O Parque do Povo conta com um público diversificado. Em grande parte os visitantes são turistas que, incentivados pela proposta cultural, buscam no Maior São João do Mundo oportunidades de diversão. Já outros são atraídos apenas pela curiosidade de conhecer, pela fama do local. No caso da professora de sociologia e francês Ludmila Oliveira, natural de São Paulo – SP, as duas motivações andavam juntas e agora adquiriram novas sensações.
Ainda com as raízes familiares na Paraíba, Ludmila explica as motivações que a trouxeram esse ano ao quartel general do forró. “Minha família sempre me contava as historias do São João de Campina Grande. Além disso sou formada em ciências sociais, e nas aulas de Antropologia algumas tradições nacionais, como as festas do São João em Campina Grande e Caruaru, me foram apresentadas de uma forma muito interessante e especial. Eu tinha aquela curiosidade plantada em meu coração há anos, mas nunca consegui estar na Paraíba em Junho. Desta vez, estava determinada a conhecer nem que fosse sozinha”. Contou Ludmila.
Antes de pôr os pés no Parque do Povo a educadora imaginava um espaço grande, porém caótico, e com entradas pagas. O Repórter Junino acompanhou Ludmila durante uma noite de festa e visitação por cada canto do PP, e registrou todos os seus momentos de alegria e satisfação. A princípio a turista se surpreendeu com o fato da festa ser gratuita, possuir uma estrutura para diferentes públicos e classes sociais, além de ter cenários bem organizados e muitas cores. Também lhe chamou atenção espírito junino e o acolhimento do povo paraibano, que segundo ela, são características que diferenciam e valorizam o Maior São João do mundo em relação as comemorações juninas de outras localidades.
A paulistana nunca havia assistido pessoalmente a uma quadrilha junina e, por sorte, visitou o PP em um dos dias do 19º concurso de quadrilhas juninas de Campina Grande – PB. Ao acompanhar a apresentação do grupo “Mistura Gostosa” Ludmila mostrava- em seu rosto um sorriso de satisfação e alegria por presenciar o momento, corria o olhar em cada detalhe do espaço, figurino, dançarinos. Ela aplaudia cada pausa da quadrilha, prática de grande valia que muitos a fazem apenas no final da apresentação.
“Me emocionei com a teatralidade, a poesia e o Cordel adaptado às situações tão reais e tão poéticas do povo nordestino… Temos a cultura de super valorizar o que é internacional e esquecemos das nossas riquezas populares. Senti uma conexão profunda com minha brasilidade e minhas origens paraibanas.” Pontuou Ludmila
Após a emoção de assistir ao vivo uma apresentação de quadrilha junina pela primeira vez, a turista conheceu ainda as ilhas de forró, participou de diversas brincadeiras oferecidas por empresas patrocinadoras do evento e visitou os lugares alternativos que o PP também oferece. “Não imaginaria que haveria outra coisa que não fosse a música junina. Ouvi forró, pop, funk, rock… Não esperava, mas adorei!” Disse a visitante após conhecer o espaço do Tenebra que adota uma trilha sonora com diversos estilos musicais.
Ao ser questionada se acredita que a cultura popular poderá um dia se perder, a pesquisadora desabafa. “Vivemos dias difíceis em termos de luta pelo fortalecimento da educação de qualidade e da manutenção de nossas práticas culturais populares. Iniciativas como a festa do PP, o museu de história viva da Paraíba, precisam ganhar destaque e incentivos de todas as formas. Cada um de nós tem um papel importante em divulgar as riquezas populares de seu lugar, se conseguiremos manter as tradições, não saberia dizer”.
A paulistana reside há três meses na cidade de Curitiba-PR e revela que ainda não conseguiu se acostumar, tanto pelo clima quanto por sentir-se só. Ficar longe de pessoas queridas e da família, e a necessidade de conhecer os laços culturais do seu povo fez com que ela aproveitasse ainda mais aquele momento de festa junina e decidisse tentar ao máximo não demorar a voltar. Afinal de contas, as impressões sobre o PP agora são outras. “É um lugar especial, a ser revisitado e promovido. Da minha parte, vou difundir muito, para que outras pessoas possam conhecer o que eu conheci.” Finaliza a nova forrozeira.