Em sua 7ª edição ocorrida na noite da quinta–feira, 7, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), em Campina Grande, o Troféu Gonzagão, também conhecido como o “Oscar Nordestino”, homenageou desta vez a obra da imortalidade de Rosil Cavalcanti e o cantor, compositor e diretor de cinema Alceu Valença e a irreverência do trio Os três do Nordeste. Contando com o apoio do Sesi Nacional e da FIPE em parceria com o Centro de Ortodontia Integrado, a celebração reuniu no Centro de Convenções Francisco Benevides Gadelha cerca de 150 artistas, entre músicos, instrumentistas e produtores e um público estimado em cerca de 2 mil convidados.
Rosil Cavalcanti, falecido em 1968, ficou conhecido por compor a música “Tropeiros da Borborema”, que é considerada o hino extraoficial de Campina Grande. Sua carreira também foi marcada pelas parcerias que fez com Jackson do Pandeiro, Marinês e o próprio Luiz Gonzaga. Rosil foi lembrado com muito carinho pelo amigo Santanna. “Rosil, grande Rosil! Contribuiu muito, ele era genial. Pernambucano, fez muitas coisas lindas, tanto é que daqui a 200 anos estaremos cantando as músicas dele. É um poeta que dispensa comentários, é uma legenda na música mundial, ele fazia a proposta com Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga respondia com Zé Marcolino, havia um duelo bom, que fazia cada vez mais a música crescer”, detalhou o cantor. Representando os familiares de Rosil, Paulo Afonso, sobrinho do cantor, recebeu o troféu.
Outro homenageado foi o cantor pernambucano Alceu Valença. Conhecido pelos sucessos “Morena Tropicana” e “Anunciação”, Alceu Valença, em entrevista à equipe do Repórter Junino, falou sobre a sua relação com a cidade de Campina Grande. “Minha primeira relação com Campina começou quando eu queria ser advogado e eu vinha pra cá com meu primo Cláudio Valença, na época ele fazia cobrança em uma loja imensa, mas nesse dia um cara não conseguia resolver uma dívida, meu primo perguntou qual era o violão que eu queria, eu escolhi como forma de pagamento e levei o violão. Depois disso voltei muitas vezes para Campina Grande, fiz shows no Teatro Municipal, depois no Parque do Povo. Sempre tenho essa cidade nas minhas lembranças”, revelou, com entusiamo. Alceu também está dividindo a músia com sua produção do filme “Luneta do Tempo”, o qual o cantor dirigiu e que entra em circuito comercial a partir do mês de setembro. O filme já foi premiado no Festival de Cinema de Gramado do ano passado na categoria “trilha sonora”.
O trio Os Três do Nordeste, que já está com 45 anos de carreira ininterrupta, destacou a importância de ser um dos homenageados. “Pra gente foi uma surpresa muito grande e boa também, porque já temos 45 anos de história e receber o Troféu Gonzagão, que já está em sua sétima edição, foi maravilhoso. Ficamos muito felizes com a notícia”, pontuou Deda.
Entre os artistas convidados estavam Santanna, Sandra Belê, Targino Gondim, Chambinho do Acordeom, Alcimar Monteiro, Cezzinha e o grupo Falamansa que também recebeu o troféu. “Pra gente é uma alegria muito grande e também uma imensa responsabilidade, apesar da Falamansa ter 16 anos de estrada. É pouco tempo comparado ao forró brasileiro que já tem mais de 100 anos. Então espero ser sempre merecedor e digno do convite do evento e dessa homenagem.” afirmou Tato, vocalista da banda.
Segundo o presidente da FIEP, Buega Gadelha, o evento é de suma importância para a valorização da cultura nordestina. “Nós investimos fortemente nesse evento porque ele resgata as tradições da nordestinidade, já é uma tradição porque também formou-se uma mesa redonda de negociações, onde empresários vêm aqui e contratam os artistas. Aproveitamos e mostramos que o forró não é uma música da periferia, é uma música do mundo”, finaliza. O reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professor Rangel Junior, destacou a importância do evento: “A realização desse evento é extremamente importante, porque além de ter se transformado no principal espaço nacional de divulgação da música nordestina ele também é um lugar de congraçamento entre os artistas e produtores”, enfatizou.
Tendo como idealizadores Aljamar Maia e Rilávia Cardoso, o objetivo principal do Troféu Gonzagão está pautado na valorização e disseminação da cultura musical nordestina. O evento já homenageou grandes artistas como Elba Ramalho, Marinês, Dominguinhos, Fagner, Chico César, Alcymar Monteiro, Antônio Barros e Cecéu, Mestrinho, Os Nonatos, Jackson do Pandeiro, além do eterno “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, que foi lembrado por Chambinho do Acordeom pela sua genialidade musical. “Eu conheci a Sanfona através do meu avô, que era afinador, então minha primeira lembrança de Gonzaga foi em 89, quando eu tinha nove anos, quando infelizmente ele faleceu. Mas ele me ensinou o amor pela sanfona, pela música e o compromisso muito sério com o que há de mais genuíno, que é o brasileiro”, revelou.
Veja álbum de fotos da cobertura do evento na nossa página no facebook e em breve vídeo com as entrevistas com os artistas e organizadores do evento.
Reportagem: Dayane Andrade
Fotos: Antonio Andrade
Edição: Fernando Firmino