Brahma e Ambev se unem para dignificar a vida de catadores de lixo e promover a sustentabilidade.

Reportagem: Paloma Mahely

Fotografia: Paloma Mahely

Edição: Gabryele Martins

“Eu tava no lixão, aí eles me ‘trouxe’ pra cá”, relata Michelly Neta, que, após longos 17 anos trabalhando no lixão, sua principal fonte de renda, foi recrutada para a cooperativa. A catadora compartilha como teve sua vida transformada, já que encontra muitas dificuldades no meio, mas afirmou:“É bom, né? Porque eu só sei fazer esse trabalho, não sei fazer outra coisa, não tenho estudo pra fazer outra coisa”, disse.

Duas grandes empresas, juntas, deram início a um projeto de grande relevância. A Brahma e a Ambev têm se debruçado sobre uma iniciativa que visa a inclusão produtiva do ecossistema, ao mesmo tempo em que impacta e gera renda para catadores. Pela primeira vez atuando no São João de Patos, lançam o “Bora Catadores”’, projeto surgido a partir da plataforma de inclusão produtiva da Ambev, o “Bora”. 

Saville Alves é líder de negócio da SOLOS, startup que, além das cooperativas Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Patos (ASCAP), e RECICLA Patos – Associação Patoense de Catadores de Materiais Recicláveis -, aderiram à causa e estão como parceiras fundamentais nesse processo. Ela compartilha um pouco sobre a experiência de estrear na Capital do Sertão: “A gente já faz uma operação de reciclagem em grandes eventos do Brasil inteiro, e é a primeira vez que a gente traz essa iniciativa para o São João, e a cidade escolhida foi Patos. Então, assim, isso mostra a relevância que a festa tem para o nosso calendário nacional”. 

De acordo com ela, o projeto se baseia em três principais pilares: “O primeiro, é trabalhar a dignidade, e trazer realmente condições, que propiciam um trabalho digno, com condições de segurança, para que o catador possa realizar suas atividades. O segundo pilar é geração de renda: ‘como é que a gente consegue aumentar os ganhos desse pessoal, durante os dias de festejo?’ E terceiro, obviamente, é segurança. Então a gente oferta aí Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs, para que eles possam fazer o manejo de forma segura e adequada.”, completou.

Lado a lado com os termos segurança, qualidade e dignidade, o “Bora Catadores” tem gerado grandes impactos. Ygor Araújo passou a integrar o projeto há apenas dois meses, mas já sente grandes diferenças. “Tem uma associação lá no meu bairro, que eles chegaram até lá e convidaram pra participar. Me interessei porque o projeto é muito bom, eu gostei das propostas deles, aí vim participar. Antes eu já trabalhava com reciclagem, e agora eu tô gostando até demais, porque melhorou bastante. Tem a comidinha na hora certa, tem as amizades que a pessoa arruma… e é muito bom trabalhar com eles”, finalizou o jovem, que trabalhava no lixão, e mesmo depois que o espaço fechou, continuou trabalhando como catador no centro da cidade. Durante seu depoimento, ele evidencia a precariedade no antigo trabalho, onde as necessidades fisiológicas, como comer e beber água, eram deixadas em segundo plano.

Em relação ao recrutamento dos trabalhadores, Saville explica que na cidade de Patos “Existem duas cooperativas [ASCAP e RECICLA]. E a partir dessa identificação, junto também com a Prefeitura, a Secretaria de Meio Ambiente, a Secretaria de Desenvolvimento Social, a gente chamou essas lideranças para que elas fizessem um corpo de catadores, que estão vindo participar aqui com a gente.” No projeto, cada participante têm sua renda ampliada, uma vez que, além de receberem pelo valor do quilo do material coletado, também ganham uma diária pelo serviço prestado e uma bonificação por metas atingidas.

Além disso, são ofertados cursos de preparação e desenvolvimento social, que contemplam mais 300 pessoas – catadores, ambulantes e barraqueiros -, para formações em finanças pessoais, conhecimento técnico e assistência social, em parceria com o Santander.

Durante os cinco dias do “São João da Gente”, o projeto atua fazendo com que as embalagens cheguem à Central de Reciclagem da Ambev, para que os resíduos sejam triados e armazenados.

Carlos Pignatari, Diretor de Impacto Social da Ambev, falou sobre a iniciativa: “Esta é mais uma oportunidade de fazer a diferença. Temos uma ambição evidente com o ‘Bora’, nossa plataforma de inclusão produtiva,  para os próximos anos, e o ‘Bora Catadores’ chega para somar a este objetivo. Com ele, vamos olhar diretamente para esta parcela da população, apoiando a geração de renda, educação e conexão de profissionais que fazem dessas festas, grandes oportunidades de trabalho o ano todo, indo além dos carnavais.”