A simbologia presente nos artefatos juninos

Campina Grande, 15 de junho de 2015  ·  Escrito por Emanuelle Carvallho e Luana Gregório  ·  Editado por Ivan A. Costa  ·  Fotos de Emanuelle Carvalho e Dalisson Markel

Foto: Dalisson Markel

É chegada a época tão esperada pelos admiradores da cultura Nordestina, dos forrozeiros que arrastam a chinela ao som daquele tradicional trio de forró autêntico. O Nordeste e o seu povo é traduzido de forma singular, encantadora e genuína nas letras de músicas recheadas de pura poesia.

Além das comidas típicas, do forró pé de serra e das quadrilhas, os festejos juninos são facilmente identificados pelas bandeirinhas, pelos balões, os fogos de artifício e também pelo colorido, com destaque para as cores vermelha, amarela e azul. Utilizados para enfeitar os arraiás e abrilhantar ainda mais a festa.

Esses e outros símbolos tradicionais trazem consigo significados e misticismos bem peculiares e muitos deles são de origem francesa, portuguesa, greco-romana e chegaram ao Brasil através dos colonizadores e adaptadas aos costumes daqui.

Foto: Emanuelle Carvalho

Tradicionalmente as fogueiras ganham espaço nos dias de São João e São Pedro, e trazem como significado a proteção contra os maus espíritos, e como sinal de agradecimento aos santos. Para a Igreja Católica representa a anunciação do nascimento de São João Batista. O uso de fogueiras é ilegal em alguns lugares do Brasil, porém em cidades interioranas não é raro vê-las espalhadas pelas ruas. Mas nem por isso ela deixa de estar presente no cenário junino, seja em adesivos, em papelões ou através de pinturas. Já os fogos de artifício seriam os responsáveis por espantar os maus olhados. Os tradicionais balões serviam para anunciar o início dos festejos.

As bandeirolas surgiram porque os católicos costumavam fazer o ritual da lavagem dos santos, onde os homenageados de Junho – Santo Antônio, São João e São Pedro- tinham suas imagens pregadas em bandeiras coloridas que eram imersas em água. Acreditando-se de que purificaria a água e a quem dela se molhasse. Com o passar do tempo essas bandeirolas foram sendo substituídas por bandeiras menores e mais coloridas, mas ainda trazendo o significado de purificar o ambiente da festa. Outra curiosidade pouco conhecida é a diferença entre os formatos dessas bandeirinhas, é comum a vermos em dois tipos: um em forma da letra M e outro em forma da letra V. A primeira representa as festas cristãs e a segunda, a festa pagã.

Uma das manifestações mais características do São João são as quadrilhas juninas. Há registros que essa dança se iniciou na Normandia e Inglaterra. O nome vem do francês quadrille, que já é inspirado no termo italiano squadro, que significa uma companhia de soldados dispostos em quadrado. Chegou ao Brasil pela família real portuguesa. No início da República, começou a ser praticada pelas classes  populares, especialmente nas áreas rurais.

Foto: Dalisson Markel

As modificações foram acontecendo e surgiu a encenação do casamento matuto. Com a popularização, foram introduzidos instrumentos como sanfona, triângulo e zabumba. Os nomes ditos em francês en anarriè (atrás) virou anarriê, en avant, tout passou a ser anavantur (ir adiante), entre outros. E essas tradições vão se reinventando conforme seu povo. A quadrilha há muito já vem sendo ampliada, atualmente temos as quadrilhas matutas, estilizadas ou recriadas. Passou a existir competições e com isso os trajes passaram a ser mais elaborados e luxosos. Há também as quadrilhas recriadas  onde a caracterização é feita a partir de um tema específico.

Esses são alguns dos artefatos que ganham espaço e colorem as ruas das cidades durante o período junino. A simbologia presente em cada objeto, a adaptação e a junção de costumes de outras culturas se unem em um único festejo, o São João.

Confira um infográfico sobre esses símbolos clicando aqui. 

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