) e Arão Quirino (26). “A gente se conheceu nas redes sociais e marcou de se encontrar na integração. No início fiquei com medo de não ser a mesma pessoa. Foi amor à primeira vista, mas só depois da primeira vista mesmo”, conta Jonathan.
Arão explica quem deu o primeiro passo: “Eu pedi ele em namoro e tudo foi fluindo, depois de três anos fomos morar juntos, mas já estamos unidos há seis anos […] eu queria a minha festa de casamento com tudo, então como eu não iria conseguir fazer o casamento dos sonhos na minha cidade, que é em Olivedos, decidimos procurar o casamento coletivo como uma forma de economizar”, ressaltou.
Junho não é apenas o mês do São João, forró e comida típica, mas de celebrar o orgulho e declarar justa toda forma de amor.
Os noivos Adriano Santos (36) e Haroldo Limeira (50) escolheram o casamento coletivo para celebrar a união que já dura mais de uma década: “É um grande momento que a gente já vem há alguns anos protelando, mas a gente tá aqui para afirmar e reafirmar o sentimento que sentimos um pelo outro”, disse Adriano.
Haroldo conta que o casamento é o desejo de conclusão do enlace que eles já têm há 11 anos: “A gente tá muito feliz por isso! Embora eu seja de João Pessoa, há oito anos resido aqui, a gente mora junto e ele me apresentou o São João. Todos os anos a gente vem pra essa grande festa, festejar cada ano que estamos juntos”.
O noivo ainda lembra que o pedido foi feito aqui no São João de Campina Grande, em pleno Parque do Povo e dançando um forró. “O pedido foi feito há anos, a gente ficou se segurando, mas dos 40 anos [de celebração do São João] não teve como a gente fugir. A hora é essa”, ressaltou Haroldo.
Na edição deste ano, o casamento coletivo recebeu seis gestantes que escolheram firmar o matrimônio na pirâmide do Parque do Povo.
Rossana Oliveira (38) conta como começou essa história de amor: “Na verdade, nós nos conhecemos desde a infância. Depois que ele ficou viúvo, a gente se reencontrou no facebook”.
Ela disse que no início não tinha sentimentos pelo noivo, pois como as famílias dos dois se conhecem desde sempre, era apenas amizade. “Depois a gente começou a conversar e se conhecer melhor, ele veio de viagem, ele morava em Caldas Novas, Goiás, e eu aqui em Campina Grande. Aí quando ele veio ano passado de férias, a gente se encontrou. Ano passado a gente se encontrou, ano passado eu fui para a Caldas Novas, vim de lá pra cá e agora a gente está se casando. E o menino veio de lá já pronto, foi feito em Caldas Novas!”, falou ela.
A noiva, que já chegou ao nono mês de gestação, conta que já queria se casar e aproveitou a oportunidade dada pela Secretaria de Cultura da Prefeitura.
Rosemary Freire (55) não só escolheu o noivo, mas decidiu cultivar a sua história de amor ao longo de alguns anos. “Ele foi meu primeiro namorado, depois ele casou com outra mulher, teve dois filhos e eu casei e tive um filho. Após alguns anos ele se separou, eu me separei também e a gente se reencontrou”, disse ela.
Rosemary conta que o casal foi morar junto e que tiveram um filho, mas o noivo nunca se interessou em casar com ela, enquanto ela era louca para casar. Após um tempo, o casal enfrentou novamente uma separação, mas se engana quem pensa que ela desistiria tão fácil assim: “Depois de separado ele arrumou uma namorada e ia casar com ela. Então eu disse: é o quê? Eu que aguentei trancos e barrancos e ele não quis casar comigo? Aí vem uma que eu não sei nem de onde, que ele não sabe nem se vai dar certo e quer casar com ela? Aí fui lá e disse pra ele: chegue, que não é assim que a banda toca não!”, conta ela em meio às gargalhadas.
Depois de tantos anos ela realizou o sonho de casar “no papel” com o primeiro namorado.
Ela contou que queria casar vestida de noiva e como os dois já tinham sido casados na igreja, decidiram participar da cerimônia coletiva no Parque do Povo.
As arquibancadas estavam cheias, a noiva estava radiante, mas existia um lugar que só poderia ser ocupado por sua mãe. Rosemary contou emocionada que ela faleceu há três meses e que queria trazê-la para perto neste momento tão especial de alguma forma: “Falei com o cerimonial e eles me permitiram entrar com um balão em homenagem à ela”.
Foi assim que Rosemary Freire entrou na cerimônia: com um pedido de bênção e o coração cheio de gratidão por estar realizando um dos maiores sonhos de sua vida.