Foi ao ar, nesse sábado (06), mais uma edição do Momento Junino 2015. O arrasta-pé foi comandado pelas atrações: Sussa de Monteiro, Fábio Carneirinhos, Banda Palov e Waldonys. Para acompanhar o público presente na Pirâmide do Parque do Povo, a quadrilha Rojão do Forró, do bairro da Palmeira, animou com dança e brincadeiras típicas do São João.
O primeiro a se apresentar foi Sussa de Monteiro. Compositor desde os onze anos de idade, autodidata e natural da cidade que carrega no sobrenome artístico, o cantor explicou em entrevista ao Repórter Junino o que seria o “forró de qualidade”, frase que faz questão de afirmar nas apresentações. “O forró de qualidade é o forró de raiz, o forró que respeita a nossa cultura, o forró que respeita as famílias”. Para ele o ritmo não anda em baixa, mas não anda tendo a devida atenção nos espaços mídiaticos. Em apresentação, o forrozeiro mostrou sua intimidade com a sanfona, manejando o instrumento que conduziu os primeiros passos do xote no salão.
Após Sussa, quem tratou de dar continuidade aos shows foi o cearence Fábio Carneirinho que se apresentou no programa pelo quarto ano seguido. O músico iniciou sua carreira tocando teclado com outros artistas e gravou em 2002 seu primeiro disco intitulado “Fábio Carneirinho, matuto sim, senhor!” na informalidade, sem grandes compromissos. Hoje, com seis CDs e dois DVDs gravados, um registrado no São João do ano passado de Campina Grande, comentou a importância do programa Momento Junino para o fortalecimento da cultura regional. “As pessoas que não podem vir aqui no Parque do Povo ou na Pirâmide conseguem assistir às atrações em casa. Então a importância é sem tamanho. Tanto para nós artistas, quanto para as pessoas que curtem forró, sobretudo nesse momento junino”.
O sanfoneiro falou também do seu projeto Zabumbada Eletrônica, onde incorpora diferentes estilos musicais ao forró tradicional, tendência explorada por diversos artistas brasileiros, mas que chama a atenção pela iniciativa criativa. “O forrozeiro autêntico é rotulado àquela coisa de sertão, de seca, de lata d’água na cabeça, de quem trabalha na roça. E o sertão não é mais só isso, o sertão tem Smartphone, tem acesso á internet. O rústico não é mais tão rústico. Essa é a proposta do Zabumbada Eletrônica, uma roupagem nova, mas sem perder elementos autênticos, como a sanfona, a zabumba, como elementos da linguagem do nordestino, que fala de maneira rústica, mas está antenado nas coisas atuais”.
O novo e o antigo que permeiam o projeto parecem diferenciá-lo do “forró eletrônico” ou “estilizado”, onde a tônica é a questão financeira e “Incentiva a juventude a andar sem limites”, segundo Fábio. “O projeto Zabumbada Eletrõnica é uma coisa nova, com mensagens positivas, mensagens educativas. Falando de amor de uma forma pura; não de uma forma maliciosa, como a gente vê muito no forró eletrônico”. Os vinte e um shows que ainda o esperam neste mês e a tour que fará pela Europa de agosto à setembro gabaritam seu talento que deu prosseguimento ao programa.
Veio então a banda Palov, que com sua recente formação – dois anos apenas – pôs lenha na fogueira, interpretando as mais tocadas do “forró estilizado” contemporâneo. Apesar do pouco tempo a frente da banda, os vocalistas Chinês Silva e Jéssica Lemos não titubearam no palco. Embalaram os amantes do ritmo apostando na versatilidade do repertório que se estende do “forró das antigas” até as canções mais novas “afinal o público pede” afirmou Jéssica. “A gente sempre vai fazendo de tudo dentro do forró”, completou Chinês.
A banda iniciou no axé, depois enveredou para o forró. Os músicos se mostram confortáveis com essas mudanças e após as apresentações do período junino a banda começa a se preparar para o carnaval, modificando as canções de acordo com o período. No Momento Junino, o forró da Palov teve uma boa aceitação do público, que cantou e dançou as músicas apresentadas na tarde de sábado.
Por fim, a atração mais aguardada do dia, o cearence Waldonys. Talento consagrado desde jovem, quando recebeu elogios de grandes nomes do forró como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Essa é uma das forças motrizes que impulsiona sua carreira. “Naquele momento foi muito emocionante, foi muito gratificante. O tempo vai passando e isso vai se transformando numa chancela. E pra isso você tem que ter muita responsabilidade no que faz”, comentou o sanfoneiro, preocupado com o repertório que levou ao palco.
Ainda sobre a carreira, Waldonys contou que os músicos com quem fez parceria o influenciaram diretamente. Tudo o que aprendeu com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Fagner, Marisa Monte, é ligado ao seu trabalho, porém dentro de sua forma de fazer, sempre bebendo na fonte, nos grandes nomes da música brasileira. “Todo sanfoneiro que se preze tem que ter isso como referência”, arrematou.
O que alguns não sabem é que o artista concilia sua vida entre a aviação e a música. Vindo de uma apresentação aérea em Campo Maior no Piauí – show aéreo com paraquedismo e acrobacia – o cantor afirmou que não sente dificuldade em conciliar suas paixões. “Aquilo que se faz com amor, a gente sempre arruma um tempinho”, assegurou. Além do amor, a locomoção é o sentido prático da façanha, agilizando a bateria de shows a cumprir.
Concluindo, Waldonys falou um pouco da expectativa para o show do dia 4 de julho, no PP. “Algumas músicas eu não tiro do repertório. São sucessos, o público cobra muito. Os sucessos vão estar presentes e logicamente vão ter uma nova roupagem, por ser surpresa não posso adiantar” fez segredo o músico, que não esconde os planos para o segundo semestre deste ano, a gravação de um DVD.
Assim, foi encerrado mais um sábado do programa Momento Junino, da Tv Borborema, que presenteou todos os artistas do dia com o troféu Genival Lacerda, homenageado do programa deste ano.