Um espaço rico em cultura, musicalidade regional e artesanato, que propagará o que de melhor é produzido no Estado. O Museu de Arte Popular da Paraíba teve suas portas abertas à visitação pública, em solenidade ocorrida na noite desta terça-feira (10), contando com a presença de artistas, entusiastas culturais e políticos. A construção foi a última obra criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e encanta por sua singularidade: três grandes salas circulares, construídas às margens do Açude Velho, cartão postal de Campina Grande, o que rendeu lhe o apelido de Museu dos Três Pandeiros.
No espaço pode-se encontrar três salas. A primeira delas, a Sala do Artesanato enche os olhos e fascina do pequeno ao grande. São Brinquedos tradicionais de madeira, esculturas de pessoas e animais feitas com argila, conjuntos de panelas de barro, peças em cerâmica, redes fiadas com o algodão colorido. A união do tradicional com o moderno revela a sensibilidade dos artesãos paraibanos. O resgate de brinquedos antigos, como o peão, carrinhos, cata-vento, bonecas de pano, apresentam as crianças uma antiga forma de se divertir, longe das tecnologias de hoje. Já os adultos, podem contemplar o que a região oferece em utensílios domésticos e objetos de decoração, que recebem as nuances de beleza e sofisticação do trabalho artesanal.
No que se refere à música, os grandes nomes, como o do “Rei do Ritmo” Jackson do Pandeiro, ganharam destaque nos arredores do segundo espaço, a Sala da Música. No local encontra-se objetos pessoais do artista, como seu pandeiro e violão, que revelam sua intimidade e a trajetória de sucesso. Além disso, são encontrados áudios, vídeos, documentos e imagens de outros artistas paraibanos, nativos ou adotivos, do passado e do presente, compondo um verdadeiro “caldeirão do mito” da cultura Nordestina. São eles: Roberta Miranda, Marinês, Sivuca, Herbert Viana, Tom Oliveira, Biliu de Campina, Elba Ramalho, Geraldo Vandré, Zé Calixto, Amazan, Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, entre outros.
O terceiro espaço traz a Literatura de Cordel. Versos e prosas dos grandes cordelistas paraibanos podem ser lidos e sentidos através dos exemplares, folhetos, plataformas e também com escritos nas paredes. Os amores e as desilusões, o trágico e o cômico, as rimas, a sonoridade do improviso, a genialidade de quem tem o dom da árdua tarefa de escrever e de capturar o coração do leitor. O espaço do Cordel oferece um misto de emoções. A figura de um dos maiores cordelistas do mundo está presente nesta sala. O já saudoso Poeta Manoel Monteiro é honrado por sua obra que, também, era a sua vida. Um espaço poético que, mesmo reinventado, permanece com a essência de tempos antigos. Em vários momentos da solenidade, discursos emocionados lembravam da vida e obra do poeta, falecido no último sábado (07).
Ainda durante a solenidade, os ritmos e expressões dos grupos de música e dança presentearam o público com a diversidade cultural do Nordeste. Como em festa não pode faltar boa música, os grupos Percussão Regional e Sivuquiano da Universidade Estadual da Paraíba animaram a noite tocando grandes clássicos da música Nordestina. A Trupe de Ballet da UEPB também esteve se apresentando na solenidade. Na oportunidade, o professor e Pró-Reitor de Cultura, Francisco Pereira Júnior, falou sobre a importância de se ter uma obra projetada por Niemeyer, com estruturas circulares, onde cada uma remeta a um determinado gênero da arte, além de citar as dificuldades encontradas para realização da inauguração do museu.
O Museu de Arte Popular da Paraíba funcionará de terça-feira à sexta-feira, das 10h às 20h, e nos finais de semana, das 15h às 20h.