O III Festival de Sanfoneiros, que pretende resgatar a cultura nordestina da sanfona, instrumento central do forró pé-de-serra típico dos festejos juninos, aconteceu na cidade de Feira de Santana, na Bahia, no dia 28 de maio. Realizado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) através do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) em 2010, além do conhecido concurso de sanfoneiros, o Festival fez uma homenagem a todos os sanfoneiros tradicionais da região, através das apresentações dos convidados Baio do Acordeon, Coronel do Acordeon, Erudito do Acordeon, Amor do Acordeon, Argemiro do Acordeon e Galego do Acordeon.
Dentre os 46 inscritos para o concurso – da cidade de Feira de Santana, do interior da Bahia e de outros estados – foram selecionados 12 participantes. A disputa foi pelos prêmios em dinheiro para os três primeiros colocados segundo o júri oficial. Segundo Jota Sobrinho, um dos idealizadores e organizadores do Festival e figura fundamental na preservação da cultura local, a importância do evento é resgatar a cultura da sanfona. “Luiz Gonzaga deixou um grande legado. Para muita gente parece que ele deixou só a sanfona, mas não é verdade. Ele deixou um conjunto de instrumentos: sanfona, triângulo e zabumba”, explica.
Apaixonado pela cultura da sanfona e pelo legado de Luiz Gonzaga, Sobrinho explica ainda: “Quando ele criou os três instrumentos, teve que dar harmonia, equilíbrio. Com o lado agudo da sanfona, que é o teclado, ele colocou o zabumba, que é grave. Na parte grave da sanfona, pegou o tilintar do triângulo que é agudo. Quando juntou deu isso aí. E não tem nada mais bonito do que um trio, uma orquestra nordestina.”
Por consciência e respeito a esses elementos da cultura local é que a UEFS vem apoiando eventos e campanhas que estimulam a participação da população. Segundo Selma Oliveira, diretora do CUCA e produtora do evento, “A idéia surgiu atrelada ao projeto político da UEFS, de valorização da cultura regional. Como Feira de Santana vem perdendo essa relação com o forró pé-de-serra, com as questões tradicionais, cabe à universidade, enquanto órgão de fomento a cultura e educação, incentivar e preservar essa tradição.”
OS VENCEDORES
O primeiro colocado do Festival tem apenas 15 anos e toca desde os 9
O concurso realizado no III Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana foi, mais uma vez, sucesso de público, com o Teatro do Centro de Cultura Amélio Amorim lotado. Os vencedores do concurso pelos votos do júri oficial foram: em 1º lugar (R$3.500), Elton Mascarenhas, que também levou o 1º lugar pelos votos do júri popular; em 2º lugar (R$2.500), Igor Araújo, que fez um solo de sanfona para o hino nacional e foi aplaudido de pé pela platéia; e em 3º lugar (R$1.500), Tadeu do Acordeon.
O primeiro colocado, mais conhecido como Machadinho dos Oito Baixos, tem apenas 15 anos e aprendeu a tocar sanfona aos 9, com o pai, que participou do concurso ao lado dele. O garoto explicou que tomou conhecimento do Festival pela Secretária da Cultura da cidade de Rafael Jambeiro, onde mora. Foi ela quem inscreveu o garoto no Festival. Antes de se apresentar pela primeira vez em um concurso, Machadinho declarou: “É um prazer. Estou emocionado e espero que dê tudo certo.”
O Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana é um espaço importante para a cultura do gênero musical pé-de-serra e da tradição dos festejos juninos da Bahia. Diferentemente de estados como Pernambuco e Paraíba, como Jota Sobrinho faz questão de ressaltar, na Bahia essa tradição é ofuscada por outros ritmos musicais quase o ano todo.
