Ruas interditadas e uma grande movimentação de pessoas com trajes juninos, logo os olhares de quem passa se voltam para uma área tomada por um clima de alegria coletiva. A festa ocorre bem ao lado da igreja. As barracas – fartas de comidas de milho, churrasco, pipoca, algodão doce, bem como de criatividade na ornamentação- chamam a atenção dos fregueses e compõem um cenário típico das antigas festas juninas. Com toda a tradicionalidade de tempos passados, as quermesses se consolidam em época de convidativas festas que reúnem multidões de pessoas. O público, que vai de crianças até idosos, se diverte cada um a sua forma. E se depender do envolvimento dos representantes do EJC (Encontro de Jovens com Cristo) e ECC (Encontro de Casais com Cristo) da Paróquia Santo Antônio, no bairro de mesmo nome, a tradição só tende a ser fortalecida. A quermesse é uma realização fixa na agenda da igreja e promove a união de toda comunidade em prol dos festejos.
Mas antes do momento de diversão, o compromisso é com a devoção. Em atitude de agradecimento, os fiéis se unem em preces, cânticos e atos litúrgicos, na missa celebrada pelo Padre Lourido Soares. “Esse é um momento de confraternização entre toda paróquia, nós vamos agradecer a Deus tudo quanto ele operou através da evangelização desse povo. Preparamos com muita alegria esse tríduo festivo, e estamos celebrando e agradecendo pelas bênçãos.”, revela o padre.
As quermesses surgiram para celebrar os padroeiros de cada igreja, porém algumas instituições vem deixando de lado esta realização. A festa, no período da Idade Média, chegou a ser duramente criticada pelos religiosos da época, pois, segundo eles, estavam atentando contra os bons costumes. Tão grande foi a polêmica que, em um dado momento, o Rei da França, Carlos V, proibiu a realização das quermesses, lá em 1931. Contudo, passado este período, as comunidades voltaram a realizar os festejos e o que, outrora, era condenado se tornou um aporte de alegria e solidariedade.
Ao som da boa música junina, promovida por um grupo que se apresenta num palco montado na rua, e envolto do cheiro das inúmeras opções de quitutes, as opções não faltam para o público. E quando o assunto é gasto de calorias, as crianças saem disparadas na frente. Inúmeras camas elásticas montadas na rua atraem a atenção dos pequenos.
Lugar que Dona Marilene de Araújo, 68, ama estar com os seus. “É um ambiente tranquilo que a gente aproveita para juntar a família, vem todo mundo, parente irmão, sobrinho, neto. Além da gente se divertir, participamos. Só que primeiro vem a devoção e, depois, a diversão”, conta. Já a filha de Dona Marinele, Télvia Figueiredo, observa o ambiente das quermesses como um lugar de confraternização e paz. Para ela, deve ocorrer um empenho maior para que a tradição não morra. “Está havendo uma queda [na realização de quermesses], porém, cabe a nós, que somos integrantes das igrejas, fazermos um resgate. Isso é bom, essas reuniões familiares são o que fazem a diferença, pois aqui se reúnem pessoas do bem, que querem se divertir e ainda os recursos se revertem para os custos da igreja e ações beneficentes”, conta.
Nos braços do pai e vestido como manda o figurino da festa, o pequeno Fernando Filho observa, atentamente, um universo de cores e sons na sua frente. O casal, Márcia e Fernando Bezerra, frequentam há vários anos os festejos juninos da paróquia. “A gente se sente bem aqui. Com as famílias, não tem aquele empurra-empurra, aquela bagunça, é um acolhimento que a igreja nos traz”, disse Fernando, que mora há 28 anos no bairro Santo Antônio. “É uma confraternização que toda mundo se encontra, além de tudo, ajudamos a igreja.”, afirma Mária Bezerra.
Entre todo o esforço para manter as tradições culturais vivas, assim como as das quermesses, fica a torcida para que a comunhão seja uma delas em todos os meios.