Como as produções de comidas típicas começam a ser preparadas bem antes do tradicional mês de junho.
Repórter: Eduarda Queiroz
Fotografia: Eduarda Queiroz
Editora: Gabryele Martins

As Festas Juninas constituem a segunda maior comemoração realizada pelos brasileiros, ficando atrás apenas do Carnaval, e com isso é quase improvável que com a chegada do mês de junho um nordestino não pense em comidas à base de milho. De fato, a origem histórica das tradições desta festa vem da Europa. Por lá os agricultores comemoram o fim da colheita de trigo no verão, de junho a setembro. Com a colonização, essas tradições se infiltraram no Brasil, mas não éramos produtores de trigo, e sim de milho. O que deu origem à culinária junina muito enraizada aqui no Nordeste.
No Cariri do estado da Paraíba, no sítio Jaramataia, que pertence a cidade de Parari, a plantação de milho começa em meados do mês de março, para garantir a safra para a produção de comidas típicas para os festejos juninos. Por tradição, a maioria dos agricultores espera até o dia 19 de março, dia dedicado pelos católicos a São José, pois segundo a profecia, se chover nesta data, será um ano de boa colheita e, consequentemente, de uma boa produção de canjica e pamonha.
PLANTAÇÃO

Após as primeiras chuvas, a prefeitura da cidade disponibiliza um trator para o corte de terras, a prestação de serviço dura entre duas a três horas, dependendo da área a ser plantada. A plantação de milho do agricultor Edésio Correia, de 69 anos, ocorre em uma área de dois hectares. A produção é feita de uma maneira rudimentar, com a utilização de enxadas para cavar, colocar o milho, e cultivadores para remover o crescimento de plantas ao redor da lavoura. Em outra área, o agricultor Ivanildo Luís, faz a plantação em um espaço de dois hectares. No entanto, ele utiliza de recursos mais modernos para a plantação, como a plantadeira e o auxílio de um boi.
COLHEITA

A colheita ocorre entre 70 e 90 dias após a plantação. “Com esse novo milho, demora menos para a gente colher. Geralmente não chega a 90 dias. Mas, por conta das chuvas, às vezes demora mais”, comenta o agricultor Edésio. Como a plantação é apenas para o consumo e fazer as comidas no São João, não há contratação de trabalhadores para ajudar na coleta. O objeto utilizado para o colhimento dos grãos é apenas uma tipoia, item esse, que é feito com um saco de nylon, e alça de couro.
PRODUÇÃO DAS COMIDAS TÍPICAS

Após a colheita, a produção das comidas típicas é tradição. É o que representa na culinária o que é o São João, canjica e a pamonha são as comidas mais produzidas na comunidade.
A variação das chuvas interfere na qualidade do milho de maneira que interfere nas comidas. “Quando não chove muito, e o milho começa a secar, é o ideal para produzir a canjica, e o mais verde é para pamonha”, menciona Edésio.
A utilização de moinho e raladores de alumínio são os utensílios usados para auxiliar na produção da canjica e pamonha. Maria Marisete de Queiroz, hoje com 55 anos, aprendeu a fazer comida à base de milho aos 15, vendo sua mãe Ana Maria, de 92 anos, produzir. “Para fazer a pamonha, precisa ralar o milho, e com a palha que fica, pressiona com a mão, coloca sal e açúcar a gosto e faz os copos com a palha do milho. Depois, coloca em água fervente e espera cozinhar ”. Já para a produção da canjica, é necessário moer o milho em um moinho, posteriormente lava a massa, e com o caldo que sobra faz canjica. “A canjica é mais fácil de fazer, porque depois que lava e mói, é só colocar no fogo e ficar mexendo”, menciona Marisete.
Além da canjica e pamonha, o milho é aproveitado para assar ou cozinhar. Plantar, colher e fazer as comidas de um tradicional São João demanda tempo e esforço, faz parte de uma cultura e de uma tradição.