Apesar da crise, artesãos campinenses preservam a cultura nordestina

Campina Grande, 7 de junho de 2015  ·  Escrito por Jessica Tainan  ·  Editado por Glêbson Rodrigues

Na época do São João artesãos aproveitam o momento do comércio movimentado para divulgar seus trabalhos e através deles lucrar com as vendas, porém com a crise financeira e hídrica que afeta todas as classes sociais, tem dificultado a compra e venda, gerando um baixo rendimento em seus trabalhos.Foto: Ivan Andrey

No Parque do Povo, especificamente na Vila Nova da Rainha, onde ficam localizados os artigos regionais, a maioria dos vendedores que relatam sobre as visita de turistas, se queixam dessa problemática e se sentem insatisfeitos com o resultado.

Os turistas tem dado preferência aos artigos mais simples que custam em média entre R$ 2,00 e 10,00 como biscuit, licores e chaveiros pois o custo sai mais em conta do que os mais trabalhados custando a partir de R$20,00. Jean que tem loja fixa de trabalho com madeira MDF na Vila do Artesão, afirmou que em comparação ao ano passado, esses dois primeiros dias tem sido menos frequentados pelos consumidores. Em contraste a artesã, Patrícia Regina, que trabalha especificamente com chaveiros feito de biscuit, se sente bastante satisfeita com o comércio, “Eu estou bem feliz por que desde a abertura do São João, os turistas tem procurado muito principalmente para presentear os familiares. Mesmo com essa crise financeira, eu torço para que a procura continue assim”, disse ela.

Além disso, nos dias atuais a chegada da tecnologia, uma das obras artesanais que tem sido esquecida são as bonecas de pano, algo que era comum entre todas as meninas como brinquedo desejado foi trocado por outros mais modernos.

Foto: Ivan Andrey

Foto: Ivan Andrey

Há trinta anos, dona Maria de 66 anos, que aprendeu observando outras pessoas executarem, trabalha exclusivamente na confecção de bonecas de pano e mesmo com a desvalorização em nenhum momento ela pensou em desistir pois assim como ela mesma falou “é algo feito com amor”. Artesanatos exigem muita dedicação, e que as pessoas de outras regiões do Brasil tem dado mais valor do que os próprios campinenses, que ignoram as práticas culturais. “Os jovens não se interessam, quem mais procuram são os mais velhos que já possuíram bonecas de pano em sua infância”, relatou a artesã.

Sua filha, Valderez dos Santos também seguiu o mesmo exemplo, ajuda sua mãe na vila do artesão que fica localizada na rua Venâncio Neiva, no Centro da cidade, e também concorda com o baixo movimento dos consumidores, mas espera que suas expectativas nas vendas sejam alcançadas.
Com todas as dificuldades existentes, os artesãos mantém a tradição que faz parte da identidade dos nordestinos, algo que está enraizado  na vida de todos os paraibanos e que sem sombra de dúvidas, faz parte do contexto histórico da região como tesouro cultural a ser preservado.

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