Reportagem: Bianca Menezes
Fotografia: Emily Piano
Edição: Fernando Firmino
Na noite de ontem (9), o Teatro Municipal Severino Cabral foi palco da 18ª edição do “Desafio Estado contra Estado”, uma competição que reuniu repentistas de diversos estados do Nordeste. O evento, que já se consolidou no calendário cultural do Brasil, trouxe grandes nomes do repente e novos talentos, atraindo uma plateia diversificada e entusiasta. O vencedor deste ano foi Raulino Silva na disputa final com Felipe Pereira, ambos do Rio Grande do Norte.
A edição de 2024 contou com a participação de 12 repentistas representando os estados do Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. Em duplas, os participantes improvisaram versos sobre temas variados, oferecendo ao público uma rica demonstração de criatividade e habilidade poética. Entre os participantes estavam Ivanildo Vila Nova (PE), conhecido por sua longa trajetória na poesia popular, e Rogério Meneses (PB), uma figura de destaque em edições anteriores. Novos talentos, como Zé Viola (PI) e Raulino Silva (RN), trouxeram renovação ao evento, e foi Raulino quem se destacou, conquistando o primeiro lugar.
Raulino Silva, o grande vencedor, expressou gratidão e emoção ao receber o troféu. “É uma emoção grande participar desse evento. A responsabilidade é enorme, porque você sabe que está representando seu estado e todo o Nordeste. Eu venho pra esse palco com o coração aberto, buscando fazer um trabalho que honre nossa cultura. Esse prêmio é um reconhecimento importante e espero que minha vitória inspire mais jovens a se dedicarem à cantoria e à preservação dessa tradição.”
Ele ainda mencionou a importância pessoal dessa vitória, após ter superado um problema de saúde recente. “Este primeiro lugar é especial, pois muitos aqui sabem da luta que enfrentei. Estar de pé hoje é uma vitória em si, graças a Deus. Agradeço à torcida, aos amigos e a todos que me apoiaram. Este troféu é o carinho de vocês.”
O FESTIVAL
Iponax Vila Nova, idealizador do evento, compara a estrutura do “Desafio Estado contra Estado” ao de uma “Copa do Mundo”, ressaltando a emoção e a competitividade: “Com eliminatórias, disputas acirradas e favoritos que, às vezes, não vencem. Essa estrutura envolve dinheiro e jogo, o que exige muito dos participantes.”
Ivanildo Vila Nova, renomado repentista, que também participou do desafio, destacou a tradição do evento e a importância de preservar essa forma de expressão. “Hoje, essa competição é uma referência, é como voltar ao primeiro Congresso de Violeiro de 1974, aqui no Teatro Municipal de Campina Grande. Daquela época em diante, esse congresso foi a grande referência. Depois deixou de ser, mas agora voltou a ser com o Estado contra Estado. É um congresso em que todo mundo tem medo de participar, mas quer participar pela repercussão que ele traz.”
O “Desafio Estado contra Estado” não é apenas uma competição, mas uma verdadeira celebração da cultura popular nordestina, onde cada verso improvisado resgata e renova a essência de uma tradição que pulsa no coração do Nordeste.
O evento foi, portanto, mais que uma simples disputa: foi um verdadeiro tributo à cultura do Nordeste, onde as palavras, ritmos e acordes ecoaram em uníssono, reafirmando que, enquanto houver repentistas dispostos a manter viva a chama dessa arte, a tradição nunca se apagará.