A festa junina em sua vertente religiosa: sexta noite d’O Maior São João do Mundo

Campina Grande, 5 de junho de 2024

Elson Júnior e Padre Fábio de Melo se apresentam na noite de 04 de junho

Repórter: Paloma Mahely

Fotógrafos: Emily Piano e Paulo Matheus

Editor: David Henrique 

O São João tem o poder de unir diversas realidades para celebrar um só propósito: a alegria das tradições. Sua influência está para além do cultural, pois essa festa fincou raízes em muitos pilares, especialmente no religioso.

Público expressa devoção durante show do Padre Fábio de Melo, no Parque do Povo. Foto: Emily Piano/Repórter Junino.

No São João de Campina Grande, já é comum que, pelo menos, uma noite no Parque do Povo, seja conduzida por atrações que evidenciam essa vertente. Na edição 2024 d’O Maior São João do Mundo, não foi diferente. Em 04 de junho do referido ano, sobem ao palco do Quartel General do Forró, dois artistas católicos, conhecidos pelos seus trabalhos evangelizadores. Elson Júnior e Padre Fábio de Melo, além do repertório próprio do período junino, reforçam este viés, que nem sempre é levado em conta. Mas, não é à toa que o nome desta tradição faz referência a um santo da Igreja Católica: São João Batista.

Elson Júnior cantando para público presente. Foto: Paulo Matheus/Repórter Junino.

As terças religiosas, compreendem uma programação especial que emociona seu público do início ao fim. Pessoas de idades e lugares diferentes se reúnem para viver a essência das raízes culturais e religiosas do Nordeste, reafirmando os costumes que originaram um evento combinado de fé, cultura e muita animação. Lúcia Percu, em sua primeira vez no Parque do Povo, é a prova do alcance deste momento: “eu vim conhecer. Eu não sou daqui, sou de São Paulo, e estou maravilhada, porque encontrei essa maravilha, que é falar de Deus. Eu acho que combina [com a religião], sempre! Falar de Deus em qualquer lugar, em qualquer situação.”

Público se emociona durante os shows religiosos no São João de Campina Grande. Foto: Emily Piano/Repórter Junino.

A origem da festa junina está ligada à celebração pagã do solstício de verão e aos elementos cristãos, e, apesar de se renovar continuamente, é mantida por uma tradição resistente. “É importante demais, porque tudo nasceu lá, na comemoração de um santo padroeiro. É muito bonito porque, no Nordeste, isso ainda é muito vivo. O Nordeste é uma parte do Brasil que tem uma cultura muito resistente. Vocês têm aqui as novidades do São João, mas vocês mesmos reivindicam o que é raíz; o que lembra a vocês quem vocês são.” Afirmou o Padre Fábio de Melo sobre os nordestinos.

Padre Fábio de Melo cantando no maior São João do Mundo. Foto: Paulo Matheus/Repórter Junino.

Além disso, ele também fez uma reflexão importante: “É impossível a gente vir fazer uma festa de São João, mesmo que seja um show religioso, sem a gente invocar a religiosidade de Luiz Gonzaga; é impossível a gente fazer uma festa de São João, mesmo sendo religiosa, sem a gente invocar a genialidade de Accioly Neto, que tratou as questões humanas de uma maneira tão espiritual, tão bonita. Então, hoje nós estamos aqui, sabendo que é um lugar nosso também, mas com um profundo respeito pela cultura deste povo, que não pode, em nenhum momento, ser esquecida, tampouco substituída.” Isso tudo é sobre até onde a veia religiosa é capaz de influenciar nos festejos juninos.

Público expressa devoção durante show do Padre Fábio de Melo, no Parque do Povo. Foto: Emily Piano/Repórter Junino.

São João Batista, considerado precursor de Jesus, Santo Antônio e São Pedro, são celebrados, respectivamente, nos dias 24, 13 e 29 de junho,  formando a tríplice dos santos do mês de junho, que influenciam diretamente nos festejos. Dessas devoções, seguem as simpatias, os costumes e a culinária típica. Elson Júnior expressa sua admiração pelos sentimentos que os acompanham: “eu acho a coisa mais linda. Acho que está na nossa veia, é a nossa cara. O Santo Antônio, São Paulo – que a gente não fala, mas também é nesse mês -, São João e São Pedro, eles são a cara do Nordeste; eles são a cara da gente se juntar com a família, estar com os avós comendo pamonha, comendo canjica… eu acho maravilhoso.”

Assim, se encerra a sexta noite d’O Maior São João do Mundo: depositando em nós a certeza de que o São João é um período de grande importância, para os nordestinos principalmente, pois além de incentivar seu gosto pela cultura, também reforça outros aspectos sociais, como o econômico, o religioso e o turístico, por exemplo.

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