Mistura de estilos e celebração das raízes marcaram os shows da noite, exaltando a força do forró.
Repórter: Jossandra Almeida
Fotógrafos: Ismael Marques e Amanda Suêlha
Editor de texto: Arthur Lincoln

O clima já anunciava: não seria um dia comum. Bastava se aproximar do Parque do Povo para notar o ritmo acelerado dos passos, o trânsito arrastado e uma ansiedade quase palpável no ar. Eram os sinais de que a cidade estava pronta para mais uma noite de festa. Nesta sexta-feira (6), foi marcada a largada do segundo final de semana da edição 2025 d’O Maior São João do Mundo, o local recebeu mais de 68 mil pessoas, segundo informações do Corpo de Bombeiros.
Quem abriu a noite de shows foi o cantor Nathan Vinícius, que transformou o amor pelo São João em música. Nascido na rainha da Borborema, ele homenageou a festa com a canção “Partiu PP”, uma celebração ao Parque do Povo e à tradição que o formou. No palco, ele mistura o ritmo do “novo forró” com a essência das raízes. Nathan começou a carreira aos 14 anos e hoje revive aquele sonho antigo. “É muito gratificante saber que já estive ali embaixo, comendo maçã do amor, e hoje estou no palco principal como atração”, conta, com a emoção de quem sabe exatamente o valor de cada passo até aqui.
Logo em seguida, Dorgival Dantas tomou conta da noite com seu forró clássico, embalado pela sanfona, sua inseparável companheira de estrada e histórias. Durante o show, ele apresentou grandes sucessos como “Tarde Demais”, “Destá” e “Valeu”, puxando a galera para cantar junto e relembrando momentos marcantes da sua trajetória. Entre causos e canções, homenageou Capilé e fez menção a Flávio José, reforçando o vínculo entre essa geração do forró.

Ao final do show, Dorgival voltou seu olhar para além do palco, lembrou os desafios enfrentados por músicos tradicionais do forró, muitos deles esquecidos fora do período junino e ressaltou que a festa não pode se resumir a um só mês. Em tom sincero e cuidadoso, deixou seu pedido ao público e aos que fazem a festa acontecer: “Observe que estou falando com carinho, só estou pedindo: deem mais espaço aos sanfoneiros, aos zabumbeiros, ao triângueiro. Vocês são nordestinos, o forró é nordestino, o São João é nosso… Se a gente não valorizar a nossa cultura e raiz, quem é que vai fazer isso melhor que nós?” disse ele.
Na sequência, Rey Vaqueiro assumiu o comando da noite com a energia de quem vive o São João intensamente. De camisa xadrez e chapéu, levou ao palco os ritmos da vaquejada, do piseiro e do forró. Em meio a uma maratona de 30 shows só neste mês, manteve o público animado do início ao fim. Durante a apresentação, prestou homenagem a Gabriel Diniz, lembrando seu legado e contribuição para a festa.

Mas boa parte do público não escondia a ansiedade pela apresentação de Wesley Safadão. Entre eles, estava Paulo Braz, de 36 anos, gestor público, que veio pela primeira vez ao São João de Campina Grande. “Existem outros, mas aqui é o melhor, é diferente”, afirmou. Quando Wesley finalmente apareceu, o Parque do Povo explodiu em gritos, celulares erguidos e olhos atentos, um dos momentos mais aguardados da noite começava ali.
Ele não decepcionou quem o aguardava. Com seu carisma, trouxe uma sequência de sucessos e releituras de clássicos juninos, unindo o forró tradicional ao som que o consagrou. Antes de começar, fez uma promessa ousada: “Sem desmerecer nenhum outro artista, mas esse será o maior show que o Parque do Povo já viu”. Para fechar a noite, chamou Rey Vaqueiro e Dorgival Dantas de volta, acompanhados por dançarinos de quadrilha. Juntos, transformaram o momento final em um espetáculo vibrante de cores, uma celebração à música nordestina que costurou estilos, gerações e emoções em uma só sintonia.
