Repórter Junino entrevista o cantor Amazan

Campina Grande, 13 de junho de 2009

Apaixonado pela Literatura de Cordel desde criança, Amazam conseguiu através da música e de seus livros retratar muito de sua vivência nesse período, fazendo de sua arte um meio para difundir e valorizar a cultura do povo nordestino. O artista que em 2009 faz vinte anos de estrada, falou ao Repórter Junino, sobre a vida artística, influências, negócios e os planos para o futuro.
  

RJ – Este ano você completa vinte anos de estrada. Como você avalia todos esses anos de trajetória artística?

Amazan: Eu avalio de forma muito positiva, porque nesses 20 anos de carreira, graças a Deus conseguimos gravar mais de um trabalho por ano, são 27 discos, com algumas coletâneas, dois discos ao vivo. Também tiveram dois DVDs, três livros de poesias e muito reconhecimento do público. Então nos sentimos realizados nesses vinte anos de chão.

 

RJ – Antes de seguir carreira solo você foi integrante de dois grupo de forró, Os Três do Forró e o Festejo Nordestino. Por que a decisão em seguir cantando sozinho?

Amazan: Eu comecei a perceber que eu tinha um talento individual. No início eu trabalhava com os Tropeiros da Borborema e dentro do grupo formamos outros trios, o trio Os Três do Forró e depois o grupo Festejo Nordestino. Então eu via que quando cantava sozinho e fazia esse improviso que faço, destacava- me muito. Então em 1989 decidi gravar meu disco solo e graças a Deus deu certo demais.

 

RJ – Quando criança você ouvia canções muitos significativas para a região nordeste. Isso influenciou na sua vida artística? Quais foram suas maiores inspirações?

Amazan – Não tenha dúvida que influenciou. Eu ouvia muito Trio Nordestino e os Três do Nordeste, estes eram os maiores influentes. Messias Holanda, também. Depois comecei a conhecer o trabalho de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Mas inicialmente foram os Três do Nordeste e o Trio Nordestino. 

 

RJ – Em algumas de suas composições você conta de forma divertida o cotidiano do povo nordestino, a exemplo das músicas Benedita aparecida e marido DVD. De onde vem tanta inspiração para esse tipo de composições?

Amazan – Algumas músicas não são de minha de minha autoria como o caso de Benedita aparecida. Pesquiso muito e essa canção, por exemplo, é de um violeiro lá de Sergipe. E como sou do meio da cantoria de viola, venho descobrindo muita coisa. Mas também eu componho como é o caso de marido DVD. Eu escutei alguém falar, “deita, vira e dorme” e pensei isso da música, então não deu outra, deu música realmente.

 

RJ– Atualmente com a internet e o dowland de músicas através desse meio, muitas pessoas têm deixado de comprar CDs. Em sua opinião, isso prejudica o artista ou é apenas mais um meio de divulgação de seu trabalho?

Amazan – É mais uma divulgação. Perdemos por um lado porque deixamos de faturar com a venda de discos, mas por outro lado ganhamos com a divulgação. Passamos a ser mais conhecidos, termos mais oportunidade de chegar a outros meios, em outras regiões do Brasil e até em outros países através da internet. E assim massificar a nossa história.

 

RJ – Você já escreveu três livros, Palavra de Nordestino, Nordeste em Carne e Osso e HumoRimado. Como nasceu a paixão pela literatura e a vontade de publicar livros?

Amazan – Essa paixão pela literatura surgiu do Cordel, pois ele antigamente era o jornal do matuto, era a TV, o filme e a novela. E como esses livros faziam muito sucesso no meio onde eu vivia, inspirado neles comecei a escrever aos doze anos de idade.

 

RJ – Qual sua opinião sobre essas músicas de duplo sentido que muitas bandas de forró têm gravado atualmente? Esse tipo de forró se desvia do autêntico ritmo nordestino?

Amazan – Duplo sentido absolutamente não, pois músicas assim sempre existiram. Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino gravavam duplo sentido. Por exemplo… (Cantando) “Já faz tempo, muito tempo não lhe vejo, o meu desejo era rever sua pessoa, estou feliz porque você tá boa, você tá boa…” Trio Nordestino tem músicas de duplo sentido inteligente. Eu acho bonito o duplo sentido desde que seja inteligente. Agora o que eu não gosto é quando é “direto”, deixando de ser duplo sentido.

 

RJ – Para você o que representou ser contemplado com o Troféu Gonzagão?

Amazan – Eu me senti muito importante e reconhecido acima de tudo, porque ser escolhido no meio de tantos bons artistas da música nordestina é muito significativo.

 

RJ – De onde surgiu a idéia de instalar uma fábrica de sanfona em Campina Grande?

Amazan – Da necessidade que o Brasil sempre teve em fabricar instrumentos de qualidade, pois o país só fabricava instrumentos de segunda linha que não satisfaziam os músicos mais exigentes. Vendo essa necessidade, os artistas nas mãos dos países estrangeiros, importando instrumentos caríssimos, resolvi então construir a fabrica, fui buscar tecnologia lá fora e graças a Deus a marca se firmou e atualmente é um dos melhores instrumentos do mundo. Estamos a cada ano ampliando nossa produção. Já vendemos mais barato do que a sanfona importada, atingindo assim a nossa meta. Ainda não podemos vender ao preço que gostaríamos, mas estamos trabalhando para baixá-lo ainda mais, tornando assim a sanfona um instrumento mais acessível.
    

RJ – Quais os planos para o futuro?

Amazan – Este ano nós lançamos o livro com a compilação de toda a nossa obra e o CD vinte anos de chão. Pretendemos lançar no segundo semestre uma coletânea com os maiores sucessos desses vinte anos e estamos produzindo um documentário sobre nossa Turner no período de São João para ser lançado ainda este ano. Estamos pensando em gravar também um DVD com poemas, pois já temos três discos com poesias matutas e as pessoas estão cobrando muito esse DVD. 

 

 

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