Milho: Herança Cultural e Gastronômica do São João 

Campina Grande, 25 de maio de 2024

O cereal é utilizado para a produção de vários práticos típicos, como a pamonha e a canjica. 

Repórter: Thaylanny Almeida

Fotógrafa: Thaylanny Almeida 

Editora: Gabryele Martins


Milho na plantação. Foto: Arquivo pessoal/Paulo Sérgio

O mês de junho é sinônimo de São João no Nordeste. A tradição das festas juninas perpassa a música, a religião e a gastronomia, com os pratos típicos baseados, sobretudo, no milho. A maioria dessas iguarias têm este cereal como ingrediente em comum. Ele é rico em valor nutricional, faz parte da identidade cultural gastronômica nordestina e é um alimento bastante comercializado nessa época do ano. 

O agricultor Paulo Sérgio Gomes, 57, mais conhecido como “Paulinho do Milho”, trabalha há mais de 30 anos nesse ramo e destaca a movimentação comercial nesse período: “A venda aumenta. Se ela estava em 30% ou 40%, sobe para quase 100%”. Os valores também podem variar, como ele mesmo afirma: “O preço da ‘mão’ de milho hoje, que tem 50 espigas, está em torno de 30 a 35 reais. Mas, lá para frente, no período do São João, aí talvez altere, né? Vai para 40 reais, 50 reais”.


Colheita do milho. Foto: Arquivo pessoal/Paulo Sérgio

A colheita do milho varia de 75 a 80 dias, dependendo da climatização, e a identificação desse processo é facilitada devido a observação do chamado “cabelo” do milho, fios que se desenvolvem nas espigas e possuem diferentes tonalidades, variando de amarelo claro até alaranjado: “Quando o primeiro cabelo dele vai ficando preto ele já está na base de 70 a 72 dias, com uns três, quatro dias já começa a soltar o cabelo e está no ponto de colher”, ressaltou. 

Paulo começou a vender milho por influência do seu pai, que tinha um ponto comercial na Feira Central de Campina Grande: “Meu pai era agricultor e ele tinha um ponto de vendas na feira central e ali ele me incentivou no comércio de milho verde”, comentou.

Com forte presença no mercado, hoje ele vende quase quatro caminhões de milho, por semana, para diferentes pamonharias de João Pessoa, Recife, e, principalmente, de Campina Grande: “Abasteço nas Malvinas, Santa Rosa, Catolé, Monte Castelo, Santo Antônio, Zé Pinheiro, também na Feira Central, que é o forte, né? O ponto fixo”, destacou. 

O milho é consumido cozido ou assado e também pode ser utilizado, sobretudo, como base para a produção de pratos típicos, como cremes, doces, bolo de milho, canjica e pamonha. 


Pamonha como prato típico junino. Foto: Thaylanny Almeida/Repórter Junino

Ana Lúcia Melo, 59, aprendeu mais sobre a culinária referente a arte do milho quando trabalhou em uma pamonharia de Campina Grande. “Trabalho nesse ramo há 10 anos e aprendi com minha antiga patroa”, salientou. Dona do seu próprio negócio, ela falou da expectativa para as vendas em junho: “Super altas, sem dúvidas a melhor época para quem trabalha nesse ramo. Com muito foco e força, conseguiremos superar mais uma vez as expectativas de produção e vendas para esse mês”.

Em entrevista, Ana contou um pouco sobre como se dá a preparação desses pratos: “O milho é cortado e moído. Na pamonha é adicionado leite, creme de leite e peneirado numa peneira específica para esse procedimento. Depois de peneirada, adicionamos o açúcar, sal e colocamos no saquinho. Em seguida, cobrimos com a palha do milho e deixamos cozinhando por aproximadamente duas horas. Na canjica, [se] adiciona água na massa moída e peneiramos numa peneira mais fininha, logo após colocamos o açúcar, o sal e também deixo cozinhar por quase duas horas”, finalizou Dona Ana.

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