Lançado na última quinta (3), no Teatro Facisa em Campina Grande, o longa-metragem “O Resgate do Pavão Misterioso” do diretor Silvio Toledo. O filme, que é uma adaptação do cordel “O Romance do Pavão Misterioso”, um clássico dos anos 20 escrito pelo paraibano José Camelo de Melo, descreve uma história de amor e heroísmo e já foi inspiração para outros trabalhos, a exemplo da música “Pavão Misterioso” do cantor cearense Ednardo. A música teve grande repercussão após ter sido tema da novela “Saramandaia” em sua primeira versão no ano de 1976, contendo hoje mais de 20 regravações.
O longa é um romance com uma pitada de comédia e ficção e conta com 28 pessoas no elenco. Apresenta a história do jovem Alexandre, vivido pelo ator Hugo Lucena, um rapaz simples e modesto que mora em um sítio e vai viver na cidade grande após passar no vestibular. Ele e seu irmão acabam descobrindo um artefato enterrado em seu sítio e com ajuda de seu professor eles acabam descobrindo um artefato em formato de pavão que é o elemento principal de toda a história. Sofia, interpretada por Rebecca Menezes, é uma moça que não pode desfrutar de sua jovialidade por ter sido mantida refém pelo padrasto desde sua infância. Ela acaba sendo explorada por ele, que fica enganando as pessoas fingindo que a moça é uma santa. O encontro do casal acontece de forma muito singela e aí se inicia a luta do mocinho pra resgatá-la. Uma história de amor que faz o contra-ponto entre histórias vividas no passado com um toque de contemporaneidade. A trilha sonora é toda de artistas locais, valorizando a cultura nordestina e paraibana, tendo algumas músicas feitas especialmente para o filme como a composição do cantor Amazan intitulada “Pavão Misterioso”.
O diretor Silvio Toledo já vinha fazendo adaptações de cordéis para curtas metragens, mas este em especial, já era um sonho antigo e culminou com o momento propicio de pôr em prática. Em entrevista ao Repórter Junino, o diretor disse que buscou retratar da melhor maneira a história do cordel como se estivesse acontecendo atualmente. “Algumas coisas a gente tem que modificar, porque não podemos ser fiéis ao cordel, algumas coisas seriam um pouco absurdas para os dias de hoje, e tentamos deixar a história um pouco mais verossímil, embora seja totalmente maluca. Na verdade não filmamos o cordel, mostramos que a história do cordel aconteceu e como se ela estivesse acontecendo de novo nos dias atuais”, afirmou Toledo.
Segundo a diretora de produção Amanda Janynne, a equipe teve o prazo de um ano dado pelo FIC Augusto dos Anjos, para fazer todo o filme, que contou com uma super produção com cenas feitas em 3D e efeitos especiais que fez o uso de protótipos dos personagens principais Alexandre e Sofia, e também do professor vivido por Sérgio Ricardo, especialidades do diretor que trabalha com desenhos, artes gráficas e 3D. Fatores como o roteiro baseado no cordel, feito pelo roteirista e historiador Vanderley de Brito foram predominantes para que a trama se desenrolasse.
A criação da máquina que simboliza o pavão foi mais um desafio enfrentado pela equipe. Com 7 metros de comprimento e feita em alumínio, a peça deu bastante trabalho para ser transportada, porém o resultado final agradou ao público presente que aplaudia sem parar sempre que o pavão aparecia na tela. Sobre o processo de caracterização dos personagens, Inêlda de Cristo, responsável por esse quesito, explica que se deu a partir de pesquisas realizadas com a finalidade de visualizar a imagem dos atores antes mesmo das gravações. Foram utilizados produtos advindos de outros estados para compor a maquiagem, em personagens como o Manoel, vivido pelo ator Artur Marinho. O processo de envelhecimento levou mais tempo já que seu personagem tinha 123 anos e o ator tem apenas 50 anos, um desafio pra equipe.
A preparadora de elenco, Fabiana Melo, conta que não foi fácil preparar 23 atores para personagens de personalidades tão particulares. Apesar de alguns atores já terem trabalhado com a linguagem cinematográfica, outros atuavam apenas em teatro, o que foi um desafio a adaptação. Fabiana, que alem de preparadora fez revisão de roteiro e foi assistente de direção, conclui a satisfação desse trabalho dizendo: “Não foi fácil, mas comprei a ideia de Sílvio e desse filme lindo que retrata um pouco da cultura nordestina e estou satisfeita com o resultado. Fiz três anos de curso com André da Costa Pinto (cineasta paraibano), o qual acho importante citar, pois me ajudou bastante a conseguir preparar outras pessoas ’’.
Protagonizar essa história requer empenho e entrega dos atores que dão vida ao casal principal. Resgatar a história de um cordel tão famoso e poder contá-la com traços que remetam a atualidade sem dúvida é um desafio, e não foi diferente para o casal que interpreta Alexandre e Sofia, ambos em seu primeiro longa-metragem. A atriz Rebecca Menezes, relatou a sua experiência como protagonista. “Foi muito bom poder participar, além de estar resgatando a história de um cordel que é referência no Brasil e no mundo e é de um paraibano, a gente pode contar uma história contemporânea. Legal também foi poder conhecer lugares da Paraíba. A minha personagem foi um tanto sofrida eu tive que chorar muito, e procurei me inspirar em alguns filmes e algumas novelas”, concluiu a atriz.
O audiovisual paraibano vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional, retratando belíssimas histórias, além da grande qualidade das produções e não poderia ter sido diferente com “O Resgate do Pavão Misterioso” que agradou ao público presente. O longa já está confirmado para ser divulgado em Paris e logo após chegará nas telas dos cinemas nacionais.