Antônio Barros e Ceceu recebem homenagem na cidade de Queimadas

Campina Grande, 20 de junho de 2009

 

Na quinta-feira, dia 18, na cidade de Queimadas, a dupla Antônio Barros e  Ceceu foi homenageada com o título de cidadã queimadense. O casal , foi surpreendido quando convidado à mesa para receber a homenagem, ao som de músicas interpretadas pela filha do casal, Maíra Barros, que cantou músicas como “Bate Coração”, “menininha bonitinha”, entre outras.

A iniciativa da homenagem surgiu do presidente da câmara, Ricardo Lucena: “Queimadas estava devendo esta homenagem a dupla há muito tempo, pois estes levaram o nome da cidade por todo o cenário nacional e até no exterior, a dupla é um orgulho, para a cidade. Queimadas está de parabéns por ter filhos ilustres como Antônio Barros e Ceceu.

Segundo o prefeito do município de Queimadas, José Carlos de Souza, a dupla merece receber a homenagem por serem referência pelo trabalho realizado, desempenho, pela posição no cenário do forró nordestino, pelo profissionalismo. “Nada melhor de a cidade reconhecer os filhos ilustres da nossa terra”, declarou.

No evento, estiveram presentes, José de Anchieta Pachú, chefe de gabinete, Tann, Assis Costa, representante do governo do estado, o Deputado Dunga Júnior, Dalton Gadelha, diretor da TV Itararé que afirmou: “Luiz Gonzaga e Antônio Barros estão no mesmo patamar”. Além das autoridades do município, como o presidente da câmara Ricardo Lucena, e demais vereadores de Queimadas, e o prefeito José Carlos de Souza Rêgo, Maria Amélia, secretária de cultura do município, todos estes, falaram sobre a contribuição da dupla para o forró e para a cultura do Nordeste.

Foi exibido ainda, um documentário sobre a carreira profissional da dupla Antônio Barros e Ceceu. Nomes como Chico césar, produtor cultural e cantor, Ajalmar Maia, Pinto do Acordeon , Flávio José, Tann, entre outros descreveram como conheceram a dupla e enviaram  mensagens de agradecimento, carinho e admiração.

No final , ocorreram apresentação de quadrilhas e trios de forró.

 
Leia a entevista da dupla ao Repórter Junino

Repórter Junino: Como os senhores estão se sentindo em receber essa homenagem?

Antônio Barros: Estou me sentindo muito feliz, porque é coisa em que a gente está recebendo essa homenagem na terra em que eu nasci, porque quando você recebe uma homenagem em qualquer lugar, se torna muito simples, porque é artista, ou porque você compõe e canta, mas na terra em que eu nasci é gratificante.

Repórter junino: E a senhora, Ceceu, está feliz em receber o título de cidadã queimadense, a senhora que é natural de Campina Grande?

Ceceu: Com certeza, muito feliz, porque quando foi feito esse convite, a coisa que me deixou mais feliz, foi quando disseram “Ceceu, vamos homenáge-a-la, pois nós não conseguimos ver Antonio Barros sem Ceceu, nem Ceceu sem Antonio Barros”. Hoje é uma homenagem, e eu quero que todo o público queimadense, essas pesoas jovens, que estão chegando, fiquem sabendo dessa história, que tem um filho ilustre, compositor, com mais de 700 músicas já gravadas, que é nome em todo o Brasil, e já tem um nome no exterior, temos músicas gravadas na Europa. Então acho foi a hora muito certa de sermos homenageados e foi muito gratificante.

Repórter Junino:
O senhor compôs uma música em homenagem à cidade de Queimadas?

Antônio Barros: Foi. Muito bonita: “Queimadas nasceste no pé da serra, meu berço minha terra, que me viu nascer. Queimadas do tempo de padre Oscar, me ensinava à rezar, me confessar me benzer. Queimadas do inverno e do verão, das fogueiras de são João, do velho motor da luz…”

Repórter Junino: O senhor começou sua vida profissional acompanhando como pandeirista, Jackson do Pandeiro. Como foi a experiência?

Antônio Barros: A gente já se conhecia no Recife, Jackson tocava pandeiro na Rádio Jornal do Comércio e eu tocava na Rádio Clube de Pernambuco. E aí Jackson começou a fazer o 1º sucesso dele com a música de Rosil Cavalcante “Comadre Sebastiana” e a outra de “Forró Limoeiro” de Edgar Ferreira. E ele foi embora para o Rio de Janeiro, ele me deu muita ajuda, e eu comecei minha vida com essa ajuda de Jackson do Pandeiro.

Repórter Junino: No decorrer de 37 anos de parceria na música e na vida, são mais de 700 músicas gravadas pela maioria dos intérpretes brasileiros, como vocês se sentem à respeito?

Ceceu: Realmente lisonjeada, pois são poucos autores que passeia dentro desse pessoal da Mpb, como Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Alcione, Ivete Sangalo. Esse pessoal todo, a gente considera filhos da gente, porque quando surge uma música é como se você tivesse um filho, é muito gratificante, porque é algo que vem de dentro de você.

Repórter junino: Vocês formam parceria também para compor, como surge inspiração para as músicas?

Antônio Barros: Depende, se você disser uma palavra que eu gostar, eu poso fazer uma música através de uma frase que você disser. Ou o que ela falar (Ceceu), ou me der um tema, e assim nasce uma música.

Repórter Junino: Vocês levaram o forró à lugares tão distantes, quanto Suíça e Israel, como foi a experiência?

Ceceu: É muito gratificante, ver seu nome, seu trabalho ultrapassando fronteiras, países e você saber que aquele trabalho está sendo divulgado lá fora. E que é de uma pessoa que nasceu no interior da Paraíba, numa cidade como Queimadas. E para mostrar para as pessoas que quando você tem visibilidade, meta na vida, você pode nascer no pezinho da serra, mas um dia diante do teu trabalho, diante daquilo que você acredita, e que arte é uma coisa maravilhosa, ele ultrapassa todas as fronteiras.

Repórter Junino: Durante a ditadura, o Senhor sofreu alguma censura, com relação à música “procurando Tú”?

Antônio Barros: Não, com “Procurando Tú”, não. Sofri com aquela música: “Todo Mundo nú”. E a censura quase me prendia. E a gente não fica nú para tomar banho, não! Quase que a censura tirava do ar a música, recolhiam os discos, mas depois eu provei com a letra, que não era nu, e sim no. Apenas eu estirava a frase: “Todo mundo no ôôô” e dizia de propósito: “Todo mundo nu”.  

Repórter Junino:
Vocês residem a 13 anos na cidade de São Paulo. Como vocês conseguem romper a regionalidade sem perder o sotaque?

Ceceu: Isso é uma coisa que está dentro da gente, se você perder sua nordertinidade, perde a graça. É importante sempre valorizar tua terra, tua origem.

Repórter Junino: Qual a importância do forró para a identidade nordestina?

Antonio Barros: É grande demais. No Norte e Nordeste do Brasil, onde têm as melhores melodias, melhores poemas, poetas, versejadores, violeiros, só temos mais no Nordeste, isso é muito importante para todo o Brasil.

Ceceu: O Nordeste é um celeiro de grandes artistas, nós temos muito. A nossa música é lindíssima. É totalmente genuína, não tem para ninguém. É samba no Rio de Janeiro e Forró no Nordeste, é coisa nossa.  

 

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