Regina é a idealizadora da Mostra Movimento Armorial que contempla vários eventos paralelos.
Repórter: Matheus Farias.
Fotógrafas: Bianca Menezes e Jade Rocha.
Editora: Thaylanny Almeida.
A Mostra Movimento Armorial presente no Museu de Arte Popular da Paraíba, mais conhecido como “Museu dos Três Pandeiros”, tem movimentado Campina Grande desde o mês de maio. Ela deveria ter acontecido em 2020, ano em que o Movimento Armorial criado por Ariano Suassuna completou 50 anos, mas por conta da pandemia da COVID/19 o evento estreou em 2021 no sudeste e desembarcou esse ano na terra de Ariano: a Paraíba. Mais de 250 mil pessoas já visitaram a Mostra nas cidades por onde passou até chegar na Rainha Da Borborema.
O prédio do museu sofreu várias adaptações para receber a exposição que conta com o apoio da Petrobras através da Lei de Incentivo à Cultura. Um dos vários eventos paralelos da Mostra é o Encontro Petrobras de Música Armorial. A idealizadora, produtora e coordenadora da Mostra, Regina Godoy, explica que o objetivo é exaltar a importância do Movimento Armorial no ano em que o Teatro Municipal Severino Cabral, sede do encontro, comemora 60 décadas de muita cultura e arte. O Repórter Junino conversou com Regina a respeito desse evento que vem sendo destaque na nossa cidade. Confira os principais trechos da conversa:
O Movimento Armorial é muito conhecido pela literatura, mas poucos conhecem as outras vertentes artísticas que esse Movimento explorou. Como tem sido a recepção do público em relação à Mostra Movimento Armorial?
Falar sobre isso até me emociona. O Movimento Armorial é conhecido por alguns, mas as novas gerações precisam se encantar porque ele é brasileiro e isso é muito importante. Todo mundo conhece o cubismo e outros movimentos artísticos internacionais, mas os nacionais são pouco conhecidos e ele luta em prol da cultura popular nordestina. Várias pessoas têm passado pelo museu, inclusive turmas escolares. Isso é muito importante.
Quais as linguagens artísticas foram exploradas pelo Movimento Armorial além da literatura, cinema e música?
Tivemos a dança, tapeçaria, artes plásticas mas, de fato, a literatura é mais conhecida por causa do mestre Ariano, idealizador desse movimento. Nós juntamos tudo isso na mostra. Lá no museu, a primeira coisa com que os visitantes se deparam são justamente as artes plásticas que sensibilizam as pessoas, pois elas passeiam e se reconhecem em vários momentos e obras do Armorial.
Como foi o seu contato com a Música Armorial?
Eu não conhecia a Música Armorial até o dia em que fui para apresentação de um grupo de Curitiba chamado Rosa Armorial e fiquei muito tocada porque esse estilo é diferente e com uma sonoridade única. A partir disso, comecei a pesquisar sobre ele e descobri que o Movimento criado por Ariano completa 50 anos. Assim, comecei a buscar ajuda de pessoas e de patrocínio.
As apresentações do Encontro Petrobras de Música Armorial são marcadas pela junção do cênico, dança e música. De que maneira funciona essa integração?
O Armorial não tem muitas músicas que são cantadas. No caso, por exemplo, do espetáculo ” A Mãe Essência” nós tivemos apresentação em Belo Horizonte com a Letícia Torança e do Francisco Andrade em uma outra configuração, mas a Letícia sempre trouxe uma presença cênica e feminina que domina o palco. Isso é interessante pois por mais que a gente entenda que teve esse movimento importante, ele foi feito por homens. Poucas mulheres tiveram visibilidade, sobretudo nas primeiras fases desse movimento já que na época do seu surgimento a mulher não podia ser artista. Então, o fato da Letícia ser o centro das atenções com toda a movimentação da coreografia utilizando todo o espaço do palco, dá uma outra configuração do ser feminino dentro do Armorial.
Vivemos em uma época na qual a cultura local está sendo descaracterizada. Qual o papel de um evento como esse para a valorização da nossa identidade regional?
Precisamos fortalecer nossos valores culturais. Esse evento busca fazer com que esse amor pela música passe de uma geração para outra além do apreço pelo que é nosso. Ariano não era contra o que vem de fora, mas ele queria que a gente olhasse para o que tem dentro das nossas raízes. Nós somos multiculturais e multicoloridos. Por isso, são vários Brasis dentro do Brasil e cada uma das regiões do país precisa se reconhecer porque assim a cultura de cada lugar se fortalece. A Arte vem das ruas, dos encontros e da nossa ancestralidade. Isso precisa ser cultivado ,sobretudo ,pelas novas gerações.